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Capital

Defesa da mãe de Sophia ganha reforço e tenta de novo separar julgamento

Advogados de Stephanie de Jesus alegam que defesas são conflitantes e é melhor evitar confusão em júri

Por Anahi Zurutuza | 01/10/2024 14:17
Stephanie de Jesus da Silva é escoltada até audiência realizada em maio de 2023 (Foto: Campo Grande News/Arquivo)
Stephanie de Jesus da Silva é escoltada até audiência realizada em maio de 2023 (Foto: Campo Grande News/Arquivo)

Faltando pouco mais de um mês para o julgamento, advogados de Stephanie de Jesus da Silva, 25, acusada de não impedir que a filha fosse espancada até a morte pelo padrasto, tentam novamente fazer com que a ré encare júri popular longe de Christian Campoçano Leitheim, 27. Reforçado, o time que defende a mãe da menina Sophia, morta aos 2 anos e 7 meses, quer convencer juiz que a ré merece ser julgada separadamente porque as linhas de defesa são conflitantes.

“Os réus possuem defesas colidentes”, argumentam Camila Garcia de Rezende, Katiussa do Prado Jara e Herika Cristina dos Santos Ratto, que agora contam com o advogado Alex Viana de Melo na equipe, e completam: “para evitar tumultos, é imprescindível a separação do julgamento”.

“O dispêndio financeiro do erário público com julgamento que pode não ocorrer ou pode ser anulado impõe o bom senso de se evitar qualquer chance de nulidade”, também alegam os advogados, trazendo como exemplo caso com três réus que foi desmembrado no ano passado por “conflito de defesa”.

Na mesma manifestação, a defesa de Stephanie toma providências para resguardar a imagem da cliente diante do júri popular, requerendo que ela não entre algemada no plenário do Tribunal do Júri e que possa usar roupas comuns, sem a obrigatoriedade de estar com o uniforme da penitenciária.

Quase 11 meses depois da morte da menina Sophia, o juiz Aluízio Pereira dos Santos, da 2ª Vara do Tribunal do Júri de Campo Grande, entendeu, em dezembro do ano passado, haver indícios suficientes para levar o padrasto da garotinha e a mãe dela a júri popular, ambos pela acusação de matar a criança.

As defesas recorreram da sentença de pronúncia e os recursos ainda estavam pendentes de julgamento no TJMS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul) quando as advogadas de Stephanie protocolaram o pedido de desistência. O objetivo já era garantir que a cliente fosse julgada separadamente, mas numa manobra para impedir o desmembramento do processo, advogados de Christian Leitheim também desistiram de questionar a decisão de Pereira dos Santos.

Homologadas as desistências de recursos pelo tribunal, o juiz marcou o júri para o início de outubro, e depois adiou o julgamento para os dias 27 e 28 de novembro a pedido do Ministério Público. A defesa de Stephanie também alega que não estará completa no fim do próximo mês “devido a um compromisso previamente agendado”, sem explicar qual.

Sophia em dia feliz com os pais e depois, aparentemente abatida, na noite anterior à morte (Fotos: Reprodução das redes sociais e relatório de investigação do Gaeco)
Sophia em dia feliz com os pais e depois, aparentemente abatida, na noite anterior à morte (Fotos: Reprodução das redes sociais e relatório de investigação do Gaeco)

A acusação – Na tarde do dia 26 de janeiro de 2023, Sophia deu entrada na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) do Bairro Coronel Antonino, no norte de Campo Grande, já sem vida. Inicialmente, a mãe, Stephanie, que foi até lá sozinha com a garota nos braços, sustentou versão de que ela havia passado mal, mas investigação médica encontrou lesões pelo corpo, além de constatar que a morte havia ocorrido cerca de quatro horas antes da chegada ao local.

O atestado de óbito apontou que a menininha morreu por sofrer trauma raquimedular na coluna cervical (nuca) e hemotórax bilateral (hemorragia e acúmulo de sangue entre os pulmões e a parede torácica). Exame necroscópico também mostrou que a criança sofria agressões há algum tempo e tinha ruptura cicatrizada do hímen – sinal de que sofreu violência sexual.

Para a investigação policial e o MP, a menina foi espancada até a morte pelo padrasto, depois de uma vida recebendo “castigos” físicos.

O padrasto será julgado por homicídio qualificado por motivo fútil, meio cruel e praticado contra menor de 14 anos. Ainda responderá por estupro de vulnerável. Já a mãe será julgada por homicídio doloso por omissão.

Versões – Stephanie alega que não viu Christian batendo em Sophia, mas atribui a morte da filha ao ex-companheiro. “Quando eu saí, ele já estava com ela no colo, desacordada. Ele deitou ela [sic] no colchão e fez massagem cardíaca, respiração boca a boca nela. Mas, eu estava tão desesperada que eu não sabia o que fazer, que eu não me toquei na hora o que estava acontecendo”, relatou no dia 5 de dezembro.

Já Christian alega que dormiu o dia todo sob efeito de drogas e álcool. Disse que foi despertado pela mulher. “Quem me acordou foi a Stephanie falando que a Sophia não estava bem. Quando eu vi, ela já estava com a boca roxa e convulsionando”.

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