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Capital

Justiça concede liberdade a preso em GO por execução de garagista em MS

Kelison Kauan foi preso em fevereiro, por ordem de mandado de prisão expedido em MS

Silvia Frias | 27/06/2023 10:42
Carlos Reis Medeiros de Jesus foi morto aos 53 anos, em novembro de 2021 e corpo nunca foi encontrado. (Foto/Arquivo)
Carlos Reis Medeiros de Jesus foi morto aos 53 anos, em novembro de 2021 e corpo nunca foi encontrado. (Foto/Arquivo)

A Justiça em Campo Grande concedeu liberdade provisória a Kelison Kauan da Silva, 23 anos, o “Jamaica”, um dos acusados pela morte do garagista Carlos Reis Medeiros de Jesus, o “Alma”. Ele estava preso desde fevereiro na Casa de Prisão Provisória de Aparecida de Goiânia (GO), após ter sumido de MS.

“Jamaica” foi preso no dia 7 de fevereiro deste ano, em cumprimento a mandado expedido pela Justiça de Campo Grande, depois de não comparecer na primeira audiência do caso, dias antes.

Desde que foi preso em Goiânia, havia pedido de transferência em tramitação, sendo que, em junho, a 1ª Vara de Execução Penal autorizou que ele fosse trazido de Aparecida de Goiânia para Campo Grande.

Neste período, a defesa entrou com pedido de revogação da prisão preventiva dele e de outro acusado, Vítor Hugo de Oliveira Afonso, o “Primo”. O MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) avaliou que somente Jamaica poderia ser beneficiado com liberdade, mediante aplicação de medidas cautelares.

No dia 23 de junho, o juiz da 2ª Vara do Tribunal do Júri, Aluizio Pereira dos Santos, negou liberdade a Vitor Hugo, mas concedeu a Jamaica. “O acusado Vitor Hugo registra outras incidências criminais, inclusive por crime de homicídio, tráfico de drogas, etc., sendo por isso necessária a manutenção de sua prisão preventiva (...). No caso de Kelison Kauan, pesou a favor as condições pessoais e por ter confessado o crime, detalhando como ocorreu.

Porém, o juiz determinou medidas cautelares: o acusado deve recolher-se à noite e aos finais de semana, das 20h às 6h, podendo sair para atividades habituais, como trabalho, além de estar proibido de se ausentar de Campo Grande sem autorização judicial. Entre a prisão e a expedição de alvará, foram 127 dias de detenção oficial, fora os dias de trâmite burocrático até que o ofício fosse cumprido naquele Estado.

Prisões - Durante a investigação que começou depois do desaparecimento de Carlos Reis, Jamaica teve a prisão temporária decretada e chegou a ser colocado atrás das grades no começo de 2022, mas não revelou nada sobre o crime e conseguiu liberdade.

Em agosto, voltou a ser preso, desta vez por tráfico de drogas, em Pedro Juan Caballero, na região de fronteira. Foi então que Kelison resolveu contar detalhes da execução, que aconteceu em uma oficina no Bairro Aero Rancho, na Capital.

Jamaica revelou como tudo aconteceu e afirmou que chegou a limpar o local, mas garante que não participou do crime. Com a confissão, conseguiu liberdade mais uma vez e acabou sumindo de MS, até ser preso em Goiás.

Morte - Carlos Reis de Medeiros era garagista, conhecido como “Alma”, desapareceu no dia 30 de novembro de 2021 e o corpo nunca foi encontrado. Em fevereiro de 2023, a DEH (Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes de Homicídio) encerrou o inquérito com indiciamento por homicídio triplamente qualificado, sendo motivo torpe, sem chance de defesa da vítima e emprego de meio cruel.

A investigação apurou que “Alma” foi assassinado por vingança, em um acerto de contas comandado por Thiago Gabriel Martins da Silva, o “Thiaguinho do PCC”. Ele é filho de José Venceslau Alves da Silva, o “Celau”, agiota que tinha negócios com o garagista.

Em um áudio obtido pela polícia, “Alma” teria revelado ter "despejado bastante dinheiro desse velho na praça", se referindo a "Celau", que morreu em 2020. Thiago Gabriel esteve preso por homicídio, progrediu para regime aberto e passou a cobrar do agiota o valor emprestado a juros, que seria de Celau e que por "herança" teria direito. Sem retorno, planejou recuperar o montante de outra maneira.

O acerto do dinheiro foi usado como isca para atrair Alma até a oficina, na data da morte. Conforme a investigação, estava sentado em uma cadeira, quando levou golpes de faca no pescoço dados por Vitor. Thiaguinho disfarçava contando o dinheiro, mas se levantou e disparou três vezes contra a vítima.

Thiaguinho mandou Kelison limpar o local e comprar uma lona. Em seguida, o corpo foi colocado no porta-malas de Chevrolet Classic, para onde foi levado em local incerto. Câmeras de segurança mostraram Kelison saindo do local e voltando com uma sacola nas mãos. Também flagraram Thiaguinho no banco do passageiro do Classic, deixando a oficina na data da morte - uma tatuagem no pescoço dele ajudou na identificação, enquanto Vitor Hugo dirigia o carro.

Após o crime, alguns carros foram retirados da oficina do garagista, o que foi flagrado pela esposa dele naquela noite. Ela estranhou e foi então que decidiu procurar a polícia para informar o desaparecimento do marido.

No despacho do juiz que determinou a soltura de Jamaica, também foi pedida que a Polícia Civil encaminhe o laudo pericial de vínculo genético realizado no sangue encontrado no automóvel utilizado pelos acusados para transportar o corpo da vítima.

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