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Capital

Sem corpo, mas com certeza da morte, Josiane prepara culto a marido assassinado

Polícia Civil indiciou 3 homens pela morte de Carlos Reis de Medeiros, o "Alma", desaparecido há um ano

Silvia Frias | 14/11/2022 09:18
Carlos Reis de Medeiros, o "Alma", foi considerado morto após desaparecimento. (Foto/Reprodução)
Carlos Reis de Medeiros, o "Alma", foi considerado morto após desaparecimento. (Foto/Reprodução)

Um ano depois do desaparecimento do marido, Josiane da Silva Medeiros, 44 anos, recebeu com tristeza, mas não com surpresa, a notícia do indiciamento de três homens pelo homicídio qualificado contra Carlos Reis de Medeiros, 53 anos. “Já não tinha mais esperança, eu não acreditava que ele estava vivo, sabia que estava morto”, disse.

Embora resignada, não deixou de sentir o baque. “Fiquei abalada, foi muito ruim, é muito triste”, disse. Agora, ela quer que o ciclo se feche. “Agora só peço a Deus Justiça: quem tá foragido, seja preso, quem tá preso, seja condenado”, disse Josiane.

Carlos Reis de Medeiros era garagista conhecido como “Alma” e desapareceu no dia 30 de novembro. No último dia 11, a DEH (Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes de Homicídio) encerrou o inquérito com indiciamento por homicídio triplamente qualificado, sendo motivo torpe, sem chance de defesa da vítima e emprego de meio cruel.

A investigação apurou que “Alma” foi assassinado por vingança, em um acerto de contas comandado por Thiago Gabriel Martins da Silva, o “Thiaguinho do PCC”. Ele é filho de José Venceslau Alves da Silva, o “Celau”, agiota que tinha negócios com o garagista.

Em um áudio obtido pela polícia, “Alma” teria revelado ter "despejado bastante dinheiro desse velho na praça", se referindo a "Celau", que morreu em 2020. Thiago Gabriel esteve preso por homicídio, progrediu para regime aberto e passou a cobrar do agiota o valor emprestado a juros, que seria de Celau e que por "herança" teria direito. Sem retorno, planejou recuperar o montante de outra maneira.

O garagista foi atraído até a oficina de Thiago Gabriel, morreu com três tiros e teve corpo esquartejado com ajuda de dois funcionários. “Thiaguinho do PCC” teria ameaçado a todos, dizendo que quem abrisse a boca teria o mesmo fim.

O corpo do marido de Josiane nunca foi encontrado. Os dois homens presos, também indiciados, nunca apontaram onde os restos mortais teriam sido levados.

Sem corpo, mas com a certeza da morte, Josiane diz que deve realizar um culto no fim deste mês, quando se completa um ano do desaparecimento dele. A homenagem ainda está sendo discutida com os filhos de “Alma”. Além dos cinco de outros relacionamentos, ele teve casal de filhos com ela, hoje com 15 e 5 anos. “A menina sofre demais, muito mesmo e não entende o que aconteceu”.

A família tenta retomar a vida. Em fevereiro de 2022, Josiane entrou com ação declaratória de ausência com pedido de arrecadação de bens, justamente para que o desaparecimento de Reis fosse oficializado para que eles pudessem administrar os bens. O pedido foi deferido pela 5ª Vara de Família e Sucessões em março.

Além disso, a família também aguarda ansiosamente pela prisão de “Thiaguinho do PCC”, considerado mentor do crime e ainda foragido. “Entreguei na mão de Deus, é o mínimo que pedimos, Justiça”.

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