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Capital

"Como burlar luminol", pesquisou assassino após matar "Alma" em oficina

Nesta terça aconteceu a 1ª audiência do caso; três homens foram indiciados, mas corpo nunca foi encontrado

Dayene Paz e Ana Beatriz Rodrigues | 07/02/2023 17:44
Carlos está desaparecido desde o dia 30 de novembro de 2021. (Foto: Arquivo Familiar)
Carlos está desaparecido desde o dia 30 de novembro de 2021. (Foto: Arquivo Familiar)

Com três indiciados por homicídio qualificado, a Justiça começou a ouvir nesta terça-feira (7) testemunhas do caso do garagista Carlos Reis Medeiros de Jesus, o "Alma". Na audiência, investigadores revelaram detalhes do desaparecimento até a morte do garagista em uma oficina do Bairro Aero Rancho. "Tinha pesquisado como burlar luminol", disse um policial sobre o que foi encontrado no celular de um dos suspeitos do crime.

Alma desapareceu em 30 de novembro de 2021, em Campo Grande, e o corpo nunca foi encontrado. Desde a data do sumiço, o caso virou uma incógnita, desvendada em investigação da DEH (Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes de Homicídio), que chegou a três homens como autores do crime.

Thiago Gabriel Martins da Silva, conhecido como "Thiaguinho PCC" ou "Especialista" (filho de José Venceslau Alves da Silva, ou "Celau", homem com extensa ficha criminal e que tinha negócios com o garagista), Vitor Hugo de Oliveira Afonso, e Kellisson Kauan da Silva. Os três foram indiciados pela polícia no fim do ano passado e apenas Vitor está preso.

Também em dezembro a investigação chegou ao Corsa Classic, cor prata, utilizado para levar o corpo de Carlos Reis ao local onde foi desovado, ainda desconhecido pelas autoridades. Há vestígios que um corpo foi levado no veículo e a polícia aguarda laudos que coincidam com DNA da vítima.

Contudo, para a polícia, a autoria do trio é certa e, inclusive, o crime foi confessado por Kelison, quando preso durante a investigação. Ele afirmou que sabia do plano e presenciou a morte de Carlos no escritório da oficina no Aero Rancho.

Na audiência, os investigadores confirmaram que o garagista emprestava dinheiro a juros e que fazia negócios com o trio. A apuração policial também aponta que Alma tinha negócios com "Tio Arantes", um dos líderes do PCC em Mato Grosso do Sul e da maior rebelião que o Presídio de Segurança Máxima de Campo Grande já teve.

Morte - Toda a trama, em resumo, envolveu alta quantia em dinheiro. O que foi usado como isca para atrair Alma até a oficina na data da morte. Ele foi fazer um "acerto" com Thiaguinho PCC e estava sentado em uma cadeira, quando levou golpes de faca no pescoço dados por Vitor. Thiaguinho disfarçava contando o dinheiro, mas se levantou e disparou três vezes contra a vítima.

Thiaguinho mandou que Kelisson limpasse o local e comprasse uma lona. Em seguida colocaram o corpo no porta-malas do Classic, para onde foi levado em local incerto. Câmeras de segurança mostram Kelisson saindo do local e voltando com uma sacola nas mãos. Também mostraram Thiaguinho no banco do passageiro do Classic, deixando a oficina na data da morte - uma tatuagem no pescoço dele ajudou na identificação. Vitor Hugo dirigia o carro.

Após o crime, alguns carros foram retirados da oficina do garagista, o que foi flagrado pela esposa dele naquela noite. Ela estranhou e foi então que decidiu procurar a polícia.

Depois da execução, Thiaguinho pesquisou na internet, pelo celular, como "burlar luminol". O que foi confirmado pela perícia no aparelho. Quando a polícia esteve na oficina, o local foi totalmente quebrado, até o contrapiso. Em seguida, massa de cimento foi colocada em cima, o que dificultou o trabalho pericial.

Na audiência, a esposa e filha da vítima também foram ouvidas. A esposa confirmou a relação de Alma com Thiaguinho e Vitor Hugo - este último que devia R$ 60 mil ao garagista. Thiaguinho também devia uma quantia, mas a mulher afirma não saber qual.

Ela acredita que o marido foi marcado para morrer após não autorizar a execução de um devedor, o "Alemão". "Teve uma reunião para acertar a cabeça do Alemão e viriam dois irmãos de SP para matar. Acho que eles queriam quitar a dívida e ganhariam dinheiro de Alma para matar o Alemão. Mas o Carlos não autorizou a execução e por isso que a cabeça dele foi pra jogo", afirmou.

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