Justiça libera Ferrari apreendida em operação contra máfia e tráfico
Empresário de Minas Gerais se apresentou à Justiça Federal de Campo Grande como verdadeiro dono do veículo
A Justiça Federal liberou a Ferrari amarela aprendida na operação Laços de Família, realizada pela PF (Polícia Federal) contra família apontada por agir como “máfia” e manter ligação comercial com a facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) no tráfico de maconha. O grupo era liderado por um policial militar.
O carro de luxo - modelo F-430, fabricado em 2006 e avaliado em mais de R$ 500 mil – aparece em fotografias no Facebook de alvos da operação. Porém, um empresário de Minas Gerais se apresentou à Justiça Federal de Campo Grande como verdadeiro dono do veículo. Na condição de terceiro de boa-fé, ele anexo documentos informando que a compra foi efetivada em 13 de julho de 2015.
Ele também informou que o valor real pago foi de R$ 400 mil, enquanto o total oficial da transação foi registrado em R$ 300 mil. O pedido teria partido do vendedor da Ferrari e foi motivado por “fins tributários”. Também consta informação que o dono do carro no papel era de uma pessoa (a filha de um empresário de Minas Gerais), mas de fato, era de outra (um proprietário de autopeças em Curitiba).
Sobre a divergência no valor de avaliação do modelo, que alcança até R$ 589 mil no mercado, o empresário de Minas Gerais detalhou os motivos: o antigo proprietário não conseguia pagar as prestações, as rodas não eram originais, tinha sinal de batida no para-lama esquerdo e impostos em atraso.
Apesar do alto valor do carro de luxo, o empresário pediu, inicialmente, a Justiça Gratuita, mas não obteve sucesso no seu intento. No dia 20 de agosto, o juiz Ney Gustavo Paes de Andrade, atuando em substituição legal na 3ª Vara da Justiça Federal de Campo Grande, deferiu o levantamento do sequestro e do bloqueio do bem. O magistrado destaca que o veículo, na data da apreensão, não estava em poder de nenhum dos investigados. A decisão não aborda o valor registrado a menor para “fins tributários”.
Em sua manifestação, o MPF (Ministério Público Federal) ressalta que o empresário “ao que parece, é um aficionado por carro esportivo, o que deve explicar o motivo de comprometer parcela considerável de sua renda na compra do bem”.
Laços de Família - De acordo com as investigações da Polícia Federal, o policial militar Silvio César Molina Azevedo liderava um grupo que atuava com características de máfia em Mundo Novo, a 476 km de Campo Grande, e tinha relações comerciais com o PCC.
Foram identificados vários núcleos, como o familiar, que era liderado pelo policial; o operacional e apoio logístico, integrados por gerentes; e os “correrias”, definição para quem presta toda a sorte de serviços (motorista, segurança pessoal de membros do grupo).
Durante a investigação, a Polícia Federal apreendeu R$ 317.498,16, joias avaliadas em R$ 81.334,25, duas pistolas, 27 toneladas de maconha, duas caminhonetes e 11 veículos de transporte de carga. A operação foi realizada em junho de 2018.