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Capital

Laudo atesta que assassino de Mayara tinha consciencia dos fatos, diz perita

Segundo perita Luís Alberto tinha plena consciência do crime, que aconteceu em julho do ano passado em um motel de Campo Grande

Geisy Garnes | 22/08/2018 15:03
Luís Alberto Bastos Barbosa durante última audiência do caso (Foto: Paulo Francis)
Luís Alberto Bastos Barbosa durante última audiência do caso (Foto: Paulo Francis)

A perita responsável pelo laudo que, segundo o Tribunal de Justiça, considerou Luís Alberto Bastos Barbosa - assassino confesso da musicista Mayara Amaral - semi-imputável, desmentiu a informação e defendeu que em momento algum o réu foi tratado como psicótico tampouco 'semi-imputável". Ao Campo Grande News, a psiquiatra Maria Teodorowic defendeu que em momento nenhum citou o termo psicótico no laudo entregue ao juiz Aluízio Pereira dos Santos, da 2ª Vara do Tribunal do Júri. “Ele é uma pessoa normal. Em momento algum falei que ele é psicótico”, detalhou.

A defesa pediu o exame de insanidade com o objetivo de tentar uma redução da pena de Luiz Alberto, possibilidade existente, caso ele fosse considerado semi-imputável, como prevê o artigo 26 do Código Penal. Esse artigo possibilitaria a redução de pena em virtude de "perturbação de saúde mental".

Sem dar detalhes do laudo, que está sob sigilo, a médica ressalta que Luís Alberto tinha plena consciência do crime, mas que por conta do uso excessivo de álcool perdeu a crítica sobre a própria ação. “A determinação estava um pouco diminuída, mas ele tinha total consciência do crime”.

“Em momento algum falei que ele era psicótico. Eu sempre coloco, está claro, que ele tem sua capacidade de entendimento totalmente preservada, como qualquer outra pessoa. O que aconteceu é que com o uso de drogas ele perdeu a crítica e com essa crítica geralmente você não teria matado, mas decorrente do tipo de personalidade, mata”, explicou.

A médica defende ainda que Luís não é tratado como semi-imputável no laudo, baseado em duas horas de entrevista, e que esse entendimento é exclusivamente do juiz. “Em momento algum eu falei perigo de imputabilidade, nem nada disso”.

Nas 22 páginas entregues ao juiz, fica comprovado ainda que para o réu, o crime aconteceu em resposta a uma ação de Mayara. “Sabe aquela pessoa que diz eu te matei, mas você merecia? A culpa é dela”.

Com a conclusão do laudo, o juiz vai abre prazo para as alegações finais da acusação e defesa e depois decide se o réu será levado a júri popular ou não.

Mayara foi morta em julho do ano passado (Foto: Reprodução)
Mayara foi morta em julho do ano passado (Foto: Reprodução)

Depoimento - Luís foi ouvido na tarde de quinta-feira (17), na terceira audiência sobre o assassinato da musicista. Diante do juiz, ele lembrou que conheceu Mayara em um bar da cidade, através de amigos e que logo se envolveram no projeto de uma nova banda. Com os ensaios, os dois acabaram se aproximando e tiveram o que o réu chamou de “encontros casuais”.

Segundo Luís, o terceiro encontro entre eles aconteceu na noite em que Mayara morreu. Foi durante uma “briga besta”, regada com muito álcool e uso excessivo de droga. “Eu estava três dias sem dormir, com sintomas de sífilis e na função da droga”, afirmou. “Se eu tivesse consciente, nunca ia fazer uma coisa dessas”.

“Não lembro se foram dois, três ou um, não lembro quantas vezes, só flashes”, afirmou o réu quando o juiz perguntou quantas vezes ele acertou Mayara com o martelo. Luís também alegou não se lembrar o porque atingiu a apenas a cabeça da musicista. “Não queria bater. Só queria assustar”.

O caso – Mayara Amaral, musicista e educadora, tinha 27 anos quando foi brutalmente assassinada, no dia 25 de julho de 2017. A última vez que foi vista estava na companhia de Luis Alberto Bastos Barbosa, em um ensaio, um dos projetos musicais de Mayara.

O destino final da musicista só foi descoberto depois. Seu corpo foi encontrado parcialmente carbonizado na estrada que dá acesso a cachoeira conhecida na Capital como ‘Inferninho’. Mayara foi morta em um quarto de motel. Foi ferida a golpes de martelo e teve o corpo abandonado e incendiado no fim da tarde do mesmo dia.

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