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Capital

Leite, carne e frango são itens mais encontrados com quem furta “para comer”

Em um ano, pelo menos 28 pessoas foram parar na prisão por furtar alimentos em Campo Grande

Anahi Zurutuza | 11/07/2023 15:25
Mulher mostra arroz e feijão, o pouco para alimentar os filhos na favela Cidade de Deus, uma das mais conhecida na Capital (Foto: Marcos Maluf/Arquivo)
Mulher mostra arroz e feijão, o pouco para alimentar os filhos na favela Cidade de Deus, uma das mais conhecida na Capital (Foto: Marcos Maluf/Arquivo)

Leite e derivados, carne e frango são os itens mais encontrados nas mãos de quem foi flagrado furtando alimentos em Campo Grande. Além disso, 100% das mulheres, presas no período de 1 ano e que precisaram ser representadas por um advogado público em audiências de custódia, eram mães. Todas elas foram pegas com leite e proteínas.

Os dados constam em levantamento feito pelo Nucrim (Núcleo Criminal) da Defensoria Pública de Mato Grosso do Sul com os casos atendidos entre 1º de julho de 2022 a 30 de junho de 2023.

Conforme a análise, divulgada nesta terça-feira (11), das 28 pessoas que acabaram na cadeia após serem pegas furtando comida, duas delas reincidiram ao longo deste 1 ano. “Esse tipo de furto é completamente diferente dos casos em que a pessoa se apropria de algo para lucrar. Os dados apontam que essas pessoas flagradas com alimentos furtaram para consumo próprio e de familiares, ou seja, sobrevivência. Vale lembrar que esse número pode ser maior já que esses casos são subnotificados”, destaca o defensor público Daniel de Oliveira Falleiros Calemes, coordenador do Nucrim.

O levantamento mostra ainda que dentre os oito produtos na lista de alimentos furtados, as proteínas aparecem em 17 casos. Depois disso, embutidos (como linguiça) e guloseimas estão entre os mais comuns.

Restinho de frango em panela no fogão de barraco em comunidade na cidade (Foto: Marcos Maluf/Arquivo)
Restinho de frango em panela no fogão de barraco em comunidade na cidade (Foto: Marcos Maluf/Arquivo)

Quem são? - O perfil dos presos também chama a atenção. A maior parte tem entre 31 e 40 anos (pais e mães), se autodenomina parda e têm baixo grau de escolaridade (o que dificulta a inserção no mercado de trabalho formal). Todas as 10 mulheres pegas têm filhos.

Dos 28 autuados em flagrante, 16 sequer havia concluído o Ensino Fundamental, 14 disseram estar desempregados e 22 declararam viver de “bicos”. A vulnerabilidade também fica escancarada em outro detalhe: 8 assistidos pela Defensoria nem documentos tinham.

Em 2022, a mesma análise divulgada pelo Nucrim apontava que 32 pessoas haviam passado por audiência de custódia na Capital por furto de comida.

Homem revira lixo em busca de alimento em rua da região central de Campo Grande (Foto: Henrique Kawaminami/Arquivo)
Homem revira lixo em busca de alimento em rua da região central de Campo Grande (Foto: Henrique Kawaminami/Arquivo)

Fome – Até o ano passado, a fome estava presente em 5% dos lares sul-mato-grossenses – pouco mais de 40 mil domicílios –, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. A insegurança alimentar rondava 37% das famílias em setembro de 2020, última vez que o IBGE fez a sondagem.

Em setembro de 2022, pesquisa divulgada pela Penssan (Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional) mostrava que o problema atingia 266 mil pessoas em Mato Grosso do Sul.

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