Licitação para novo parquímetro se arrasta e comércio reclama
Cobrança para estacionar no Centro foi interrompida em 2022 e prefeitura ainda estuda novo modelo
Se no início o cancelamento dos parquímetros em Campo Grande foi comemorado pelos comerciantes, agora, mais de um ano depois do encerramento do contrato com a antiga empresa que prestava o serviço de cobrança, algumas opiniões mudaram.
Uma nova empresa precisa assumir o estacionamento rotativo, mas apenas quando a prefeitura abrir licitação para a contratação. Conforme a Agereg (Agência Municipal de Regulação dos Serviços Públicos), é preciso um projeto de lei, que passará por avaliação do Conselho Municipal de Desenvolvimento, pela PGM (Procuradoria-Geral do Município) e pela prefeita, Adriane Lopes (PP).
Posteriormente, o texto será fechado e enviado à Câmara Municipal para ser votado pelos vereadores.
O titular da Agereg, Odilon Junior, comentou que o órgão encaminhou para a PGM analisar e editar novo decreto ou lei para iniciar, de fato, a licitação. Entretanto, segundo ele, não há previsão de quando será encerrado. “Não tem um prazo, nós estamos aguardando a posição deles, não posso cobrar porque nós somos hierarquicamente iguais”.
“O objetivo do estacionamento rotativo é oxigenar as vagas, eu entendo que a ausência dele atrapalha um pouco o comércio, principalmente da região central”, declarou Junior.
Há cerca de uma semana, o Campo Grande News questionou a PGM, que informou estar “analisando os aspectos formais e jurídicos da minuta do projeto de lei, conforme determina a legislação”, para retomar o funcionamento dos aparelhos que medem o tempo de estacionamento autorizado em vagas.
Nesta terça-feira (8), a reportagem questionou novamente se há atualização, mas não obteve resposta.
Conforme apurado pela reportagem, havia expectativa de que a Agereg recebesse um parecer da Agetran (Agência Municipal de Trânsito) com uma atualização necessária para o processo andar. Mesmo questionada, a agência também não se manifestou.
Comércio reclama
No início, lojistas elogiavam porque podiam deixar seus carros perto do local de trabalho e clientes agradeciam por não ter mais de pagar para estacionar. Mas agora o "monopólio" das vagas, que deixaram de ser rotativas, mostrou o lado ruim do negócio. Há duas semanas, durante reunião, comerciantes cobraram a prefeita Adriane Lopes para retomar o serviço de cobrança.
A ACICG (Associação Comercial de Campo Grande) chegou a divulgar que elaborava projeto para resolver a falta de estacionamento na região central.
O diretor da entidade, Paulo Matos, afirmou que boa parte dos carros estacionados no Centro pertence aos trabalhadores do comércio. “Muitas vezes, o colaborador não deixa em frente ao comércio onde ele trabalha, mas deixa em outro”, disse sem dar mais detalhes sobre esse estudo em andamento.
O contrato com a Metropark Administradora Ltda, a Flexpark, firmado em 22 de março de 2002, foi encerrado em março de 2022. A empresa cobrava pelo estacionamento no quadrilátero da Avenida Fernando Corrêa da Costa à Avenida Mato Grosso e da Avenida Calógeras à Rua Padre João Crippa. Ao todo, eram 2.458 vagas para veículos nesta área.
Dona de um restaurante na Rua Rui Barbosa, no Centro, Maria Matos, de 54 anos, comenta que os clientes, em geral, não conseguem estacionar na região pela falta de parquímetros, que permitem regular o tempo que cada motorista pode deixar seu veículo em via pública de grande movimento de pessoas.
“Você vai fazer uma compra ou se o cliente quer almoçar, não tem como ficar. [A falta] está prejudicando muito o comércio, o comerciante está chorando sem os parquímetros. Tem que voltar, porque tem que ter horário. Tem cliente que vem almoçar, roda, roda e roda, mas não acha lugar pra estacionar. Aí quando acha, acha longe aí deixa de vir almoçar naquele lugar”.
O empresário Edivaldo dos Santos Chagas Júnior, de 24 anos, acredita que o retorno do serviço poderia proporcionar maior rotatividade de pessoas no Centro. “Se tivesse parquímetro, ia ser um giro de pessoas, então seria bom. Agora, está terrível o movimento, o pessoal não está vindo mais para o Centro”.
Outro fator que torna ainda mais importante a reivindicação, diz, é que o corredor de ônibus da Rui Barbosa impede que todo um lado de uma das principais vias da Capital seja utilizado para estacionar. “Não tem lugar para estacionar, ninguém acha, fizeram um monte de mudança nas ruas”.
A comerciante Rose Monteiro, de 47 anos, também avalia que a falta de parquímetros atrapalha o setor. “Se não tiver estacionamento, a pessoa não para o carro, não vai descer, não pede uma água, não pede o sorvete. Precisa muito de estacionamento, porque o estacionamento ajuda o cliente a parar o carro, descer, visitar a loja e consumir com a gente”.
Parquímetros em Campo Grande
Em 22 de março de 2022, os equipamentos foram desligados do Centro e os motoristas deixaram de pagar para estacionar na região. O serviço foi suspenso 20 anos após a instalação do sistema.
Em janeiro deste ano, o Campo Grande News questionou a Prefeitura sobre a possibilidade da instalação de parquímetros - que motivou até pedido do MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul).
Naquele momento, foi dito que “a licitação em andamento está passando por estudos técnicos preliminares rigorosos, com o objetivo de atingir os principais objetivos da implementação de um estacionamento rotativo: democratizar o acesso às vagas de estacionamento e dinamizar as atividades econômicas da região central".
Em março, em enquete, 77% dos leitores responderam ser contra a cobrança para estacionar na rua. Outros 23% dos participantes acham que parquímetros são necessários para “manter o rodízio das vagas”.
Naquele momento, ao Campo Grande News, a Prefeitura havia informado que a licitação para escolha de uma nova empresa para assumir o serviço de parquímetro estava em fase de modelagem econômico-financeira.
Segundo a Agereg, os valores das tarifas pelos serviços de estacionamento acumulados pelos usuários até 22 de março 2022 ficarão de crédito para serem utilizados assim que a nova empresa assumir a concessão e o serviço voltar a funcionar.
Novo projeto de parquímetros
Conforme noticiado pelo Campo Grande News, as vias públicas de Campo Grande poderão ter 6.209 parquímetros cobrando por vagas de estacionamento rotativo, ainda este ano. Em relação ao número que a Capital já teve, são 4.009 equipamentos a mais.
O aumento é previsto em estudo preliminar coordenado pela Agereg e Agetran, que também estipula em R$ 4,40 o valor da tarifa para utilizar as vagas. "Esse é o valor a que chegamos, mas ele depende de avaliação da prefeita Adriane Lopes", afirmou o presidente da Agereg, Odilon Júnior.
Inicialmente, o estudo cogitava fixar em 6,5 mil o número de parquímetros, conforme noticiado no início deste mês. O número mais atual, confirmado pelo presidente da Agereg, é mesmo o de 6.209.
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