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Capital

Lixão é fechado e presença da Polícia Militar frustra protesto de catadores

Aline dos Santos e Luana Rodrigues | 29/02/2016 09:20
Grupo desistiu de protesto e foi para outro lado da via em frente ao lixão. (Foto: Marcos Ermínio)
Grupo desistiu de protesto e foi para outro lado da via em frente ao lixão. (Foto: Marcos Ermínio)
Justiça determinou reforço policial para fechar lixão. (Foto: Marcos Ermínio)
Justiça determinou reforço policial para fechar lixão. (Foto: Marcos Ermínio)

Com ordem judicial e apoio da PM (Polícia Militar) e Guarda Municipal, a área de transição do lixão de Campo Grande foi fechada. A decisão tem validade desde ontem, com previsão de multa diária de R$ 10 mil em caso de descumprimento.

Os catadores de materiais recicláveis chegaram a se aglomerar em frente ao aterro, no anel viário da BR-262, bairro Dom Antônio Barbosa, mas desistiram após a chegada do efetivo policial

Na manhã desta segunda-feira, duas viaturas e uma base móvel da PM estão no local, além de viaturas da Guarda Municipal. A PRF (Polícia Rodoviária Federal) chegou a deslocar equipes, que já deixaram a entrada do lixão.

“O objetivo é fazer o cumprimento da ordem judicial de fechamento do lixão, impedir a entrada dos catadores e manifestação que atrapalhe o trabalho dos funcionários”, afirma o tenente do 10º Batalhão da PM, Luiz Paulo Delazari.

A Guarda Municipal chegou ao local às 4 horas e deve manter sete viaturas durante o dia. “Não houve conflitos, está tudo tranquilo e vamos permanecer até segunda ordem”, diz Tomaz de Araújo, comandante da região do Anhanduizinho pela Guarda.

Segundo Júnior Brayan, 24 anos, representante dos trabalhadores, o grupo se assustou. “Não entendemos essa quantidade de polícia. Achamos por bem deixar o local e voltar para a comunidade. Queremos mostrar que não estamos aqui para fazer baderna, mas apenas exigir nossos direitos e trabalhar”, afirma.

O grupo foi para a entrada da favela Cidade de Deus, que fica do lado oposto da pista. Agora, eles aguardam apoio da prefeitura para reverter a medida, que foi solicitada à Justiça pelo consórcio CG Solurb, responsável pela gestão dos resíduos sólidos na Capital.

Uma liminar, concedida em ação civil proposta pela Defensoria Pública em dezembro de 2012, permitia o acesso ao aterro sanitário Dom Antônio Barbosa. A medida foi deferida pelo tempo que durasse o atraso na construção da UTR (Usina de Triagem de Resíduos).

Contudo, como a obra foi 100% concluída, a área de transição foi fechada. A decisão é do juiz da 1ª Vara de Direitos Difusos, Coletivos e Individuais Homogêneos, Marcelo Ivo de Oliveira. O magistrado autorizou ação policial nos dias 28 e 29 de fevereiro.

A UTR foi inaugurada em agosto de 2015. Mas, segundo o representante dos catadores, são somente 88 funcionários, que recebem o lixo da coleta seletiva. Júnior calcula que mais de 700 pessoas sobrevivam com a renda obtida na área de transição, sendo 429 “empregos” diretos e 300 pessoas que auxiliam da separação à venda do material reciclável. Em média, a remuneração é de R$ 100 por dia.

Histórico - Fechado no fim de 2012, após 28 anos em operação, o lixão foi reaberto por força de decisão judicial em janeiro de 2013. O pedido partiu da Defensoria Pública, que alegou que as pessoas ficaram sem fonte de renda. Com a reabertura, foi definida uma área de transição, com descarte dos resíduos ante de ser encaminhado ao aterro.

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