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Capital

“Lixões” estão por toda parte em bairro com maior incidência de dengue

Região do Nova Lima está na cor vermelha com número "muito alto" de notificações de casos de dengue

Jhefferson Gamarra e Cleber Gellio | 11/05/2022 14:44
Espaço tomado por lixo na Rua Marques de Herval, região do Nova Lima. (Foto: Henrique Kawaminami)
Espaço tomado por lixo na Rua Marques de Herval, região do Nova Lima. (Foto: Henrique Kawaminami)

A dengue avança em Campo Grande e um dos principais problemas continua sendo os criadouros dos mosquitos Aedes aegypti. Conforme levantamento da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde), 7 dos 74 bairros da Capital estão classificados na cor vermelha com número "muito alto" de notificações de casos de dengue, entre eles, o Nova Lima, região norte da Capital.

Assistente em educação mora no local há 13 anos e sempre conviveu com a situação no Nova Lima. (Foto: Henrique Kawaminami)
Assistente em educação mora no local há 13 anos e sempre conviveu com a situação no Nova Lima. (Foto: Henrique Kawaminami)

Segundo autoridades em saúde, qualquer recipiente que acumule água é considerado um criadouro do mosquito. Na maioria das vezes, a dengue pode estar dentro de casa. Porém, na região do bairro que possui mais de 35 mil habitantes, não é raro encontrar verdadeiros lixões a céu aberto.

Um deles fica no prolongamento da Rua Marquês de Herval, que se tornou um terreno fértil para a dengue. A assistente de educação Cristiane Ribeiro, 37 anos, mora perto do local há mais de 13 anos e diz que o descarte de lixos é feito constantemente e, por incrível que pareça, a coisa piorou após chegada do asfalto na região.

“Fizeram a pavimentação há dois anos. Sem dúvidas, é uma melhoria que traz qualidade de vida para a gente. Mas com o asfalto, ficaram sem local para jogar lixo e agora, concentraram tudo ali e jogam de tudo, até animal morto", relata a moradora.

Morador culpa a própria população pelo descarte irregular de lixo. (Foto: Henrique Kawaminami)
Morador culpa a própria população pelo descarte irregular de lixo. (Foto: Henrique Kawaminami)

O segurança Fausto Carmo, 57 anos, também mora nas proximidades do terreno, conta que faz de tudo para evitar focos de mosquito dentro do seu quintal, mas o descaso acaba sendo da própria população, que descarta materiais em locais inapropriados.

"Procuro manter o quintal sempre limpo e cuido também para que não joguem lixo aqui próximo, mas é complicado, porque despejam à noite, acredito, inclusive, que são de outros bairros”, diz. “Aqui tem bastante PM, mas acredito que deveria ter uma ronda municipal para averiguar essa situação. É uma pena que isso ainda aconteça, porque aqui na região tem um local que recebe descartes da população”, finaliza o morador.

Na Rua Acrópole, localizada no Jardim Arco-Íris, parcelamento do Bairro Nova Lima, terrenos baldios também são facilmente encontrados. O aposentado Benedito Góes, 76 anos, reclama das montanhas de lixo espalhadas pela região. “Já peguei dengue duas vezes e sei que é sofrido. Quem despeja lixo em local público deveria ser severamente punido", sugere.

Aposentado recolhendo materiais em terreno baldio em frente a sua residência. (Foto: Henrique Kawaminami)
Aposentado recolhendo materiais em terreno baldio em frente a sua residência. (Foto: Henrique Kawaminami)

Outros 20 bairros de Campo Grande estão definidos pela cor laranja e possuem "alto" número de notificações, entre eles, a Vila Carlota, onde moradores também atribuem a alta incidência de dengue ao acumulo de lixo em terrenos baldios, um deles no cruzamento da Rua do Dólar com a Rua do Cruzeiro.

Moradora da Vila Carlota denuncia terreno com lixos espalhados a céu aberto. (Foto: Direto das Ruas)
Moradora da Vila Carlota denuncia terreno com lixos espalhados a céu aberto. (Foto: Direto das Ruas)

“Está uma sujeira imensa, minha irmã mora ali perto, passou mal e foi ao hospital, detectaram que era dengue, agora está tomando soro. Ela tem um bebê que também corre risco de pegar”, denuncia a funcionária pública Patrícia Souza, 45 anos.

Em relação ao acumulo de lixo em terrenos baldios, a Semadur (Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Gestão Urbana) informou que não realiza limpeza, apenas a fiscalização, e que constatada a irregularidade, é encaminhada uma notificação aos proprietários dos terrenos para a correta manutenção.

Em relação a espaços públicos, administração municipal informou que faz a limpeza de pontos de descarte irregular com frequência, porém as pessoas continuam usando o local para despejar lixo e entulho.

A população pode colaborar e apontar os locais onde há descarte irregular pelo telefone 156 e denunciar os infratores.

Pneu com água parada em terreno baldio no Nova Lima. (Foto: Henrique Kawaminami)
Pneu com água parada em terreno baldio no Nova Lima. (Foto: Henrique Kawaminami)


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