Lojistas pedem atenção para evitar quebradeira na 14 com Reviva Centro
Preocupados com os impactos que as obras da segunda etapa do projeto de revitalização da região central da Capital, Reviva Centro, comerciantes e empresários pediram à prefeitura, durante audiência pública na manhã de hoje, 10, na Câmara Municipal, planejamento e compensações para evitar prejuízos e a “quebradeira” no comércio da Rua 14 de Julho, onde se concentra 418 empresas, do setor comercial e serviços.
Esta segunda etapa do projeto prevê investimentos no valor de US$ 56 milhões (R$ 177,5 milhões ao câmbio de R$ 3,17, hoje), recursos que seriam contratados por empréstimo no BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento). A operação de crédito seria concedida em condições favoráveis, com juros de 1,18% ao ano, cinco anos e seis meses carência e 25 anos para pagamento, segundo a coordenadora de Projetos especiais da Prefeitura, Catiana Sabadin.
O recurso será destinado à revitalização da Rua 14 de Julho e da região central da cidade, compreendendo o quadrilátero formado pelas ruas Pedro Celestino/Ernesto Geisel/Fernando Corrêa da Costa/Mato Grosso. Porém, a prefeitura necessita de autorização dos vereadores e do Congresso Nacional para contrair o financinamento.
Na semana passada, o Executivo enviou o projeto para ser analisado pela Câmara Municipal que, por sua vez, promoveu na manhã de hoje a audiência pública reunindo os diversos segmentos que serão beneficiados com a revitalização do centro comercial de Campo Grande.
O projeto foi ampliado até áreas de interesse cultural, incluindo regiões como a da antiga rodoviária e a Feira Central. A expectativa é que as primeiras ordens de serviço das obras sejam assinadas em outubro, com prazo de 20 meses para conclusão.
Do valor total, cerca de US$ 20 milhões (R$ 63,4 milhões) seriam investidos em obras de intervenção num trecho de 1,4 km da 14 de Julho, entre as avenidas Fernando Corrêa da Costa e Mato Grosso, que prevê redução de duas pistas de rolamento e de estacionamentos, aumento da calçada para pedestre e bicicletário, além de galerias subterrâneas para o sistema de drenagem, rede de água, embutimento das redes elétricas e de telefonia.
As maiores preocupações dos comerciantes se concentram nessas obras da Rua 14 de Julho, onde está a maior parte do comércio central de Campo Grande. O secretário da ACICG (Associação Comercial e Industrial de Campo Grande), Roberto Oshiro, disse que o poder público deve ter muito cuidado para iniciar a execução das obras para evitar a “quebradeira” dos comerciantes na região. “Temos fazer planejar muito bem antes de iniciar qualquer obra na (Rua) 14 de Julho, para evitar o ocorrido na Avenida Júlio de Castilho, em que muitos comerciantes perderam tudo por falta de planejamento da prefeitura”, alertou.
José Ambrósio, dono de lojas na Rua 14 de Julho, também demonstrou a preocupação com a realização das obras no local. Para ele, se não houver um plano de obras bem detalhado, de forma que os comerciantes não sofram com fechamentos da rua, vai ter prejuízo na certa. “Temos que definir o horário das obras e o período em que serão realizadas, pois não pode ser em tempo de chuva e nem no final de ano, quando a venda no comércio é melhor”, lembrou.
O coordenador do evento, vereador Eduardo Romero (PTdoB), disse que o objetivo da audiência era exatemente debater os pontos que poderiam apresentar impactos aos empresários e comerciantes do local e fundamentar o debate para os colegas poderem votar o projeto na Casa. “Nossa grande preocupação é evitar o máximo de impacto possível ao comércio do Centro e prejuízos aos comerciantes”, declarou.
O presidente do Conselho do Comércio do Centro da ACICG, André Moreto, expôs a posição oficial da entidade em relação ao projeto com vários pontos a serem considerados pelo poder público, que exige muito dos comerciantes, mas não cumpre a parte, como deveria. Ele citou a primeira etapa, em que os empresários reduziram as fachadas de suas lojas e gastaram dinheiro, mas não tiveram a contrapartida da prefeitura. “Nem o Fundacentro (Fundo de Revitalização do Centro) foi regulamentado”, observou.
Segundo ele, Associação Comercial não quer romper com a equipe do projeto, mas quer manter o comércio forte para que as pessoas continuem frequentando as lojas do centro da cidade, como acontece desde há época em que os libaneses abriram os primeiros comércios na Rua 14 de Julho.
Conforme levantamento realizado pelos comerciantes do Centro, no quadrilátero previsto pela revitalização está concentrado 42% do ISSQN (Imposto Sobre Serviço de Qualquer Natureza), que é recolhido pela prefeitura. São 1.971 empresas de serviços, 1.437 lojas de comércio e 1.751 imóveis residenciais, totalizando 5.268 imóveis que serão impactados pelas obras do Reviva Centro.
Revitalização - O objetivo do Reviva Centro é transformar a Rua 14 de Julho em um shopping a céu aberto, com arborização, sombreamento, ampliação das calçadas de 3 metros para 4,20 metros de largura, abertura de áreas de convivência, proibição de estacionamento (entre Avenida Afonso Pena e Rua Marechal Rondon) e criação de baias para embarque e desembarque de caminhões, além de duas vagas destinadas aos portadores de necessidades especiais.
Para alargar a calçada, duas pistas de rolamento serão retiradas, sendo mantidas apenas duas. As duas linhas de ônibus que tem itinerário na 14 de Julho, serão remanejadas para a Rui Barbosa.
Conforme Catiana Sabadin, a retirada de 145 vagas de estacionamento não comprometeria o movimento comercial, já que dados de uma pesquisa apontam que 85% do público que utiliza a região central para compras se desloca através do transporte público.
No entanto, para não afetar o movimento do comércio, será definido em comum acordo com as entidades do comércio, um cronograma de execução das obras por quadra.