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Capital

Médicos plantonistas de UPAs ‘somem’ e pacientes peregrinam por socorro

Homem com sintomas de infarto foi parar na Santa Casa após passar por duas unidades

Anahi Zurutuza e Marcus Moura | 19/03/2017 18:21
UPA do Universitário (Foto: Alcides Neto)
UPA do Universitário (Foto: Alcides Neto)

Na hora do almoço e no início da tarde deste domingo (19), o número de médicos presentes nas UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) do bairro Universitário e das Moreninhas era menor que o divulgado na escala elaborada pela Sesau (Secretaria Municipal de Saúde Pública). Pacientes foram “dispensados” da unidade do Universitário e tiveram de esperar ao menos duas horas por atendimento nas Moreninhas.

Um dos casos mais graves foi o de Lourival de Oliveira Arias, de 41 anos. Com dores no peito e sintomas de um infarto, ele foi levado à UPA do Universitário pela mulher, Camila, de 38 anos, por volta das 14h. Mas, os dois deram com a cara na porta.

A recomendação dos atendentes era que o paciente fosse levado para a UPA das Moreninhas, que fica a 12,6 km de distância do primeiro posto de saúde. “Lá na Moreninhas, eles falavam que os médicos não tinham voltado do almoço. Minha filha estava em desespero, meu genro é novo, trabalhador, tem filhos, não podia morrer”, relatou a aposentada Dirce Joana de Souza, 68 anos, que se diz revoltada com a situação.

Na unidade das Moreninhas, cinco médicos estavam escalados para atender pacientes à tarde.

Por fim, Camila decidiu percorrer mais cerca de 13 km para conseguir atendimento para o marido na Santa Casa. Lourival está internado na ala vermelha.

Recepção da UPA do Universitário ficou vazia (Foto: Marcus Moura)
Recepção da UPA do Universitário ficou vazia (Foto: Marcus Moura)
Nas Moreninhas, mesmo com poucos pacientes, espera para casos menos graves era de até duas horas (Foto: Marcus Moura)
Nas Moreninhas, mesmo com poucos pacientes, espera para casos menos graves era de até duas horas (Foto: Marcus Moura)

Outros casos – A reportagem foi às duas unidades conferir a situação. Por volta das 15h, quando chegou à UPA do Universitário, a equipe do Campo Grande News foi informada pela recepcionista que apenas um médico fazia atendimentos no local e que por isso, estava concentrado nos pacientes considerados mais graves, que chegam ao local pelo Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) ou pelo Corpo de Bombeiros.

Quem chegava para ser socorrido por meios próprios era orientado a procurar outra unidade.

É o caso de Mariluce Moreira, de 45 anos, está recém-operada da tireoide e passou mal duas vezes neste fim de semana. No sábado (18), ela chegou à UPA do Universitário de ambulância e foi atendida rapidamente. “Cheguei agora aqui e já me disseram que só vai ter médico às 19h”, disse no meio da tarde. Ela conta que voltou ao posto por estar sentindo formigamento nas mãos.

Na UPA das Moreninhas, a espera era de até duas horas. O gesseiro José Portilho, 48, que tem erisipela – doença infecciosa na pela – conta que chegou às 13h na unidade e, portanto, já estava a duas horas a espera de atendimento. “Estou com dor, vou esperar”.

A salgadeira Raulinda Arua, 48, aguardava pelo médico a uma hora com dores nas costas e pontadas no peito. Ela é hipertensa e diabética.

A atendente disse que apenas dois médicos davam plantão no local, embora na teoria, cinco estavam escalados.

A Sesau informou, por meio da assessoria de imprensa, que vai “apurar se houve algum problema na troca de plantão, como atraso de médicos, por exemplo”.

Confira a escala das UPAs deste domingo:

Médicos plantonistas de UPAs ‘somem’ e pacientes peregrinam por socorro
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