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Capital

Medo e tensão marcam vizinhança onde mora policial que matou empresário

Nyelder Rodrigues e Adriano Fernandes | 04/01/2017 21:45
Policial ficou sob o olhar de PMs logo após cometer o crime (Foto: Simão Nogueira/Arquivo)
Policial ficou sob o olhar de PMs logo após cometer o crime (Foto: Simão Nogueira/Arquivo)

Um crime no último dia de 2016 e quatro dias depois traz reflexos, como perplexidade e indignação da população, tristeza da família da vítima e tensão e medo na vizinhança onde mora o autor, o policial rodoviário federal Ricardo Hyun Su Moon, de 46 anos. Ele atingiu três disparos e matou o empresário Adriano Correia do Nascimento, de 33 anos.

O caso aconteceu no sábado (31) logo pela manhã na avenida Ernesto Geisel, quase esquina com a rua 26 de Agosto, no Centro de Campo Grande. Após uma perseguição, Ricardo, que não estava de serviço, além de estar em área urbana, fora de sua jurisdição, acabou atirando contra a camionete dirigida por Adriano, que ainda bateu e derrubou um poste.

As versões ainda são desencontradas, já que testemunhas e amigos da vítima apontam deslealdade do policial, enquanto Ricardo alega que agiu em legítima defesa. Todas os relatos estão sendo investigados pela Polícia Civil.

Ricardo chegou a ser detido em flagrante, mas foi solto provisoriamente após o juiz de plantão negar a conversão para prisão preventiva, pois avaliou que o policial não apresentava risco à ordem pública. A decisão desagradou a sociedade, inflamada por essa e outras situações.

E todo esse clima sobre o caso parece marcar a vizinhança onde mora Ricardo e onde esteve na tarde desta quarta-feira (4) a reportagem do Campo Grande News. Por questões de segurança, o local não será divulgado.

"Temos crianças, famílias aqui, e temos medo de que alguém tente algum tipo de represália. Ninguém vai falar nada. A segurança daqui é frágil", conta uma moradora do local, abordada pelo repórter e visivelmente tensa e com medo. Ela não se identificou nem como vizinha, nem como familiar de Ricardo.

Ricardo aparece na imagem de calça bege (da PRF) e camisa listrada, contando sua versão aos policiais militares (Foto: Reprodução)
Ricardo aparece na imagem de calça bege (da PRF) e camisa listrada, contando sua versão aos policiais militares (Foto: Reprodução)

O rosto da mulher transpareceu, junto a voz embargada, toda a insegurança que o caso trouxe para todos na cidade, afinal, mesmo que o policial seja inocentado posteriormente, trata-se de um agente de segurança pública matando uma pessoa que estava conduzindo um veículo, voltando de uma festa, com amigos como passageiros.

"O que você quer com ele?" - A mulher citada acima foi a última tentativa da reportagem de encontrar Ricardo. Antes, se esbarrou com outro morador. Durante a breve conversa para saber se conhecia o policial, o vizinho foi seco e direto. "O que você quer com ele?", frisou, saindo do local onde estava na sequência.

Ele seguiu para perto da residência de Ricardo, na mesma direção de onde veio logo em seguida a mulher que teme represália. Em outra tentativa do repórter, o contato com o policial foi tentado pelo interfone da casa. Outra pessoa atendeu e, assim que a reportagem se apresentou, desligou e não atendeu mais os chamados.

As tentativas de conversar com alguém sobre o vizinho Ricardo logo se esgotaram e, por ora, resta apenas relatos de colegas de serviço do policial, e era considerado introspectivo durante o curso de formação da PRF, instituição que ingressou em 2016 e recebeu o apelido de Coreia.

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