Moradores de bairros com “risco alto” para dengue cobram consciência de vizinhos
População relata esforços no combate ao mosquito, mas cobra mais fiscalização e conscientização coletiva
Cinco bairros de Campo Grande foram classificados como de “risco muito alto” para dengue, segundo a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde). Centro Oeste, Los Angeles, Cabreúva, Vila Carlota e Tiradentes concentram os maiores índices de casos notificados. Entre 1º de janeiro e o último sábado (11), a capital registrou 119 notificações da doença, com uma incidência considerada moderada de 13,25 casos por 100 mil habitantes.
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A dengue continua a ser uma preocupação significativa em Mato Grosso do Sul, com o Ministério da Saúde prevendo um aumento nos casos devido ao fenômeno climático El Niño e à circulação do sorotipo 3 do vírus. Em 2024, o estado registrou 16.229 casos confirmados, uma queda em relação aos 41.046 casos de 2023, mas a taxa de letalidade aumentou. As condições climáticas e a urbanização desordenada contribuem para a proliferação do mosquito Aedes aegypti, e cinco bairros de Campo Grande foram classificados como de "risco muito alto" para a doença. A população é incentivada a adotar medidas preventivas, como vedar reservatórios de água e eliminar locais de acúmulo de água, enquanto a falta de conscientização e problemas estruturais são desafios no combate à dengue.
Moradores das regiões mais afetadas garantem que estão fazendo sua parte, mas apontam problemas estruturais e a falta de conscientização coletiva como desafios no enfrentamento da doença. Airton do Santos, mecânico de 49 anos e residente no bairro Centro Oeste, destaca a influência das condições climáticas e do descuido em períodos de férias.
“Eu nunca tive dengue, mas acredito que se cada um fizesse a sua parte, não estaríamos nesse pico de doença. Com a chuva, o calor e as casas fechadas, as pessoas acabam acumulando água em algum cantinho, muitas vezes por desatenção, não por maldade”, relatou Airton.
No bairro Tiradentes, a aposentada Vanilda Ramirez, de 59 anos, vê o descaso com o descarte de lixo como um dos principais agravantes. “Eu moro quase ao lado de um lixão. O que você pensar tem lá, e ninguém cuida. Na minha casa, eu faço o possível: cuido das plantas e de tudo que junta água, mas não adianta porque tem gente que não pensa no próximo”, lamentou.
Vanilda, que já enfrentou casos de dengue na família, acredita que as ações do poder público precisam ser ampliadas. “Minha mãe já teve dengue várias vezes, e eu também. Nós ficamos muito mal, mesmo sendo casos leves. Acho que deveria ter mais fiscalização da prefeitura, usando drones para sobrevoar os bairros críticos, em vez de mandar os agentes de saúde andando no sol quente”, sugeriu.
No bairro Los Angeles, a empresária Beatriz Junqueira, de 27 anos, afirmou que não estava ciente do aumento recente de casos, mas garante que mantém cuidados básicos em sua casa. “Eu quase não vejo notícias, mas sempre verifico o quintal. Minha família inteira já teve dengue, menos eu. Minhas plantas não têm pratinhos e, se vejo alguma coisa acumulando água, já resolvo”, contou.
A Sesau informou que 19.072 imóveis foram visitados desde o início do ano, com identificação de focos do mosquito Aedes aegypti em 87 deles. Além disso, 172,28 litros de inseticida foram utilizados em ações de controle vetorial. Apesar dos esforços, fatores como urbanização desordenada, saneamento básico precário e condições climáticas favorecem a proliferação do mosquito, conforme destaca o Ministério da Saúde.
A dengue segue um padrão sazonal, com maior risco de epidemias entre outubro e maio. Para conter a transmissão, a população é orientada a tomar medidas preventivas, como vedar reservatórios de água, eliminar recipientes que possam acumular água parada e instalar telas nas janelas.
O Ministério da Saúde projeta um aumento significativo no número de casos de dengue em Mato Grosso do Sul e outros cinco estados em 2025. A ministra Nísia Trindade afirmou que a continuidade do fenômeno climático El Niño e a circulação do sorotipo 3 do vírus serão fatores determinantes para a intensificação da doença nos próximos meses.
Segundo o Ministério da Saúde, as condições climáticas, especialmente o aquecimento global e o regime de chuvas, contribuem para a proliferação do mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue. Além de Mato Grosso do Sul, foram citados São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Tocantins e Paraná.
Em Mato Grosso do Sul, o número de casos confirmados de dengue em 2024 foi de 16.229, uma redução significativa em relação a 2023, quando o estado registrou 41.046 casos. Contudo, a taxa de letalidade aumentou de 0,10% em 2023 para 0,20% em 2024, com 32 mortes confirmadas e 17 em investigação. A maior concentração de mortes ocorreu na região do Conesul, com destaque para Ponta Porã, Dourados e Amambai.
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