ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no X Campo Grande News no Instagram
NOVEMBRO, QUINTA  21    CAMPO GRANDE 28º

Capital

Mortes de mulheres aumentam, mas busca por ajuda cai durante pandemia

Estudo aponta que casos de violência doméstica aumentaram na Capital e interior durante o último mês

Rosana Siqueira | 07/05/2020 16:28
Nas fotos de cima, as vítimas Maxelline (à esquerda) e Regiane (à direita). Nas duas de baixo, Maria Graziele, achada morta à beira de rodovia (à esquerda) e Graziela morta pelo ex-parceiro (à direita). (Montagem: Ricardo Oliveira)
Nas fotos de cima, as vítimas Maxelline (à esquerda) e Regiane (à direita). Nas duas de baixo, Maria Graziele, achada morta à beira de rodovia (à esquerda) e Graziela morta pelo ex-parceiro (à direita). (Montagem: Ricardo Oliveira)

Novo estudo da Coordenadoria da Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar em MS, do Tribunal de Justiça, mostra que os casos de feminicídio dobraram em Campo Grande e aumentaram 33,3% no interior. Os dados foram levantados durante o período de 20 de março a 20 de abril deste ano e apontaram 2 mortes na Capital e 4 no interior. No período antes da pandemia, de 20 de fevereiro até 19 de março eram 4 no total, sendo um na Capital..

Entre os casos mais contundentes estão os de duas Grazieles: Graziele Quele Ferreira Gones, de 39 anos encontrada morta dentro de fossa de 1,5 metro no Bairro Morada Verde, em Campo Grande e a estudante Maria Graziele Elias de Souza, de 21 anos, encontrada morta à beira da BR-262, morta pelo ex-marido.

“É certo é que o vírus não faz distinção de gênero, raça, etnia, classe social, entre outros marcadores sociais, contudo, os efeitos destrutivos do distanciamento físico e da quarentena efetivamente são maiores entre as mulheres e, dentre estas, as que sofrem violência no espaço doméstico, local que deveria ser de segurança e tranquilidade”, avalia a juíza Helena Alice Machado Coelho, responsável pela Coordenadoria.

As prisões em flagrante por violência contra a mulher também aumentaram e somaram 39 na Capital e 146 no interior. Os dados levantados apontam que durante a pandemia, a Capital registrou alta de 25,80% de prisões em flagrante, ao mesmo tempo que no interior esse tipo de ocorrência diminuiu 10,42% de um ano para o outro, considerado o citado período. Os resultados podem ser explicados pelas rigorosas condutas de distanciamento social impostas, inclusive com toque de recolher, além dos demais fatores citados.

A monitoração eletrônica em casos de violência doméstica em todo o Estado também avançou. Antes da pandemia 27 tornozeleiras foram instaladas em autores de violência doméstica e durante a pandemia o número mais que dobrou, chegando a 56.

Medidas - No caminho inverso, as solicitações de medidas protetivas pelas mulheres diminuíram 5,5% na Capital e 27% no interior. Foram 360 medidas protetivas em Campo Grande e 328 no interior. O período antes do covid-19 apontava concessão de 381 medidas protetivas na Capital e 449 nas comarcas do interior; com 22 prisões em flagrante em Campo Grande e 160 no interior.

A queda, segundo a juíza, foi motivada pelas várias medidas para evitar a disseminação do coronavírus, como a restrição de circulação, cuidados permanentes com os filhos que estão com aulas suspensas. "Tudo isso, pode ter contribuído para impedir a mulher de procurar atendimento", salientou a juíza, lembrando ainda que  na Capital, houve a suspensão do transporte coletivo por duas semanas, o que certamente dificultou o acesso da mulher aos órgãos de proteção.

"As mulheres serão mais impactadas negativamente pela pandemia do que os homens: o tempo de isolamento social ampliou o período em que a mulher está dentro de casa, preocupada com crise econômica, desemprego, enquanto está sobrecarregada pelas tarefas domésticas, cuidados com os filhos - atividades historicamente atribuídas ao sexo feminino e cobradas pela cultura machista. Somam-se a tudo isso as tarefas do teletrabalho, os cuidados com a família e a casa para evitar a proliferação do vírus, além do convívio permanente com o abusador", finaliza a juíza.


Nos siga no Google Notícias