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Capital

Mortes de mulheres aumentam, mas busca por ajuda cai durante pandemia

Estudo aponta que casos de violência doméstica aumentaram na Capital e interior durante o último mês

Rosana Siqueira | 07/05/2020 16:28
Nas fotos de cima, as vítimas Maxelline (à esquerda) e Regiane (à direita). Nas duas de baixo, Maria Graziele, achada morta à beira de rodovia (à esquerda) e Graziela morta pelo ex-parceiro (à direita). (Montagem: Ricardo Oliveira)
Nas fotos de cima, as vítimas Maxelline (à esquerda) e Regiane (à direita). Nas duas de baixo, Maria Graziele, achada morta à beira de rodovia (à esquerda) e Graziela morta pelo ex-parceiro (à direita). (Montagem: Ricardo Oliveira)

Novo estudo da Coordenadoria da Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar em MS, do Tribunal de Justiça, mostra que os casos de feminicídio dobraram em Campo Grande e aumentaram 33,3% no interior. Os dados foram levantados durante o período de 20 de março a 20 de abril deste ano e apontaram 2 mortes na Capital e 4 no interior. No período antes da pandemia, de 20 de fevereiro até 19 de março eram 4 no total, sendo um na Capital..

Entre os casos mais contundentes estão os de duas Grazieles: Graziele Quele Ferreira Gones, de 39 anos encontrada morta dentro de fossa de 1,5 metro no Bairro Morada Verde, em Campo Grande e a estudante Maria Graziele Elias de Souza, de 21 anos, encontrada morta à beira da BR-262, morta pelo ex-marido.

“É certo é que o vírus não faz distinção de gênero, raça, etnia, classe social, entre outros marcadores sociais, contudo, os efeitos destrutivos do distanciamento físico e da quarentena efetivamente são maiores entre as mulheres e, dentre estas, as que sofrem violência no espaço doméstico, local que deveria ser de segurança e tranquilidade”, avalia a juíza Helena Alice Machado Coelho, responsável pela Coordenadoria.

As prisões em flagrante por violência contra a mulher também aumentaram e somaram 39 na Capital e 146 no interior. Os dados levantados apontam que durante a pandemia, a Capital registrou alta de 25,80% de prisões em flagrante, ao mesmo tempo que no interior esse tipo de ocorrência diminuiu 10,42% de um ano para o outro, considerado o citado período. Os resultados podem ser explicados pelas rigorosas condutas de distanciamento social impostas, inclusive com toque de recolher, além dos demais fatores citados.

A monitoração eletrônica em casos de violência doméstica em todo o Estado também avançou. Antes da pandemia 27 tornozeleiras foram instaladas em autores de violência doméstica e durante a pandemia o número mais que dobrou, chegando a 56.

Medidas - No caminho inverso, as solicitações de medidas protetivas pelas mulheres diminuíram 5,5% na Capital e 27% no interior. Foram 360 medidas protetivas em Campo Grande e 328 no interior. O período antes do covid-19 apontava concessão de 381 medidas protetivas na Capital e 449 nas comarcas do interior; com 22 prisões em flagrante em Campo Grande e 160 no interior.

A queda, segundo a juíza, foi motivada pelas várias medidas para evitar a disseminação do coronavírus, como a restrição de circulação, cuidados permanentes com os filhos que estão com aulas suspensas. "Tudo isso, pode ter contribuído para impedir a mulher de procurar atendimento", salientou a juíza, lembrando ainda que  na Capital, houve a suspensão do transporte coletivo por duas semanas, o que certamente dificultou o acesso da mulher aos órgãos de proteção.

"As mulheres serão mais impactadas negativamente pela pandemia do que os homens: o tempo de isolamento social ampliou o período em que a mulher está dentro de casa, preocupada com crise econômica, desemprego, enquanto está sobrecarregada pelas tarefas domésticas, cuidados com os filhos - atividades historicamente atribuídas ao sexo feminino e cobradas pela cultura machista. Somam-se a tudo isso as tarefas do teletrabalho, os cuidados com a família e a casa para evitar a proliferação do vírus, além do convívio permanente com o abusador", finaliza a juíza.


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