Motorista de carro preto confirma que sinal estava fechado para camionete
Acidente na madrugada de domingo para segunda-feira matou jovem de 22 anos e deixou 2 feridos
O motorista do Honda Civic preto que aparece nas imagens da câmera de segurança aparentemente deixando o local do acidente onde a caminhonete L200 atingiu e matou o passageiro de um táxi na madrugada da última segunda-feira, Fábio Gomes de Oliveira, 29 anos, nega envolvimento na batida e diz que ficou no local do acidente e esperou o resgate chegar. Ele confirma que o semáforo estava fechado para a camionete.
As imagens da câmera de um restaurante no momento do acidente, que estão servindo de base para as investigações, mostram o carro de Fábio fazendo um retorno proibido, para deixar a avenida Afonso Pena, e depois o carro voltando, mas não é possível saber o destino do veículo. O motorista diz que parou e ficou no local. Segundo ele, nenhuma autoridade policial conversou com ele.
Na manhã desta sexta-feira, depois de ser intimado pela Polícia Civil, Fábio, que é comerciante, e um funcionário, Wilker Mariano, 27 anos, prestaram depoimento ao delegado responsável pelo caso, Wellington de Oliveira.
“Foi questão de instinto. Tirei e já voltei e fiquei durante o resgate”, alegou Fábio. O motorista entrou na avenida Afonso Pena pela rua Ceará, depois de fechar a lanchonete da qual é dono. Ele conta que não reparou a velocidade em que a caminhonete trafegava, mas afirma que o semáforo no cruzamento do acidente, na Afonso Pena com a rua Bahia, estava vermelho para ele e o condutor da caminhonete, Diogo Machado Teixeira, 36 anos.
“Sim, o sinal estava vermelho. Eu parei e vi o táxi. Creio que ele não viu. A caminhonete passou por mim e eu ainda falei o rapaz não vai parar e vai bater, vai bater e bateu”, descreve. Fábio narra que descia pela avenida Afonso Pena normalmente e que parou no semáforo.
Sobre a reação de fugir e voltar ao local do acidente, Fábio atribui ao nervosismo “você fica em estado de choque, você não acredita”, disse. Este foi o primeiro acidente que ele presenciou dessa forma. Para a Polícia, ele contou que viu quando saiu faísca com o impacto dos dois veículos.
Depois de retornar e voltar a avenida Afonso Pena, Fábio lembra que viu o motorista Diogo transtornado e tentando reanimar a vítima. O comerciante chegou a ver o responsável pelo acidente chacoalhando o motorista do táxi e pedindo para que ele não dormisse. “Ele estava tentando reanimar, pelo que eu vi, parecia preocupado”.
A cena que vem a cabeça é dos três ocupantes feridos. “Os guris estavam agonizando. Olhei o outro e já estava morto. Foi bem ruim”, completa.
Para a Polícia, o depoimento de Fábio é peça chave na comprovação da falta de atenção de Diogo para o semáforo. “Ele é a testemunha ocular. Ele viu a faísca da caminhonete batendo e comentou que ele ia bater”, ressalta o delegado Wellington de Oliveira. O relato de Fábio e de Wilker comprovam que se o motorista não tivesse embriagado, talvez pudesse evitar o evento.
“Ele não freou, o que caracteriza o dolo eventual, de que ele assumiu o risco”, completa o delegado.
Fábio compareceu à delegacia depois de ser intimado, mesmo com a Polícia e a imprensa noticiando que ele poderia contribuir para as investigações. Hoje pela manhã o comerciante disse que acredita que não era preciso se apresentar. “Eu vi pelo jornal que a Polícia ia investigar, mas eu não devo nada. Eu estava naquele dia, a Polícia de Trânsito que devia ter perguntado”, justificou.
A Polícia ainda vai ouvir o depoimento da passageira do táxi que prestou socorro logo depois do acidente e das duas vítimas, o motorista, Sebastião Mendes da Rocha, de 51 anos, e o passageiro Ramon Rudney Tenório Souza e Silva, 21 anos.
Já foram ouvidos o taxista que seguia atrás, os ocupantes do Honda Civic preto, além de Diogo, que continua preso na Delegacia Especializada na Repressão de Roubos e Furtos.
Segundo o delegado do caso, o inquérito deve ser encerrado entre terça e quarta-feira da semana que vem.