Motorista que atropelou gari se apresenta à polícia e nega ter bebido
Vítima teve fraturas na perna esquerda, que precisou ser amputada, após acidente de trânsito no Carandá Bosque
Mario Barbosa Neto, de 29 anos, se apresentou na 3ª Delegacia de Polícia Civil, em Campo Grande, na manhã desta sexta-feira (29), após ter atropelado um gari, há mais de um mês, que ficou sem a perna. De acordo com a defesa do indiciado, ele nega que tenha ingerido álcool antes de dirigir o Volkswagen Fox que imprensou a vítima do acidente no Bairro Carandá Bosque.
“Trabalhou o dia todo na sexta-feira e à noite, saiu para se divertir pela cidade, mas nega que tenha bebido”, diz o advogado Mauro Veiga, que representa o homem. Ele prestou depoimento e foi liberado. Posteriormente, vai responder no Poder Judiciário por lesão corporal culposa gravíssima, com o agravante do álcool.
Ele não quis falar com a imprensa e saiu da unidade policial acompanhado do advogado, de máscara.
Veiga explica que o cliente, morador do Bairro Mata do Jacinto, cochilou no volante enquanto dirigia pela pista, e acabou colidindo com o veículo de coleta residual por volta das 4h, quando os profissionais realizavam o serviço nas ruas do bairro.
O motorista foi encaminhado à Santa Casa de Campo Grande, onde Veiga não sabe se foi realizado teste de etilômetro.
O advogado diz também que o cliente está arrependido de ter saído, durante a madrugada de 12 de março, e que vai buscar saber se havia sinalização adequada por parte do caminhão de lixo e na pista.
A vítima - Contratado há apenas seis meses, Felipe da Silva, de 24 anos, teve boa parte da perna esquerda amputada após o acidente na Capital. O que era para ser mais um dia comum de trabalho para o gari, acabou mudando para sempre seu destino, que usava o salário para custear a vida da filha, de um ano, além da esposa e sogra.
A vítima estava no caminhão estacionado e esperava um colega terminar de coletar resíduos na rua, quando um carro em alta velocidade, e aparentemente desgovernado, surge e o prensa entre os dois veículos. Felipe teve diversas fraturas que levaram a equipe médica a remover o membro inferior.
“A gente nunca imagina que vai acontecer. Eu só não vi a hora que o veículo veio, porque estava de costas na plataforma, mas o resto eu lembro de tudo. O impacto foi tão forte que o veículo foi um pouco para trás”, disse em entrevista concedida ao Campo Grande News, após relatar que ainda tenta se adaptar, já que não se acostumou a usar as muletas e tem problemas de equilíbrio.
Agora, ele espera a perícia do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) para se aposentar por invalidez. Enquanto não realiza o exame, continua recebendo salário e os benefícios da Solurb, concessionária responsável pela limpeza urbana da Capital.
O caso - Em imagens de câmeras de segurança, obtidas pelo Campo Grande News, é possível verificar que a vítima termina de retirar os lixos da calçada, sobe no veículo e espera um colega de trabalho recolher alguns resíduos que ficaram no chão.
Após alguns segundos, o condutor que dirigia na pista lateral à esquerda invade um pedaço da faixa e atropela o homem.
O colega fica desesperado e o motorista do caminhão desce para tentar ajudar. Já o suspeito tenta fugir, mas o veículo não responde. Depois, ele senta na calçada e chora.
Conforme noticiado anteriormente, o caso demorou a ser investigado pelo Poder Judiciário estadual. Apenas o Corpo de Bombeiros e a BPMTran (Batalhão de Trânsito da Polícia Militar do Estado de Mato Grosso do Sul) registraram boletim de ocorrência, mas não tinha sido registrado na Polícia Civil.
A vítima chegou a ficar internado por 16 dias a investigação policial só foi aberta quando ele recebeu alta e procurou um advogado.