MPF analisa denúncia para investigar mortes na Santa Casa
O MPF (Ministério Público Federal) recebeu, ontem (22), representação da Avem-MS (Associação de Vítimas de Erros Médicos de Mato Grosso do Sul) para investigar a morte de três pacientes de quimioterapia da Santa Casa, de Campo Grande.
De volta de férias hoje (23), o titular da Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão analisa a denúncia e a expectativa é apresentar um parecer até a próxima sexta-feira (25).
A Avem-MS adiantou pedir a interdição do setor de oncologia da Santa Casa. O presidente da entidade, Valdemar Moraes de Souza, entende que esta ação não prejudicaria os pacientes, já que eles poderiam ser transferidos a outras instituições, como Hospital do Câncer.
Ele também enviou ofício ao MPE (Ministério Público Estadual), depois de colher documentos e analisar as mortes. “Neste período (interdição), eles poderão fazer uma varredura completa neste setor, com uma investigação desde o final do ano passado até agora para saber quantos pacientes foram vítimas de erros médicos”, justificou.
Valdemar revelou que analisou o prontuário de um paciente de leucemia, que morreu após sessões de quimioterapia na Santa Casa. “Na minha constatação houve dosagem acima do recomendado em sua medicação”, avaliou.
Por outro lado, a presidente da Comissão de Controle de Infectologia da Santa Casa, Priscila Alexandrino, já descartou a hipótese, porque seria um “erro muito grosseiro”.
Desde segunda-feira (21), representantes da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) estão na cidade para investigar as mortes. Até ontem (22), após devassa em 41 prontuários e oitivas, eles não tinham pistas da causa dos óbitos.
As mortes - Neste mês, três mulheres morreram após receberem quimioterapia na Santa Casa. Carmen Insfran Bernard, 48 anos, e Norotilde Araújo Greco, 72 anos. Ambas realizaram sessões entre os dias 24 e 28 de junho.
Carmen apresentou reação adversa e morreu no dia 10 de julho. Norotilde veio a óbito no dia seguinte. Maria Glória Guimarães, 61 anos, morreu no dia 12. As famílias das três pacientes cobram esclarecimentos sobre as mortes.
Por meio de nota, a Santa Casa informou que suspendeu o medicamento usado nas pacientes. O hospital ministra, atualmente, atendimento oncológico a mais de 600 pacientes, 200 deles submetidos a quimioterapia e 400 a hormonoterapia.