Após devassa em prontuários e oitivas, comissão não tem pistas sobre mortes
Após devassa a 41 prontuários e oitivas com funcionários, a comissão, criada para investigar a morte de três pacientes de quimioterapia da Santa Casa, não tem pistas sobre a causa dos óbitos. Até sexta-feira (25), técnicos da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) seguem na Capital em processo de investigação para ajudar a embasar relatório a ser entregue em 26 dias.
“Até o momento não foi encontrado nada de anormal”, disse, em entrevista coletiva, na tarde de hoje (22), a presidente da Comissão de Controle de Infectologia da Santa Casa, Priscila Alexandrino.
Os técnicos na Anvisa estão na cidade desde ontem. Eles começaram os trabalhos às 9h e encerraram às 17h48 e nem para o almoço saíram da sala de reuniões. “Até o momento, fizemos pente fino nos protocolos dos 41 pacientes que tomaram o mesmo lote do medicamento para verificar passo a passo do tratamento”, disse Priscila.
A comissão também analisará o protocolo de pacientes dos últimos três anos, mesmo sem eles terem tomado o lote ingerido pelas vítimas fatais. “A intenção é comparar os procedimentos e encontrar algo diferente que possa ter gerado a situação”, explicou a médica.
Ao mesmo tempo, a comissão segue ouvindo enfermeiros, técnicos e farmacêuticos da clínica terceirizada, responsável pela aplicação do medicamento de quimioterapia. “Vamos ver se achamos algum fato incomum”, reforçou Priscila.
A equipe também conversou com os familiares da quarta paciente, que apresentou grave reação alérgica, mas sobreviveu. “Não descartamos chamar familiares das vítimas fatais como testemunhas”, informou a presidente da comissão.
A sobrevivente, inclusive, será transferida amanhã (23) para o Hospital São Julião. “O estado de saúde dela é estável, não precisa mais de tratamento de risco. Porém, não tem condições de ir para casa por que precisa, por exemplo, de alimentação específica e de outros cuidados”, justificou Priscila.
As mortes - Neste mês, três mulheres morreram após receberem quimioterapia na Santa Casa. Carmen Insfran Bernard, 48 anos, e Norotilde Araújo Greco, 72 anos. Ambas realizaram sessões entre os dias 24 e 28 de junho.
Carmen apresentou reação adversa e morreu no dia 10 de julho. Norotilde veio a óbito no dia seguinte. Maria Glória Guimarães, 61 anos, morreu no dia 12. As famílias das três pacientes cobram esclarecimentos sobre as mortes.
Por meio de nota, a Santa Casa informou que suspendeu o medicamento usado nas pacientes. O hospital ministra, atualmente, atendimento oncológico a mais de 600 pacientes, 200 deles submetidos a quimioterapia e 400 a hormonoterapia.