Mudar hábitos é desafio para Capital se livrar do título de “mais gorda” do País
Recordista entre as capitais brasileiras no percentual de pessoas com excesso de peso, Campo Grande terá, nesta sexta-feira (30) e no sábado (31), uma oportunidade de conhecer mais sobre as vantagens da atividade física para criar coragem e sacudir o corpo a fim de se livrar da gordurinha extra. O segredo, dizem os profissionais de educação física, é se desafiar para transformar o esporte em hábito.
Nos dois dias, especialistas do setor vão discutir técnicas de treinamento de corrida, de futebol e de outras atividades, além de trocar ideias sobre auxílios nutricionais e ouvir a história do PhD Rodrigo Gonçalves Dias, vencedor do prêmio Jovem Cientista. O encontro irá reunir professores, acadêmicos e personal trainer, todos interessados em conquistar mais adeptos da prática esportiva.
Eles reconhecem que o desafio de deixar o sedentarismo de lado não é fácil, mas dão algumas dicas para mudar a rotina e diminuir o índice de 56,3% dos campo-grandenses acima do peso ideal. Para o personal trainer Luiz Otávio Ramos, começar na infância é o melhor caminho.
Neste sentido, ele incentiva os pais a inserir a atividade física na vida dos filhos. “Campo Grande é uma Capital plana, com muitos parques, propícia para o esporte”, destacou. Para ele, o caminho é tirar as crianças da frente do computador, aproveitar as vantagens e levar as crianças para caminhar, andar de bicicleta e passear.
O próximo passo, segundo Luiz Otávio, é incentivar a participação nas aulas de educação física e, depois, se possível, inserir o filho em algum tipo de modalidade esportiva. “As vantagens são inúmeras: diminuiu o risco de diabetes, de pressão alta, de colesterol e aumenta a flexibilidade, a habilidade motora, entre outros benefícios como a inclusão social, sono melhor e deixa a criança ou o adulto mais tranquilo”, ressaltou.
Para quem já passou da infância e carrega o sedentarismo, o desafio é maior, admitem os profissionais. “Infelizmente, a maioria só insere a atividade física na rotina por indicação médica”, lamentou o personal. Para mudar essa realidade, o professor de educação física Porto Vanderlei sugere a mudança de hábitos.
“Primeiro, temos que ter a consciência de que atividade física não é só estética, ou lazer, mas sinônimo de saúde”, frisou. “A partir do momento que a sociedade compreender o esporte como uma questão de saúde pública, as coisas vão mudar”, acrescentou.
Neste sentido, Porto sugere a todos “se desafiar a mudar hábitos”. “A partir do momento, que a pessoa sentir os benefícios da prática esportiva, não vai querer mais largar”, apostou. Ele também apelou para as autoridades públicas investir em uma campanha maciça para mostrar as vantagens da atividade física.
17 quilos - Quem se arriscou a sair da estatística e obteve sucesso foi a dona de casa Jane Lima Aniz, 43 anos, que conseguiu perder 17 quilos em 11 meses. Para obter a façanha e exibir a nova forma aos amigos, ela contou com a ajuda da amiga, a cuidadora Marili Figueiredo, 42 anos, que lhe acompanha nas caminhadas diárias no Parque Belmar Fidalgo, no Jardim dos Estados.
Jane e Marili contam que caminham de segunda-feira a sábado, de uma hora a uma hora e meia por dia. "Depois que comecei, parece que o organismo pede, não consigo mais viver sem isso (fazer atividade física)", conta a dona de casa.
A amiga também já tem bons resultados para propagandear. Ela emagreceu 13 quilos desde que mudou a rotina. As duas alegam que a vida melhorou bastante. Jane conta que não sente mais dores no corpo nem de cabeça. E ainda revela que decidiu mudar após ver uma foto dela, naquele tempo, "gorda" na praia. E vem obtendo bons resultados, comemora.
Ranking - Segundo o Vigitel 2012 (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico), do Ministério da Saúde, 56% dos campo-grandenses estão com excesso de peso. É o maior índice do País, enquanto o menor foi registrado em Palmas, onde 45,3% da população está acima do peso.
O percentual de homens com excesso de peso é maior que as mulheres. Entre eles, o problema é de 61,4%, enquanto entre elas, o índice é de 51,6%.
Já o percentual de campo-grandenses obesos chega a 21%, perto do maior índice no País, de 21,3%, registrado em Rio Branco, capital do Acre. O menor índice foi registrado em São Luiz (MA), onde a obesidade é um problema para 13,2% dos moradores.
Serviço – A Semana do Profissional de Educação física será realizada hoje e amanhã, na Unigran, na Rua Abrão Júlio Rahe, 325, no Centro de Campo Grande. Hoje, a programação começa a partir das 19 horas. Para participar, basta levar um quilo de alimento não perecível.