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Capital

Mulher de chefe de quadrilha participou de esquema com assassino da irmã

Viviane Fontoura Holsback foi alvo do Gaeco e defesa alega que ela terminou com Rafael da Silva Lemos em 2019

Por Ana Paula Chuva e Ana Beatriz Rodrigues | 25/04/2024 14:34
Viviane Holsback que, segundo a defesa, teve relacionamento com Rafael Lemos, líder do esquema e foragido (Foto: Reprodução | Instagram)
Viviane Holsback que, segundo a defesa, teve relacionamento com Rafael Lemos, líder do esquema e foragido (Foto: Reprodução | Instagram)

Presa na operação Last Chat, Viviane Fontoura Holsback figura como personagem do esquema criminoso alvo de investigação do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado). A ação foi deflagrada na quarta-feira (24) e a esposa de Rafael da Silva Lemos, conhecido como “Gazela” ou “Patrão”, foi alvo de mandado de prisão.

Viviane é acusada de tráfico de drogas, lavagem de dinheiro e integrar organização criminosa a partir de ordens do marido. A casa dela na Vila Piratininga foi alvo de mandado de busca e apreensão e ela de prisão preventiva, decretada pelo juiz Eugênio Siravegna Júnior.

Conforme apurado pelo Campo Grande News, em setembro de 2017, Viviane foi presa junto com Roberson Batista da Silva, principal suspeito de matar Mayara Fontoura Holsback, irmã da acusada. Na ocasião, eles foram apontados como integrantes de esquema criminoso que roubava e vendia mercadorias.

Viviane foi alvo de denúncia após ser filmada oferecendo uma carga muito grande de salgadinhos a comerciantes, na região da Vila Nhanhá, a preço muito abaixo do mercado. Os policiais militares então passaram a fazer rondas e conseguiram encontrar a mulher.

Ela levou os militares até uma casa no bairro onde foram encontrados 613 caixas com 14.712 salgadinhos, todos roubados da empresa fabricante. Aos policiais, ela confessou que seu cunhado, Roberson, havia acabado de sair do presídio e seria um dos vendedores.

Em depoimento, ela contou ainda que pelo cunhado conheceu seu então marido Rafael Lemos, líder do esquema e quem mandou que ela alugasse a casa para guardar os produtos de roubo.

Já em 2023, ela foi denunciada pelo MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) por falsificar cartão de visitante para entrar no Instituto Penal de Campo Grande para visitar Rafael. No entanto, o advogado de Viviane alega que a mulher é ex-namorada de Gazela. Segundo César Henrique Barros,  a cliente terminou com o líder da organização em 2019 e depois disso já teve outro relacionamento.

Ao Campo Grande News, o defensor alegou que Viviane passou a ser investigada porque recebeu transações financeiras - aproximadamente R$ 7,5 mil - de uma empresa de fachada usada pelos criminosos. Ela teve o celular apreendido e foi alvo de mandados de busca e apreensão e de prisão. Conforme César, a mulher deve passar por audiência de custódia na sexta-feira (26).

No documento, ao qual a reportagem teve acesso, Lindisleir Aguillera Nascimento, também alvo de mandado de prisão, aparece como convivente de Rafael e, segundo apuração jornalística, ao menos outras duas presas na operação também tiveram relacionamento amoroso com o líder do esquema criminoso.

Assassino da irmã – Roberson foi condenado a 17 anos de prisão por matar a irmã de Viviane. Mayara era namorada do pizzaiolo e foi assassinada a tesouradas. O crime aconteceu em setembro de 2017 no mesmo dia em que o homem deixou a Penitenciária de Segurança Máxima de Campo Grande.

O acusado passou por julgamento em novembro de 2018 e alegou legítima defesa. Segundo ele, Mayara teria tentado matá-lo com uma tesoura após briga, mas ele conseguiu tomar a “arma” da mão da namorada e a golpeou no pescoço com três tesouradas. Ele acabou condenado por homicídio qualificado por motivo torpe e feminicídio.

Last Chat - Investigação aponta que ao menos 40 pessoas integram quadrilha de tráfico de armas e drogas, liderada por Rafael da Silva Lemos, conhecido como “Gazela” ou “Patrão”, que fugiu do presídio em dezembro do ano passado. A ação é desmembramento de outra investigação, da Operação Courrier, que chegou a prender um defensor público de Mato Grosso do Sul, em maio do ano passado.

Ao todo, foram cumpridos 55 mandados judiciais, de prisão preventiva e busca e apreensão, em Campo Grande, Ponta Porã, São Paulo (SP) e Fortaleza (CE). Segundo o MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul), a quadrilha contava com uma rede sofisticada de distribuição.

"Simultaneamente ao tráfico de drogas, a organização criminosa atua fortemente no comércio ilegal de armas de grosso calibre, como fuzis e submetralhadoras, além de granadas, munições, acessórios e outros materiais bélicos de uso restrito", diz trecho de nota do MP.

Além de Viviane, foram alvos do Gaeco:

  • Rafael da Silva Lemos - líder
  • Aldair Antônio Garcia
  • Alex Benitez Gamarra
  • Anderson da Silva Ferreira - já custodiado no sistema prisional
  • Cleber Ferreira Alves - já custodiado no sistema prisional
  • Cybelle Bezerra da Silva - advogada
  • Débora Cristina dos Santos
  • Edson Ribeiro de Souza
  • Fabiano Augusto Cavalheiro Parraga - já custodiado no sistema prisional
  • Francisco Jackson Sales
  • Francisco Weverton Moura Amorim
  • Glenio César da Costa Muller - já custodiado no sistema prisional
  • Ítalo Eufrásio Lemos - "gerente" e já custodiado no sistema prisional
  • Jaderson Max Teixeira Brandão - já custodiado no sistema prisional
  • Kelli Letícia de Campos - "gerente" e dona da empresa de fachada
  • Klemerson Oliveira Dienstmann - "gerente" e já custodiado no sistema prisional
  • LindisleirAguilera do Nascimento
  • Lucas Eric Ramires dos Santos - advogado
  • Mayron Mendes da Silva
  • Paula Tatiane Monezzi - advogada Renan Santana de Souza
  • Ricardo Rodrigues da Silva - "gerente"
  • Sérgio Simão da Silva - contador da empresa de fachada
  • Sérgio Vinícios Cândia
  • Suellen Pereira de Souza
  • Valdinei Freitas Lopes

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* Matéria editada às 16h39 para acréscimo de informações.

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