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Capital

Preso comandava PMs e 3 advogados em esquema de tráfico de armas e drogas

Ação é desmembramento de outra investigação, da Operação Courrier, que chegou a prender defensor público de MS

Por Dayene Paz | 24/04/2024 11:45
Rafael da Silva Lemos fugiu do presídio em dezembro do ano passado. (Foto: Divulgação)
Rafael da Silva Lemos fugiu do presídio em dezembro do ano passado. (Foto: Divulgação)

Policiais militares, servidores públicos e advogados são alvos da Operação Last Chat, deflagrada pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) nesta quarta-feira (24). Investigação aponta que eles integram quadrilha de tráfico de armas e drogas, liderada por Rafael da Silva Lemos, conhecido como “Gazela” ou “Patrão”, que fugiu do presídio em dezembro do ano passado.

A ação é desmembramento de outra investigação, da Operação Courrier, que chegou a prender um defensor público de Mato Grosso do Sul, em maio do ano passado. A Operação Last Chat cumpre hoje 55 mandados judiciais, de prisão preventiva e busca e apreensão, em Campo Grande, Ponta Porã, São Paulo (SP) e Fortaleza (CE).

Segundo o MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul), a quadrilha integrada por cerca de 40 pessoas contava com uma rede sofisticada de distribuição. "Simultaneamente ao tráfico de drogas, a organização criminosa atua fortemente no comércio ilegal de armas de grosso calibre, como fuzis e submetralhadoras, além de granadas, munições, acessórios e outros materiais bélicos de uso restrito", diz trecho de nota do MP.

Parte de drogas apreendida durante investigação. (Foto: Divulgação)
Parte de drogas apreendida durante investigação. (Foto: Divulgação)

Para lavar o dinheiro relacionado aos crimes, a quadrilha utilizava diferentes métodos. "(...) como a constituição de empresa fictícia, uso de contas bancárias de terceiros, aquisição de veículos de alto valor econômico em nome de terceiros (Porsche, caminhões etc.), entre outros".

As atividades são coordenadas por Rafael da Silva Lemos, contra quem pesam condenações criminais que somam mais de 49 anos de prisão. Para liderar a organização criminosa de dentro da cadeia, ele utilizava celulares "de entrevistas reservadas com advogados que se prestavam a repassar os comandos criminosos aos diversos integrantes do grupo".

As investigações - As apurações do Gaeco começaram a partir da análise do celular apreendido com uma advogada presa durante a Operação Courrier, mas beneficiada com prisão domiciliar dias depois. Rafael contatava ela por mensagens para a prática de obstrução de investigações, lavagem de dinheiro, corrupções, entre outros crimes.

No decorrer dos trabalhos, foi possível identificar mais de 4 toneladas de maconha, mais de 3 mil comprimidos de ecstasy, centenas de munições e carregadores de fuzil de calibre 762 e pistolas calibre 9 milímetros, pertencentes à organização criminosa - tudo apreendido em ações policiais. De acordo com levantamento realizado pelo Gaeco, as apreensões geraram um prejuízo ao crime organizado superior a R$ 9 milhões.

Arma e carregadores apreendidos durante operação. (Foto: Divulgação)
Arma e carregadores apreendidos durante operação. (Foto: Divulgação)

Fuga - No dia 27 de dezembro do ano passado, o líder da quadrilha, "Gazela", fugiu do Estabelecimento Penal Masculino de Regime Semiaberto e Aberto de Dourados, durante deslocamento para consulta médica. Ele continua procurado pela Justiça. Informações sobre o paradeiro do foragido poderão ser informadas à Ouvidoria do Ministério Público de Mato Grosso do Sul (telefones: “127” e “0800-999-2030” – internet: mpms.mp.br/ouvidoria).

Hoje estão nas ruas equipes do Gaeco do Ministério Público dos Estados de MS, Ceará e de São Paulo, da Diretoria de Inteligência e do Batalhão de Choque da Polícia Militar de Mato Grosso do Sul, Gerência de Inteligência Penitenciário da Agepen (Agência de Administração do Sistema Penitenciário), além da Assessoria Militar do MPMS. A operação também contou com a participação da Comissão de Defesa e Assistência das Prerrogativas dos Advogados da Ordem dos Advogados do Brasil.

Last Chat (tradução livre: último bate-papo) alude ao esperado encerramento do contato até então mantido entre os integrantes presos e o mundo externo, por efeito da operação.

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