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Capital

"Mestre" para o PCC, defensor tem pedido de liberdade negado

Defensor está preso preventivamente, assim como o filho, advogado Bruno Ghizzi, ambos alvos de operação

Dayene Paz | 03/07/2023 15:41
Gaeco durante buscas em um dos endereços durante deflagração de operação em março do ano passado. (Foto: Henrique Kawaminami)
Gaeco durante buscas em um dos endereços durante deflagração de operação em março do ano passado. (Foto: Henrique Kawaminami)

O STJ (Superior Tribunal de Justiça) negou pedido de liberdade provisória e o defensor público de Mato Grosso do Sul, Helkis Clark Ghizzi, continua preso. Ele é alvo do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado), que apurou ligações de Ghizzi com o PCC (Primeiro Comando da Capital). Inclusive, o defensor era chamado de "Mestre" pelos faccionados.

Após ter pedidos negados pelo TJMS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul), a defesa recorreu ao STJ, alegando que Ghizzi é "paciente primário, de ótimos antecedentes, com residência fixa, defensor público e professor universitário".

Ainda, a defesa afirma que a prisão foi decretada porque ele não entregou o celular às autoridades que faziam a busca em sua residência e porque teria contratado advogados que posteriormente seriam ouvidos, alegadamente atrapalhando a colheita de provas. "Não existiu ordem judicial expressa para a entrega dos celulares pelo paciente", defende.

O relator do STJ, ministro Reynaldo Soares da Fonseca, entendeu que a liberdade implicaria na prática de "atos tendentes a embaraçar ou dificultar as investigações". A decisão é de 9 de junho.

Entenda - O defensor público foi afastado durante a deflagração da operação, no dia 1º de março deste ano. Na data, foram cumpridos quatro mandados de busca e apreensão, sendo apreendidos diversos documentos e computadores. Na ocasião, o defensor não quis entregar o aparelho de telefone.

Ele então foi alvo da segunda fase da Operação Courrier, chamada de "Maître", no dia 14 de março, quando também se negou a entregar o aparelho, afirmando que não tinha celular. Ele então acabou preso.

O Gaeco apura que Helkis, assim como o filho, advogado Bruno Ghizzi, integram o PCC. São investigados crimes de associação criminosa, corrupção ativa, corrupção passiva e violação de sigilo funcional qualificada, atribuídos a Bruno Ghizzi - apontado como “gravata” do PCC - que já se encontra custodiado preventivamente desde março de 2022 - o defensor público e seu ex-assessor, também advogado.

O nome da operação "Maître", inclusive, faz alusão à forma que os demais integrantes da associação se referiam ao defensor público, denominado como “Mestre”, tratamento conferido aos operadores do Direito.

Conforme o Gaeco, as investigações, que começaram no início do ano passado, apontaram a formação do núcleo “Sintonia dos Gravatas”, célula do PCC, na qual advogados valiam-se, criminosamente, de suas prerrogativas constitucionais para transmitirem recados de faccionados presos a outros membros da organização criminosa, inclusive sobre planejamento de atentados contra a vida de agentes públicos: um juiz e um promotor.

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