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Cidades

Em defesa, advogada assume ser "normal" falar com clientes presos pelo celular

A defesa pondera que, apesar disso, não há, nesse caso, “nenhuma ilegalidade na conduta do Advogado”

Lucia Morel e Aline dos Santos | 11/04/2022 18:25
Bilhete encontrado na casa da advogada. (Foto: Reprodução)
Bilhete encontrado na casa da advogada. (Foto: Reprodução)

Denunciada como advogada de recados do PCC (Primeiro Comando da Capital), a defesa de Inaíza Herradon Ferreira informou ao Campo Grande News que é rotineiro e comum que o contato entre os defensores e seus clientes presos seja feito pelo celular, mesmo que os aparelhos sejam proibidos nas instituições penais.

Reportagem mostrou hoje que o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) identificou que a advogada trocou quase três mil mensagens em dez dias com  o denominado “Resumo”, o preso Cristhian Thomas Vieira. O caso é investigado na Operação Courrier. Ele ocupava o posto de gerente da facção. Já Inaíza o teria orientado sobre uso de aplicativo mais seguro para as conversas.

“Na atuação na Advocacia criminal, infelizmente, tais contatos são corriqueiros”, ressalta a defesa da advogada em respostas ao Campo Grande News, ao que completa que “sendo que muito presos procuram a assistência justamente por telefone”.

A defesa pondera que, apesar disso, não há, nesse caso, “nenhuma ilegalidade na conduta do Advogado” e que no caso citado, “o foco foi somente em relação a esse cliente – Cristhian Thomas Vieira – mas o contato com outros é praticamente rotineiro”.

Em resposta à reportagem, Inaíza também afirma que a denúncia feita contra ela de tentar obstruir a Justiça é uma tentativa do outro advogado acusado, Bruno Ghizzi, de “queimar” a atuação dela.

Assim, para a defesa, Bruno “teria indicado o nome de Inaíza como de “advogada de recados do PCC”, assim como fez com outros colegas com atuação ilibada na Advocacia Criminal, na nítida intenção de mudar o foco da checagem indevida do nome do Delegado Carlos Delano, e por consequência danificar a imagem daqueles que ele tem como concorrentes”.

Maize Herradon Ferreira, advogada e irmã de Inaíza, cita ainda que no Presídio de Regime Fechado da Gameleira, a Super Máxima, “é normal o atendimento por Advogados exclusivamente para recados, tanto que um preso sempre tem mais de um advogado atendendo, mas não pode precisar o cunho de tais recados”.

A defesa ainda comenta sobre bilhete encontrado na casa da advogada presa com lista de nomes de armas, ao que se defende afirmando que não se trata de bilhete, mas anotações de Inaíza em estudo de caso para o qual advogava. “Sendo a sua atuação na Área Criminal, é inquestionável que tais documentos vão se referir justamente a práticas de crime”, defende-se.

Por fim, sustenta que sempre atuou com honestidade, clareza e respeito às leis, sendo que em 18 anos de profissão, nunca foi relacionada a fatos escusos e que mesmo na época em que atuou como contratada pelo Tribunal de Justiça, entre 2001 e 2015, “com acesso às senhas e outras informações relativas a função, e nunca se valeu de tais facilidades”.

Ela também afirma que a advocacia é sua “menor atividade”, uma vez que é micro empresária no ramo de turismo e lazer.

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