Mulher de ex-secretário vai cumprir prisão em quarto sem tv e geladeira
A advogada Rachel Rosa de Jesus Portela Giroto, mulher do ex-secretário estadual de Obras, Edson Giroto, vai ocupar um quarto no prédio do PME (Presídio Militar Estadual), que foi preparado para recebê-la dentro do que determina o Estatuto da OAB com relação aos profissionais que tiverem prisões decretadas pela justiça. Por enquanto ela está ocupando a sala destinada aos advogados na Superintendência da PF (Polícia Federal), para onde foi levada na manhã deste sábado (14).
A presidente da Comissão de Prerrogativas da OAB/MS (Ordem dos Advogados do Brasil, seccional de Mato Grosso do Sul), Silmara Salamaia Gonçalves, esteve acompanhando Rachel Giroto na PF. Ela disse que a transferência da mulher de Edson Giroto para o PME está dependendo apenas da logística da Polícia Federal, e isso pode ocorrer ainda neste fim de semana.
Silmara Gonçalves esteve pessoalmente verificando o local onde Rachel Giroto vai ficar recolhida no PME. Ela explica que, pelo Estatuto da OAB, o advogado não pode ficar preso em local com grades e fechado. Por isso, o comando da PME providenciou um quarto que segue o que manda o Estatuto.
A presidente da Comissão de Prerrogativas não soube dizer o tamanho do quarto, mas disse que ele possui banheiro com chuveiro elétrico, beliche e ar condicionado. Mas não tem televisão, rádio e nem geladeira ou frigobar. Rachel ficará com a chave da porta e poderá circular pelo corredor, mas não pode deixar o local.
O advogado de Rachel Giroto, Valeriano Fontoura, havia conseguido na última terça-feira que a justiça permitisse que ela cumprisse a prisão temporária em regime domiciliar. Um dos argumentos usado por ele e que foi acatada pela juíza do caso, Monique Marchioli Leite, é de que no PME não havia local de acordo com o Estatuto da OAB para recebê-la. Outro argumento é de que ela tem filha de sete anos, que precisa da sua companhia.
Como o PME providenciou um local dentro das normas, agora Rachel Giroto não terá mais o benefício da prisão domiciliar. Além dela, tiveram as prisões temporárias convertidas em preventiva o marido Edson Giroto, o dono da Proteco, João Alberto Krampe Amorim dos Santos, a filha dele Ana Paula Amorim Dolzan, Elza Cristina Araújo dos Santos, sócia de Amorim na Proteco; Wilson Roberto Mariano de Oliveira, servidor da Agesul (Agência Estadual de Gestão de Empreendimentos), a filha dele, Mariane Mariano de Oliveira, e o empresário Flávio Garcia Scrocchio, preso em Tanabi. (SP).
As prisões fazem parte da investigação da Operação Fazendas de Lama, deflagrada na última terça-feira (10) pela PF, CGU (Controladoria-Geral da União) e Receita Federal. É a segunda fase da Operação Lama Asfáltica, realizada em 9 de julho do ano passado, para investigar desvio de recursos federais na execução de obras em rodovias no estado.
Nesta segunda fase, as investigações apontam que os integrantes da organização usam o dinheiro desviado na compra de bens imóveis, principalmente fazendas, daí a operação levar o nome Fazendas de Lama. Segundo os coordenadores desse trabalho, já foram encontradas cerca de 67 mil hectares de fazendas em nome dos investigados.
Mariane Mariano e Elza Cristina dos Santos também haviam conseguido a prisão domiciliar, mas agora não se sabe se com a preventiva elas terão que retornar às celas da 3ª Delegacia de Polícia, no bairro Carandá Bosque, para onde foram levadas as mulheres presas na Fazendas de Lama.