Na incerteza, Centro amanhece com comerciantes aflitos e clientes apreensivos
Movimentação aumentou com o passar das 8h da manhã e, na dúvida se abre ou fecha, pessoal foi resolver a vida
A movimentação no Centro na manhã desta sexta-feira (11), véspera do Dia dos Namorados e depois de uma reviravolta de decretos, foi de clientela apreensiva e comerciantes desesperados.
Quem acompanhou o noticiário ontem resolveu sair de casa cedo e vir até de cidade vizinha para "resolver a vida" antes que tudo feche as portas.
Dona de casa, Aluana Laís Pequena, de 28 anos, veio do assentamento Estrela, em Jaraguari, distante cerca de 30 quilômetros de Capital. "Soube ontem pelos jornais da bandeira cinza e que ia fechar, fiquei confusa, porque não sabia qual dia começaria a valer, mas vim para pagar conta e fazer as compras para casa", conta.
Ela diz que veio na "sorte", sem ter a certeza de que encontraria o que precisava funcionando, mas tinha que arriscar. "Pretendo resolver tudo o que preciso e voltar para casa à tarde. Não acho errado de fechar, até porque perdi duas pessoas da minha família para a covid", comenta.
Cabeleireira, Roberta de Vendrany, de 30 anos, já tinha aberto o salão de beleza onde trabalha antes das 8h da manhã. Aflita com o "fecha tudo", ela diz que precisa trabalhar para por dinheiro dentro de casa.
Pelo decreto, Campo Grande não vai poder ter salões de beleza em funcionamento, porque o comércio fica impedido de atender a clientes, somente delivery.
"Acho que deveriam era fiscalizar os ônibus, onde tem muita aglomeração e gera propagação dos vírus, ficar de olho nessas festas clandestinas e multar quem está fazendo isso. Eles que estão atrapalhando todos nós", diz revoltada.
Na fala da cabeleireira, os autônomos como ela que estão pagando o pato. "Precisamos trabalhar, ter dinheiro para levar alimento dentro de casa. Quem é autônomo está sofrendo, abri hoje e vou trabalhar até às 17h na tentativa de ter algum lucro, porque serão dias de portas fechadas depois", descreve.
Além de ter que garantir o sustento durante os dias em que o salão vai ficar fechado, Roberta desabafa sobre as contas que sabe que vão ficar atrasadas. "Meus cobradores não querem saber disso, só querem que paguem o aluguel em dia".
Dona de uma loja de roupas na Rua 14 de Julho, Kety Mota, de 38 anos, vê o fechamento acontecer pela terceira vez, enquanto as festas clandestinas rolam solto todo fim de semana.
"Estão investindo em obras em vez de investir em leitos de hospital. Agora que vem a bandeira cinza querem fechar o Centro, fiscalizam e multam se a gente abrir, mas nos bairros vejo muitas lojas trabalhando normalmente", denuncia.
Por conta de ontem, do decretou publicado logo cedo pelo Governo do Estado, Kety já viu o movimento cair. Hoje chegou cedo para ver se consegue vender e tem até 19h para isso. "Porque serão muitos dias fechados depois. É muita pressão psicológica", desabafa.
No entanto, pelo decreto, ficará permitido a ela trabalhar, mas apenas com delivery.
Aposentado, Enestor Estigarriba, de 68 anos, saiu de casa cedo para aproveitar e resolver pendências no Procon. "Vou aproveitar também para saber se a loja onde quero ir vai abrir. Vou dar uma passada lá para resolver uns problemas antes de tudo fechar", resume.
Prazo de 48h - O governo de Mato Grosso do Sul atendeu ao pedido dos municípios e adiou em 48h o início das restrições previstas no decreto publicado nessa quinta-feira (10), para tentar conter o avanço da covid-19 no pior momento da pandemia no Estado. A partir de domingo (13) todos os municípios do Estado deverão aderir às novas regras.
Na Capital, significa fechar serviços, exceto os considerados essenciais. Veja abaixo quais são: