Na incerteza, Centro amanhece com comerciantes aflitos e clientes apreensivos
Movimentação aumentou com o passar das 8h da manhã e, na dúvida se abre ou fecha, pessoal foi resolver a vida
A movimentação no Centro na manhã desta sexta-feira (11), véspera do Dia dos Namorados e depois de uma reviravolta de decretos, foi de clientela apreensiva e comerciantes desesperados.
Quem acompanhou o noticiário ontem resolveu sair de casa cedo e vir até de cidade vizinha para "resolver a vida" antes que tudo feche as portas.
![Aluana veio de assentamento em Jaraguari para fazer compras e pagar contas antes de tudo fechar. (Foto: Marcos Maluf)](https://cdn6.campograndenews.com.br/uploads/noticias/2021/06/11/zwxrrresfkqs.jpeg)
Dona de casa, Aluana Laís Pequena, de 28 anos, veio do assentamento Estrela, em Jaraguari, distante cerca de 30 quilômetros de Capital. "Soube ontem pelos jornais da bandeira cinza e que ia fechar, fiquei confusa, porque não sabia qual dia começaria a valer, mas vim para pagar conta e fazer as compras para casa", conta.
Ela diz que veio na "sorte", sem ter a certeza de que encontraria o que precisava funcionando, mas tinha que arriscar. "Pretendo resolver tudo o que preciso e voltar para casa à tarde. Não acho errado de fechar, até porque perdi duas pessoas da minha família para a covid", comenta.
![Cabeleireira, Roberta já se desespera ao pensar em duas semanas de salão fechado. (Foto: Marcos Maluf)](https://cdn6.campograndenews.com.br/uploads/noticias/2021/06/11/2muf73mbwdusk.jpeg)
Cabeleireira, Roberta de Vendrany, de 30 anos, já tinha aberto o salão de beleza onde trabalha antes das 8h da manhã. Aflita com o "fecha tudo", ela diz que precisa trabalhar para por dinheiro dentro de casa.
Pelo decreto, Campo Grande não vai poder ter salões de beleza em funcionamento, porque o comércio fica impedido de atender a clientes, somente delivery.
"Acho que deveriam era fiscalizar os ônibus, onde tem muita aglomeração e gera propagação dos vírus, ficar de olho nessas festas clandestinas e multar quem está fazendo isso. Eles que estão atrapalhando todos nós", diz revoltada.
Na fala da cabeleireira, os autônomos como ela que estão pagando o pato. "Precisamos trabalhar, ter dinheiro para levar alimento dentro de casa. Quem é autônomo está sofrendo, abri hoje e vou trabalhar até às 17h na tentativa de ter algum lucro, porque serão dias de portas fechadas depois", descreve.
Além de ter que garantir o sustento durante os dias em que o salão vai ficar fechado, Roberta desabafa sobre as contas que sabe que vão ficar atrasadas. "Meus cobradores não querem saber disso, só querem que paguem o aluguel em dia".
![Lojas podem funcionar normalmente hoje e amanhã; comerciante vai tentar vender para compensar prejuízo do "fecha tudo" a partir de domingo. (Foto: Marcos Maluf)](https://cdn6.campograndenews.com.br/uploads/noticias/2021/06/11/161zdl55ozukg.jpeg)
![Dona de loja, Kety conta que a movimentação já caiu ontem, logo que o decreto foi publicado. (Foto: Marcos Maluf)](https://cdn6.campograndenews.com.br/uploads/noticias/2021/06/11/1ce79airo6r7.jpeg)
Dona de uma loja de roupas na Rua 14 de Julho, Kety Mota, de 38 anos, vê o fechamento acontecer pela terceira vez, enquanto as festas clandestinas rolam solto todo fim de semana.
"Estão investindo em obras em vez de investir em leitos de hospital. Agora que vem a bandeira cinza querem fechar o Centro, fiscalizam e multam se a gente abrir, mas nos bairros vejo muitas lojas trabalhando normalmente", denuncia.
Por conta de ontem, do decretou publicado logo cedo pelo Governo do Estado, Kety já viu o movimento cair. Hoje chegou cedo para ver se consegue vender e tem até 19h para isso. "Porque serão muitos dias fechados depois. É muita pressão psicológica", desabafa.
No entanto, pelo decreto, ficará permitido a ela trabalhar, mas apenas com delivery.
![Aposentado, Enestor foi resolver a vida e aguardava loja onde queria comprar abrir. (Foto: Marcos Maluf)](https://cdn6.campograndenews.com.br/uploads/noticias/2021/06/11/2awytpaq6f9co.jpeg)
Aposentado, Enestor Estigarriba, de 68 anos, saiu de casa cedo para aproveitar e resolver pendências no Procon. "Vou aproveitar também para saber se a loja onde quero ir vai abrir. Vou dar uma passada lá para resolver uns problemas antes de tudo fechar", resume.
Prazo de 48h - O governo de Mato Grosso do Sul atendeu ao pedido dos municípios e adiou em 48h o início das restrições previstas no decreto publicado nessa quinta-feira (10), para tentar conter o avanço da covid-19 no pior momento da pandemia no Estado. A partir de domingo (13) todos os municípios do Estado deverão aderir às novas regras.
Na Capital, significa fechar serviços, exceto os considerados essenciais. Veja abaixo quais são: