Com foco no Dia dos Namorados, só motéis escapam de regras da covid na Capital
Determinação é fechar tudo na Capital e quem preparou estoque para a data teme prejuízo
Campo Grande entrou na bandeira cinza de risco extremo para covid-19 na manhã desta quinta-feira (10) e a partir de amanhã, 11, deve proibir o funcionamento de estabelecimentos que não estejam classificados como essenciais. Nessa lista, entram justamente os setores que mais lucram em junho: lojas de presentes, floriculturas, bares e restaurantes.
Na relação de proibições dos setores com maior apelo no Dia dos Namorados, só os motéis se livraram e vão abrir as portas no sábado (12).
Às vésperas do Dia dos Namorados, a classificação foi um balde de água fria para quem esperava a data para lucrar dobrado.
Decreto publicado pelo Governo do Estado hoje, determina que municípios obedeçam as restrições do Prosseguir para cada bandeira, no caso da cinza, a ordem é fechar tudo que não seja essencial e dos estabelecimentos mais procurados no Dia dos Namorados, apenas os motéis e hotéis estão nos essenciais.
Para o sindicato dos trabalhadores no setor, o momento é de preocupação mesmo que o funcionamento esteja permitido. De acordo com o presidente do Sinthorems (Sindicato dos Trabalhadores em Hotéis, Motéis, Restaurantes e Similares), Hélio Amancio, 57 anos, as restrições são radicais e prejudicam muita gente.
“O fechamento radical é prejudicial. Mesmo com os hotéis e motéis liberados, o publico ainda é pequeno e não tem um risco maior, mas em contrapartida a parte de alimentação e bebidas vai ter um prejuízo maior e a gente lamenta a situação”, declarou Amancio.
Lojas - Quem trabalha no varejo e esperava a data para garantir as metas do mês teme perder as comissões e até mesmo ficar sem duas semanas de pagamento, já que depende das vendas para garantir a renda. Como é o caso da vendedora, Larissa Pinheiro, 21 anos.
Trabalhando no comércio há cinco anos, ela lembra que antes da pandemia o movimento era muito bom no Dia dos Namorados, mas desde que tudo começou tem sido complicado manter os ganhos.
“Dependo das vendas. Aqui recebemos por semana, se fechar 15 dias são 2 semanas sem dinheiro. É uma situação que gera aflição porque sem dinheiro não tem como comprar alimento e até remédio em caso de necessidade.”, afirmou a vendedora.
Assim como ela, Fabiana Urbanette Gomes, 42 anos, gerente de uma loja de cosméticos, estava focada na data para garantir a comissão e bater as metas.
Flores - Nas floriculturas, mesmo com o delivery liberado, os empresários garantem que perda do estoque preparado para a data também vai gerar prejuízo de até 70% . Em uma das lojas da Capital, por exemplo, o dono diz que investiu R$ 40 mil.
Adriano Cortes de Mendonça, 47 anos, afirma que por serem perecíveis, muita coisa vai ir para o lixo, porque contava com os namorados que aparecem na loja para comprar.
“Vou levar um prejuízo grande. Muitos produtos tem prazo de validade. É uma semana para vender uma flor. Não tem como se safar, vai tudo para o lixo. O delivery não é a mesma coisa nessa época.”, disse Adriano.
Para ele a medida de fechar atividades não-essenciais podia esperar pelo menos o fim de semana, para que quem preparou não tivesse tanta perda.
“É uma situação que já vinha piorando, mas deixaram chegar no extremo para vir a medida. Poderia fechar no domingo, 90% das nossas vendas acontecem na véspera e no Dia dos Namorados”, desabafou o empresário.
“Estamos tentando não perder o foco, mas ficamos apreensivos com as medidas. Dependemos de metas para ter a comissão. Essa notícia deixa a gente aflita.”, desabafou Fabiana.
Para a CDL (Câmara dos Dirigentes Lojistas), o setor foi pego de surpresa. Segundo o presidente, Adelaido Vila, os comerciantes investiram em estoques de produtos específicos para a data e o fechamento vai gerar um prejuízo muito grande.
“As restrições prejudicam mais uma vez o varejo, bares e restaurantes. Setores que contavam com o Dia dos Namorados para ganhar folego, já que é uma das melhores datas do ano. Precisamos de maior previsibilidade nas ações porque fizemos investimentos em estoques de produtos para as datas e vamos sofrer mais uma vez com as restrições”, disse Adelaido.