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Capital

Na Praça do Rádio, profissionais da enfermagem pressionam por R$ 7 bi para piso

Liberado ao Ministério da Saúde, dinheiro ainda não chegou às instituições, dizem manifestantes

Cassia Modena e Idaicy Solano | 29/06/2023 09:31
Profissionais se concentram na Praça do Rádio, na Capital (Foto: Marcos Maluf)
Profissionais se concentram na Praça do Rádio, na Capital (Foto: Marcos Maluf)

Profissionais da enfermagem de Campo Grande e municípios do interior paralisaram seus trabalhos nesta quinta-feira (29) para se manifestarem pela garantia do piso salarial nacional da categoria, que conta com recurso de R$ 7,3 bilhões destinados pelo Governo Federal ao Ministério da Saúde.

Eles estão concentrados na Praça do Rádio Clube desde as 7h e prometem ficar no local até o fim da tarde, para chamar atenção para a causa com cartazes e carro de som. A expectativa das lideranças sindicais que organizam a paralisação é que 400 pessoas participem ao longo do dia.

O enfermeiro Claudinei Bilancere Correia, 50, é um dos presentes. Ele explica que luta por um direito adquirido. "Foi aprovada uma lei federal e já teve a destinação dos recursos para o repasse da verba dos do piso. O problema é que esse repasse não aconteceu e ainda ninguém recebeu".

Claudinei participa da paralisação desde o início da manhã (Foto: Marcos Maluf)
Claudinei participa da paralisação desde o início da manhã (Foto: Marcos Maluf)

O movimento de paralisação acontece concomitantemente em todos os estados brasileiros, com a mesma justificativa.

Recurso não chegou - Presidente do Siems (Sindicato dos Trabalhadores na Área de Enfermagem de Mato Grosso do Sul), Lázaro Santana afirma que a categoria realiza a paralisação por não ter a garantia do pagamento do piso salarial nos hospitais e demais instituições de saúde, tanto públicas quanto particulares.

Os profissionais não sabem se os recursos para o complemento necessário ao salários para se chegar ao piso realmente serão depositados. "Não sabemos nem se esse recurso chegou às instituições", afirma Santana.

Presidente do Siems afirma que categoria tem que continuar pressionando (Foto: Marcos Maluf)
Presidente do Siems afirma que categoria tem que continuar pressionando (Foto: Marcos Maluf)

O sindicalista também cita a preocupação que votos desfavoráveis de ministros do STF (Supremo Tribunal Federal), já registrados em relação à lei que institui o piso salarial da enfermagem, possam novamente suspender seu pagamento no Brasil.

Jornadas exaustivas - O piso salarial é reivindicado pela categoria há mais de 10 anos. Uma das justificativas para sua aprovação é que o adoecimento mental e físico dos profissionais da área tem relação com remunerações ruins, que os obriga a trabalhar em mais de um emprego ou estender suas jornadas para receber extras.

O vice-presidente da CNTS (Confederação Nacional dos Trabalhadores na Saúde) e funcionário da Santa Casa de Campo Grande, Osmar Gussi, também defende que a lei do piso não seja "retalhada" pelo STF, igualando o mesmo piso para diferentes cargas horárias semanais. "O piso é mais do que justo para esses profissionais, para não vermos mais esses profissionais trabalhando em dois, três empregos para sustentar e arcar com suas responsabilidades", acrescenta.

A técnica de enfermagem Dayane dos Santos, 36, chegou cedo na praça. Ela também trabalha na Santa Casa e ainda no centro cirúrgico, setor onde a carga de estresse é grande. Ela detalha um pouco a rotina:

É bem corrido. Chegam várias pessoas graves. Às vezes, acabamos de montar a sala para um tipo de cirurgia e temos que desmontar para entrar um outro paciente, uma emergência. Tem dias que lidamos com a tristeza de ver pessoas morrendo, mesmo fazendo tudo que fazemos, mesmo com todas as correrias, mesmo improvisando com a falta de insumos.

Mas temos as nossas glórias. São dias em que o paciente sai bem, que fica tudo bem. Isso supera um pouco a tristeza de quando perdemos um paciente.

Eu falo que a enfermagem está doente, tem várias pessoas afastadas por problema psicológico, por doença. Às vezes, faltam funcionários e você tem que correr mais para suprir aquela falta, sabe? E tem gente que faz muita hora extra para tentar ajudar a equipe a atender todo mundo".

Dayane acredita que o pagamento do piso trará valorização.

Que a gente tenha um salário melhor, mais digno, porque estamos ali todos os dias. Passamos Natal, Ano Novo, Dias das Mães e dos Pais lá dentro com a família do centro cirúrgico, com a família do hospital, porque nós somos mais uma família. Passamos mais tempo no hospital do que em casa, às vezes dobramos plantões. Que possamos ser valorizados e falar assim: eu estou ganhando o que eu mereço ganhar".

Valores - Valores do piso fixados por lei e emenda constitucional são:

  • Enfermeiros – R$ 4.750
  • Técnicos de enfermagem – R$ 3.325
  • Auxiliares de enfermagem e parteiras – R$ 2.375
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