“Não estou à caça às bruxas, quero justiça!”, diz a júri mãe de jovem fuzilado
Advogada, Cristiane de Almeida Coutinho, mãe de Matheus Coutinho Xavier, é assistente de acusação no júri
Durante réplica da acusação no júri popular, a advogada Cristiane de Almeida Coutinho, mãe de Matheus Coutinho Xavier, jovem de 20 anos que foi alvejado por engano no lugar do pai, o policial militar Paulo Xavier, voltou a falar frente a frente com os réus Jamil Name Filho, Marcelo Rios, e Vladenilson Daniel Olmedo, acusados de planejar a execução.
Em sua pronúncia, a mãe da vítima conteve a emoção e garantiu que busca justiça para a morte do filho e que as 15 mil folhas do processo comprovam a participação de todos os réus, membros da “maior milícia armada de Mato Grosso do Sul”, liderada pela família Name. “A verdade está no processo e é uma só. Eu busco a justiça”, iniciou Cristiane.
“Meu filho não pôde formar, ele nunca voltará pra casa eu o enterrei num caixão lacrado. Os réus tiveram a oportunidade de depois de 4 anos verem os filhos e chorar, mas eu nunca mais vou ver meu filho. Eu não pude dar o último beijo e abraço. O pai dele foi segurando as mãos ensanguentadas e saindo sangue do ouvido da boca e nariz. Isso é pouca coisa? O que está aqui, é a verdade”, disse a mãe apontando para a pilha de folhas que formam o processo de investigação da morte do jovem.
Cristiane usou parte do seu tempo para apresentar um vídeo, em que Matheus Coutinho participava de um júri simulado do curso de Direito em que era acadêmico do terceiro semestre. “Isso pode acontecer com qualquer um de nós e isso assusta. Me assusta. Isso pode acontecer com vocês, seu pai, mãe e filhos no futuro. Aonde vamos chegar?”, disse a vítima no trecho do vídeo, sem saber o que aconteceria no futuro.
“Em um júri simulado, na mesma universidade que o filho do réu [Jamilzinho] estuda, ele não imaginava que essa imagem ia passar no júri em que ele é a vitima”, lamentou a mãe. “Eu sou advogada, mas nunca serei uma ex-mãe, é difícil, mas estou aqui em homenagem a ele, todos sabem o quão honrado ele era”, continuou.
Em relação ao processo, em que a defesa dos réus tenta argumentar que há fragilidade e falta de provas concretas, a mãe do jovem ressalta que está muito bem fundamentado e que prova a participação de todos.
“Não estou à caça às bruxas, eu quero justiça. Essas quase 15 mil folhas não são em vão, não tem piadas e nem conversa pra boi dormir, e sim provas. Então, não venha com essa conversa de que não tem prova da arma que matou meu filho e nem a balística dos projéteis. Mais respeito”, disse Cristiane.
Ao final de sua fala, a assistente de acusação ainda criticou a defesa dos réus por tratarem seu filho como “Mateuzinho”, como se houvesse alguma intimidade. “Não autorizo que, além do Gaeco, o chamem de Mateuzinho, porque ele nunca foi próximo dessas pessoas que agora vem aqui defender uma organização criminosa”, salientou.
Voltando sua atenção às sete pessoas que compõe o júri popular, a mãe do jovem reforçou que a autoria, motivação e os elementos do crime foram amplamente debatidos comprovando a participação dos réus na execução. “A vocês cabem a decisão e espero que seja feita a justiça para me dar a paz que eu sempre espero”, finalizou.
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