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Capital

Aos jurados, Jamilzinho apela por bom senso e garante que fez promessa ao pai

Após 2 horas e 20 minutos de depoimento, Jamil Name Filho, o “Jamilzinho”, encerrou o segundo dia de júri

Lucia Morel, Aline dos Santos e Ana Beatriz Rodrigues | 18/07/2023 20:48

Após 2 horas e 20 minutos de depoimento (entre 17h30 e 19h50), Jamil Name Filho, o “Jamilzinho”, encerrou o segundo dia de júri com sua fala apelando à humanidade e ao bom senso dos jurados. Instigado pelo advogado Eugênio Carlo Balliano Malavasi, Name “externou seu sacrossanto direito de defesa” e falou sobre como teriam sido os últimos dias de seu pai na prisão e o pedido que lhe fez de “limpar” o nome da família.

Contou, virando-se lentamente na direção dos jurados, que ele e o pai, Jamil Name, foram “arrancados” do Centro de Triagem, em Campo Grande, rumo ao Presídio Federal de Mossoró (RN) após denúncia anônima de que tramavam a morte do delegado responsável pelas investigações, Fábio Peró, em outubro de 2019. Somente em julho do ano seguinte, disse ter tido contato novamente com o pai.

“Na primeira vez que conseguimos nos comunicar, em julho de 2020, no ápice da covid-19, porque não tinha visita, meu pai começou a morrer devagar. Não é brincadeira um RDD (Regime Disciplinar Diferenciado). A única coisa que peço pro meu pai, que morto, e não está mais aqui”, começou contando.

Durante um banho de sol, em que puderam conversar, Name teria chamado o filho Jamilzinho para sentar ao seu lado, botado a mão em seu joelho e dito: “quero que você fala uma promessa a seu pai”, e continuou, “o meu nome, Jamil Name, é o que eu fiz, eu construí minha vida inteira. Isso aí vale pra mim mais que qualquer coisa. Prometa que você vai limpar tudo isso que foi feito”, terminou, com a voz embargada.

Jamilzinho tentou emocionar os jurados falando ainda que o sistema RDD “não é brincadeira” e não é humano e que seu pai era idoso, e mesmo assim “Não é brincadeira. Meu pai dormiu 1 ano e 9 meses com a luz acesa, numa cela de Presídio Federal de três metros de comprimento por dois metros de largura”.

Jamil Name Filho em depoimento na tarde de hoje. (Foto: Henrique Kawaminami)
Jamil Name Filho em depoimento na tarde de hoje. (Foto: Henrique Kawaminami)

Também ressaltou que o “Velho” foi preso aos 80 anos, morrendo aos 82 anos, ainda detido. “Não é humano o que foi feito. Não quero fazer acusação nenhuma, mas as maiores autoridades do Estado, nenhuma apareceu. E os artigos 317 e 318 do Código Penal diz que nenhuma pessoa, em hipótese alguma com 80 anos, pode cumprir pena em qualquer tipo de cadeia, e meu pai, à época com 80 anos e 5 meses, foi para o Presídio de Mossoró. Não preciso falar mais nada. Aí é a consciência e o bom senso, o lado humanitário de cada um. É o que eu tinha pra falar”, encerrou.

Terceiro dia - Amanhã é o dia de defesa e acusação se debruçarem sobre o processo e analisarem as alegações para decidir se Name Filho foi ou não responsável por tirar a vida do estudante Matheus Coutinho Xavier. Os sete jurados terão de definir como foram as participações na trama do ex-guarda municipal Marcelo Rios e do policial civil aposentado Vladenilson Daniel Olmedo, conhecido como "Vlad".

O fato de serem três réus em julgamento já é a primeira especificidade da sessão na 2ª Vara do Tribunal do Júri. Acusação e defesa terão um total de 9 horas só para debater o caso, apresentando seus argumentos aos integrantes do conselho de sentença.

Para evitar o desgaste dos depoentes, o juiz Aluízio Pereira dos Santos escalonou as convocações de testemunhas, que foram todas ouvidas entre ontem e hoje. Amanhã, o julgamento retorna às 9 horas.

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