De frente com mãe de vítima, Name fala em carros blindados e vida de filhos
Jamilzinho respondeu a perguntas de Cristiane de Almeida Coutinho, mãe de Matheus Xavier, morto aos 20 anos
Frente a frente com Cristiane de Almeida Coutinho, mãe de Matheus Coutinho Xavier, morto aos 20 anos, Jamil Name Filho falou sobre ter condições para comprar carros blindados para que os três filhos – de 15, 18 e 20 anos – andem em segurança por Campo Grande. Talvez Jamilzinho não tenha ponderado que o filho da advogada morreu justamente manobrando uma caminhonete, que foi fuzilada na porta da casa onde ele vivia com o pai, o policial militar reformado Paulo Roberto Teixeira Xavier, 52.
Jamilzinho “se desculpava” com Cristiane, assistente da acusação, que fez questão de fazer perguntas ao acusado de mandar matar PX e acabar acertando Matheus, depois que a advogada ficou irritada com resposta evasiva do réu. “Não estou provocando, senhora”.
Name Filho então se direcionou ao juiz Aluízio Pereira dos Santos, que preside o julgamento, onde fez considerações sobre ter dinheiro para comprar blindados, embora não o faça. “Excelência, com todo o respeito... A doutora se exaltou e não vou tirar a razão dela daquilo que ela conclui que seja verdade. Eu falei, não me omiti em pergunta alguma. Eu não estou aqui, estou em Mossoró, tenho três filhos, meus filhos não andam de carro blindado, eu não ando de carro blindado. Se eu fosse isso aí que eles querem me imputar, eu acho que pelo menos, eu tenho... e eu tenho, graças a Deus, condições, porque a vida dos meus filhos vale mais que qualquer dinheiro, de cada filho meu andar com um carro blindado”, dando a entender que não tem o que temer.
A advogada fez perguntas sobre como funcionava a rotina de segurança da casa dos Name – Jamilzinho morava em condomínio de luxo no Bairro São Bento, com o pai Jamil Name e a mãe, Tereza –, como eram feitas as contratações dos guarda-costas e por que da preferência por policiais e guardas civis. Também quis saber como eram feitos os pagamentos dos vigias.
Cristiane Coutinho também perguntou sobre a negociação de terras e desavença com o advogado Antônio Augusto de Souza Coelho, que teria motivado os Name a mandarem matar Xavier. Eles desconfiavam que PX, ex-segurança da família, havia “mudado de lado”. Ao trair a confiança de Jamil e Jamilzinho, o ex-policial militar teve sentença de morte decretada, segundo a Operação Omertà.
Sobre isso, Name Filho respondeu apenas que entendeu que Augusto havia lhes aplicado um golpe.
As respostas podem ser usadas pela acusação na construção da tese que promotores e a assistente levaram para os debates na frente dos jurados.
No começo do discurso, Jamilzinho também fez comentário sobre outra coincidência. Ele tem um filho que cursa Direito em universidade particular da Capital, a mesma onde Matheus Coutinho estudava para ser advogado.
Situação processual - Com 3 condenações, que já somam 23 anos e 2 meses de prisão, Jamil Name Filho, de 46 anos, se sentou, nesta segunda-feira (17), no banco do réus pela primeira vez. Embora já tenha sido sentenciado por extorsão armada, formar organização criminosa e porte ilegal de armas, ele nunca tinha ido a júri popular.
Na manhã de ontem, ele começou a ser julgado por cinco homens e duas mulheres sob a acusação de mandar matar Xavier, plano que por erro dos pistoleiros contratados, terminou com o estudante de Direito, fuzilado da direção da caminhonete S10 do pai, sem blindagem.
Jamil Name ainda pode recorrer das condenações, dadas fora do Tribunal do Júri, com penas fixadas em 12 anos por extorsão, 6 anos por organização criminosa, e 4 anos e 6 meses pela acusação de porte ilegal de armas.
Name Filho responde a outras duas ações acusado de ser mandante de assassinato de desafetos da família. Em uma terceira, juiz não aceitou a denúncia e o MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) está recorrendo. Ele também já foi absolvido pela acusação de obstrução de Justiça.
Morto por engano – O estudante de Direito Matheus Coutinho Xavier foi assassinado no dia 9 de abril de 2019. O ataque aconteceu por volta das 18h, quando ele saía da casa onde vivia com o pai, no Jardim Bela Vista, bairro nobre de Campo Grande.
A investigação apurou que o universitário foi morto por engano, pois estava manobrando o carro do pai. O policial militar reformado Paulo Roberto Teixeira Xavier era considerado traidor pela família Name, por isso, seria o alvo. O rapaz foi atingido com sete tiros de fuzil AK-47 e o disparo fatal foi na base do crânio.
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