Advogados desqualificam memória e participação de delegado em investigação
Delegado Tiago Macedo entrou no caso em outubro, seis meses após morte do estudante Matheus Coutinho
Desqualificar a memória e a participação dos delegados na investigação da morte do estudante Matheus Coutinho Xavier continua sendo a estratégia de defesa dos réus. No interrogatório desta tarde, o alvo foi o delegado Tiago Macedo dos Santos, que, a exemplo da colega Daniela Kades, entrou no caso seis meses após o crime ter ocorrido.
No entanto, o bombardeio durou bem menos do que de manhã: a delegada Daniela Kades passou por 2 horas de depoimento, entre questionamentos feitos pela promotoria e, principalmente, da defesa de Marcelo Rios, Vladenilson Daniel Olmedo e Jamil Name Filho, o “Jamilzinho”. Para Macedo, durou 38 minutos.
Os advogados de Marcelo Rios que, de manhã, protagonizaram bate-boca com Daniela Kades e promotoria, resultando até na intervenção do juiz Aluizio Pereira do Santos, voltaram à carga, questionando a investigação.
Luiz Rene Gonçalves do Amaral fez cronologia do caso: Matheus Coutinho foi morto no dia 9 de abril de 2019; o arsenal que seria da milícia comandada pelos Name foi descoberto em maio daquele ano e Tiago Macedo dos Santos, assim como Daniela Kades, passou a integrar a força-tarefa em outubro. Amaral questionou como ele falava no julgamento de interrogatórios dos quais não tinha participado.
Macedo rebateu, dizendo que sabia do conteúdo por ter lido relatório e participado de diligências envolvendo a apuração dos crimes e, por isso, se inteirou do caso. “Quero ressaltar que o senhor também não estava presente em nada e só leu tudo, então, estamos no mesmo pé”, disse o delegado. Amaral respondeu: “Aí que o senhor se engana, porque eu não estou aqui acusando ninguém”.
Ligação - Márcio Widal, que também representa Rios, voltou a fazer os mesmos questionamentos feitos a Daniela Kades. “Quem teria entregue as armas a Juanil e Zezinho? Ou eles teriam comprado?”. O delegado voltou a falar que isso estava nos autos, mas se recorda que não foi comprada pela dupla de executores.
Widal também perguntou se a polícia teve acesso à investigação do furto do carro usado na execução, que teria ocorrido em Suzano (SP). “Esse não era o foco, e sim, o crime que teria acontecido aqui”.
O advogado Alexandre Padilhas, que representa Vladenilson Olmedo, questionou se foi encontrada alguma ligação entre o réu com José Moreira Freixe, o “Zezinho”, considerado um dos executores do estudante. O delegado disse que não se recordava.
Também perguntou se a polícia fez perícia no carro para encontrar alguma digital que ligasse Olmedo ao caso. O delegado respondeu que o veículo foi encontrado queimado, impossibilitando qualquer identificação nesse aspecto.
Macedo acrescentou que a investigação identificou que Olmedo assumiu a gerência da organização depois da prisão do ex-guarda civil Marcelo Rios, em maio de 2019. Esse indício seria por conta da movimentação financeira dos Name feito para o policial civil. “O senhor menciona relatório de extrato bancário, teve acesso a esse extrato?”. Macedo respondeu: “Não, mas está nos autos”.
PCC – Eugênio Malavasi, da defesa de Jamil Name, voltou a perguntar sobre a metodologia dos delegados para o relatório final, tendo como resposta que a força-tarefa compartilhou argumentos para redigir. Malavasi perguntou se Macedo soube de alguma ligação entre Sérgio Roberto de Carvalho e Paulo Roberto Xavier, pai da vítima. O delegado não se recordou.
Embora não tenha falado, Sérgio Roberto de Carvalho é Major Carvalho, acusado de tráfico internacional de drogas.
Malavasi também indagou se Macedo sabia que Juanil Miranda Lima tinha uma tatuagem de carpa. O advogado não explicou o motivo da pergunta, mas a tatuagem do peixe costuma ser usada por integrantes do PCC (Primeiro Comando da Capital).
O delegado disse não saber. Sucinto, o outro advogado de Name, Nefi Cordeiro, só quis saber de que forma Macedo participou das investigações. A resposta também foi objetiva. “Está nos autos”.
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