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Capital

Primeiro dia de júri termina após nove horas e cinco testemunhas ouvidas

O foco da defesa dos réus foi desconstruir a narrativa que liga a família Name à morte de Matheus

Lucia Morel | 17/07/2023 18:48
Plenário do Tribunal do Júri durante a oitiva do investigador Giancarlos de Araújo e Silva (Foto: Paulo Francis)
Plenário do Tribunal do Júri durante a oitiva do investigador Giancarlos de Araújo e Silva (Foto: Paulo Francis)

Após nove horas, encerrou o primeiro dia do júri da década em que estão no banco dos réus Jamil Name Filho, o policial civil Vladenilson Daniel Olmedo e o ex-guarda municipal Marcelo Rios. Todos réus por formação de organização criminosa e milícia armada para pistolagem.

No julgamento específico, eles são acusados da morte do estudante Matheus Coutinho Xavier em abril de 2019, quando ele tinha 19 anos. Ele teria sido fuzilado no lugar de seu pai, o policial militar reformado Paulo Xavier. Neste primeiro dia, foram ouvidas cinco testemunhas de acusação, ou seja, arroladas pelo Ministério Público.

O dia começou com depoimento de duas horas da delegada Daniella Kades, e o foco da defesa dos réus foi desconstruir a narrativa que liga a família Name ao caso, centrando força no que considera fragilidade nos indícios apontados.

Citaram, por exemplo, a inexistência de rastreamento dos celulares dos réus, não comprovando a proximidade entre eles ou no local do crime. Daniela Kades disse que isso seria impossível de se mapear, já que havia indícios de que os integrantes da milícia dos Name trocavam até 15 vezes de chips em um único dia. Também citou o uso de bloqueadores pela quadrilha para esse intento.

Os depoimentos seguiram à tarde, com os delegados Tiago Macedo dos Santos e Carlos Delano Gehring Leandro de Souza. Na sequência, foi ouvido o pai da vítima, Paulo Xavier, e por fim, o investigador da Polícia Civil, Giancarlos de Araújo e Silva, que participou de toda a força-tarefa da Operação Omertà.

O foco da defesa, em todos os casos, foi tentar desvencilhar a família Name do caso, citando inclusive ligação entre o major reformado da PM e megatraficante Sérgio Roberto de Carvalho e Paulo Roberto Xavier, pai de Matheus.

Ao delegado Tiago, por exemplo, o advogado Eugênio Malavasi, da defesa de Jamil Name, voltou a perguntar sobre a metodologia dos delegados para o relatório final, tendo como resposta que a força-tarefa compartilhou argumentos para redigir. Malavasi perguntou se Macedo soube de alguma ligação entre Sérgio Roberto de Carvalho e Paulo Roberto Xavier. O delegado não se recordou.

Embora não tenha falado, Sérgio Roberto de Carvalho é Major Carvalho, acusado de tráfico internacional de drogas e ligado a Paulo Xavier nas Operação Xeque-Mate e Las Vegas, que colocaram “na mira” da Polícia Federal 140 PMs entre os anos de 2007 e 2009. Outra tática da defesa foi ainda tentar ligar os executores de Matheus ao PCC (Primeiro Comando da Capital).

Amanhã, serão ouvidas testemunhas elencadas pela defesa dos réus: a partir das 8h, falam as testemunhas de Jamilzinho. A lista de três pessoas tem Silvano Gomes Oliva (advogado), Leonardo Fabrício Gomes Soares (psiquiatra) e Eliane Benitez Batalha dos Santos, que é mulher de Marcelo Rios e presta depoimento também à tarde, a favor do marido.

No período da tarde, os jurados ouvem as testemunhas de Marcelo Rios: Orlando de Oliveira de Araújo (o Orlando Curicica, ex-policial militar e chefe de milícia no Rio de Janeiro) e Eliane. A defesa de Vladenilson arrolou as testemunhas Mário Cesar Velasque Ale (policial civil) e Wagner Louro da Rocha.

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