ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no X Campo Grande News no Instagram
NOVEMBRO, QUINTA  21    CAMPO GRANDE 27º

Capital

Informante indispensável na Justiça, pai de jovem executado por engano “some”

Se aparecer, Paulo Xavier será ouvido em júri que analisará assassinato do filho, morto a tiros aos 19 anos

Anahi Zurutuza e Ana Beatriz Rodrigues | 08/06/2023 07:34
Após missa em homenagem ao filho, em 2019, Paulo Xavier deu entrevista usando camiseta que questionava: "Quem matou Matheus?". (Foto: Henrique Kawaminami/Arquivo)
Após missa em homenagem ao filho, em 2019, Paulo Xavier deu entrevista usando camiseta que questionava: "Quem matou Matheus?". (Foto: Henrique Kawaminami/Arquivo)

Considerado pelo MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) como depoente de caráter imprescindível, o ex-policial militar Paulo Roberto Teixeira Xavier, pai do jovem estudante de Direito, Matheus Coutinho Xavier, morto a tiros aos 19 anos, está sumido. Em novembro do ano passado, os promotores Douglas Oldegardo, Luciana Rabelo e Moisés Casarotto pediram que “PX”, como é conhecido, fosse informado oficialmente de que teria de depor em júri popular. Oficial de justiça tentou encontrá-lo duas vezes, sem sucesso.

Consta nos autos do processo que julgará o assassinato de Matheus que o servidor do Judiciário esteve em endereço dado como de Paulo Xavier em fevereiro, em dias e horários diferentes, mas foi recebido pela inquilina do imóvel, que disse não saber o paradeiro do proprietário. Por estar “em local incerto e não sabido”, no linguajar jurídico, mais recentemente, em 2 de junho, mandato de intimação do pai da vítima para comparecer ao Tribunal do Júri em 17 de julho sequer foi expedido.

O Campo Grande News conseguiu contato com pessoa próxima a Xavier nesta semana. Sem detalhes, a fonte informou apenas que o ex-PM vive fora de Mato Grosso do Sul, mas que está atento a todos os andamentos do caso. Ele sabe que o julgamento foi marcado.

No júri popular de Jamil Name Filho, o “Jamilzinho”, acusado de ordenar a execução, o pai do acadêmico assassinado será ouvido na condição de informante – por ter laço afetivo com a vítima, embora tenha informações relevantes a prestar, não precisa fazer o compromisso com a “verdade, nada mais que a verdade”.

Também serão julgados, entre 17 e 20 de julho, o ex-guarda municipal Marcelo Rios e o policial civil aposentado Vladenilson Daniel Olmedo, conhecido como Vlad, que de acordo com a acusação, são integrantes de bando liderado pelos Name e teriam participação na execução.

Conforme a investigação da Operação Omertà – que mirou organização criminosa com características de máfia, dedicada a execuções como forma de manter o poder –, Xavier seria jurado de morte, afinal os tiros de fuzil AK-47 que atingiram Matheus seriam para ele, o que pode explicar o “sumiço”.

O ex-PM apareceu e deu entrevistas logo após a morte do garoto. Tentava ajudar a polícia e encontrar provas contra os culpados. Hoje, acompanha tudo de “bem longe”, segundo a pessoa próxima que conversou com a reportagem. Por segurança, ele mantém seu paradeiro em segredo.

Matheus Xavier foi morto por engano na porta de casa, em Campo Grande. (Foto: Facebook/Reprodução)
Matheus Xavier foi morto por engano na porta de casa, em Campo Grande. (Foto: Facebook/Reprodução)

O crime – Conforme a tese do MPMS, o acadêmico de Direito foi vítima de atentando que teria como alvo o pai. A investigação da Polícia Civil apurou que Xavier era desafeto do grupo comandado por Jamil Name, o “Velho”, e Jamilzinho.

O atentado aconteceu por volta das 18h do dia 9 de abril de 2019, uma terça-feira, na frente de casa de Paulo e Matheus Xavier, no Jardim Bela Vista, bairro nobre da Capital. A investigação apurou que o jovem foi morto por engano, pois estava manobrando o carro do pai. O rapaz foi atingido com sete tiros e o disparo fatal foi na base do crânio.

Jamil Name teve o nome excluído do processo depois de sua morte, em maio de 2020, vítima de covid-19. O processo foi desmembrado para outros dois réus, por estarem foragidos: José Moreira Freire, o “Zezinho”, e Juanil Miranda Lima.

Os dois, segundo a acusação, seriam os pistoleiros, responsáveis pela execução. “Zezinho”, que foi morto em troca de tiros com a Polícia Militar em Mossoró (RN), em dezembro de 2020, também teve nome excluído.

Juanil Miranda ainda está foragido e, neste caso, a Justiça determinou a suspensão dos trâmites até que ele seja recapturado.

Desaforamento – O júri de Jamilzinho e companhia só não acontecerá em julho se o Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul aceitar o pedido de desaforamento (transferência de foro) feito pela defesa de Name Filho, no dia 1º de junho. Para convencer o TJMS a “levar” o primeiro júri para fora de Campo Grande, os advogados alegam que o cliente entrará no Fórum da Capital “já condenado” e “indisfarçável ódio” por parte da sociedade campo-grandense contra a família Name.

Nos siga no Google Notícias