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Capital

Nem polícia, Jogo do Tigrinho ou Bet acabam com apostas no bicho em Campo Grande

Projeto de Lei que quer regulamentar a tradicional "fézinha" segue em tramitação no Senado

Por Clara Farias | 25/09/2024 13:31
Bicheiro entregando aposta em papel impresso (Foto: Marcos Maluf)
Bicheiro entregando aposta em papel impresso (Foto: Marcos Maluf)

A Polícia Civil não conseguiu, tampouco as últimas manias nacionais. Mesmo com a popularidade das apostas online, nem Jogo do Tigrinho, nem as Bets tiram a clientela fiel do Jogo do Bicho em Campo Grande. Os jogos de azar são proibidos no Brasil desde 1946, no entanto, tramita no Senado o Projeto de Lei 2234, de 2022, para regulamentar a tradicional "fézinha".

O Campo Grande News percorreu diversos bairros da Capital atrás das bancas que recebem apostas do bicho para verificar qual a opinião sobre as apostas online. Apesar de conhecerem o "tigrinho", os anotadores do bicho juram que nunca jogaram.

Em um dos bares, na Vila Popular, o proprietário conta que no último domingo, um dos clientes estava jogando em um aplicativo de cassino. "Ele jogou e ganhou. Ele já tinha ganhado uma vez, e agora ganhou de novo. Mas eu avisei para ele, falei 'olha, você vai perder isso tudo outra vez'", disse o homem.

Para ele, as apostas online não interferiam no movimento. "Quem já jogava no bicho continua jogando, não faz diferença o pessoal que joga no celular. Eu mesmo nunca joguei", afirmou.

Página de apostas online aberta em celular (Foto: Henrique Kawaminami)
Página de apostas online aberta em celular (Foto: Henrique Kawaminami)

No Jardim Aeroporto, o número de apostadores também continua o mesmo, apesar das apostas online. Um dos anotadores afirmou que o filho gosta de jogar no "tigrinho" e já até ganhou. "Mas ainda não pagaram, diferente do outro", contou.

Segundo ele, mesmo vendo o filho ganhar, nada acaba com "a fézinha que é tradição, e os mais velhos, que não mexem com celular preferem", explicou.

O estudante, que pediu para não ser identificado, de 25 anos, relata que faz apostas online há pelo menos dez anos. "Minhas apostas são em futebol, mas todas com muito controle. O máximo que já gastei em uma semana foram R$ 100", afirmou.

Apesar de conhecer o jogo do bicho e ter visto o avô jogar quando era criança, nunca teve interesse. "Como o jogo do bicho sempre foi um meio de contravenção, e no Brasil as apostas esportivas são legalizadas faz tempo, nunca tive a curiosidade sobre. Acredito que por minha afinidade temática, gosto mesmo por esporte, é muito mais fácil apostar em futebol", finalizou o estudante.

No ano passado, os brasileiros não economizaram nos jogos e apostas online. Esse tipo de aposta movimentou 11,1 bilhões de dólares, o equivalente a R$ 54 bilhões. A quantia gasta em apostas esportivas, por exemplo, foi mais do que o dobro do orçamento de Mato Grosso do Sul em 2023, que foi de R$ 22 bilhões.

As apostas esportivas são permitidas pela legislação desde o governo de Michel Temer (MDB), em 2018. Já o projeto de lei que dispõe sobre a exploração dos jogos de azar em todo o território nacional segue em tramitação desde 2022, e está em processo final de regulamentação.

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