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Capital

No 10º júri, Nando se estapeia, chora e pede indenização por ser preso

Acusado de crimes em série, ele apareceu para o julgamento hoje depois de participar por muito tempo apenas por vídeo conferência

Viviane Oliveira e Clayton Neves | 23/08/2019 09:47
Nando, literalmente, arrancou os cabelos na manhã de hoje durante julgamento. (Foto: reprodução vídeo)
Nando, literalmente, arrancou os cabelos na manhã de hoje durante julgamento. (Foto: reprodução vídeo)

Sentado no banco dos réus pela primeira vez, Luiz Alves Martins Filho, o Nando, se estapeou durante o seu 10º julgamento. Até agora, todas as participações eram por videoconferência. Hoje, ele surgiu em grande estilo. Chorou, puxou os cabelos e deu tapas no próprio rosto diante do júri. Ele garante que apanhou da polícia para confessar os crimes atribuídos a ele e ameaça pedir indenização por ficar preso injustamente. Até agora, Nando já foi condenado a 104 anos e 10 meses de prisão.

O 10º julgamento do réu acontece desde as 8h desta sexta-feira (23), na 2ª Vara do Tribunal do Júri, no Fórum de Campo Grande. Nos outros júris, Nando participava por videoconferência, pois fazia tratamento contra tuberculose. "Esse é o primeiro julgamento que ele participa de forma presencial, porque recebemos laudo afirmando que está curado da tuberculose", disse o juiz Aluízio Pereira dos Santos. 

Nando é julgado pelo assassinato de Eduardo Dias Lima, 15 anos, que na época era conhecido por Eduardinho, no Bairro Danúbio Azul. O adolescente foi asfixiado com uma correia de máquina de lavar roupa por furtar a casa do réu. O crime aconteceu no dia 2 de dezembro, na Rua dos Astronautas, no Jardim Veraneio. Após o assassinato, o corpo do garoto foi enterrado pelos acusados. Os restos mortais da vítima nunca foram localizados. Acusado de participação no crime, Michel Henrique Vilela Vieira, 24 anos, recorreu do julgamento e aguarda decisão da Justiça. 

Veja o momento em que ele se estapeou durante o julgamento:

Gritando e chorando, Nando disse ao juiz que não matou ninguém. “Eu falei que era eu, eu falei que era eu, eu falei que era eu...”. Nesse momento, ele começou a se estapear e continuou dizendo: “Eu falei que era eu que tinha matado todo mundo. Eu não matei ninguém. Se eu tivesse que matar eu ia matar a desgraça que matou a minha família e quem me colocou na cadeia por um estupro, sem provas".

Entre frases desconexas, Nando afirma que vai pedir indenização por ficar preso. “Eu quero entrar com indenização por danos morais, por eu ter ficado preso, por não ter estuprado ninguém. Olha o estado que eu estou aqui no júri.”

Para o juiz, o fato de o réu se estapear durante o julgamento é impactante, porém tal comportamento serve de elemento para o júri composto por sete pessoas, sendo cinco mulheres e dois homens. "Se é teatro ou sentimento de quem se sentiu injustiçado, essa visão é o jurado que tem que ter, até porque chorar é dizer que é inocente todo mundo faz". 

O magistrado lembrou que no processo tem a confissão dele, depoimento de testemunhas o acusando, além da indicação exata do local onde os corpos estavam, que eram lugares ermos e de difícil acesso. 

No começo de junho, Nando foi julgado pela morte de Alex da Silva Santos, 18 anos, assassinado em 2016 na Rua dos Astronautas, no Jardim Veraneio. Segundo o MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul), o jovem foi estrangulado pelo serial killer com uma correia de máquina de lavar roupas e depois foi enterrado clandestinamente no cemitério do Jardim Veraneio.

Nando é apontado como autor de uma série de assassinatos no bairro Danúbio Azul. As vítimas eram, pelo menos na maioria, jovens e mulheres envolvidas com consumo de drogas e inseridas em contexto de vulnerabilidade social. Nando é acusado de ter matado pelo menos 16 pessoas, entre os anos de 2012 e 2016.

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