No primeiro ‘mêsversário’, Yago se recupera de cirurgia no coração
Bebê que resistiu no útero da mãe com morte cerebral passou pelo procedimento na quinta-feira passada
Não há como negar, resistência e vontade de viver são as lições já deixadas pelo pequeno Yago. Nesta segunda-feira (1ª), o bebê que nasceu após passar seis meses no útero da mãe com morte cerebral, completa um mês que veio ao mundo, se recuperando de uma cirurgia cardíaca, na UTI (Unidade de Tratamento Intensivo) da Santa Casa.
Yago foi submetido a uma correção cirúrgica do canal arterial, problema detectado pelos médicos que cuidam dele e, segundo a assessoria de imprensa do hospital, pelo fato dele ter nascido prematuro, com 27 semanas (seis meses e meio).
A operação, realizada na manhã de quinta-feira (27), foi um sucesso e o menino se recupera bem.
O estado de saúde do bebê, ainda conforme a assessoria de imprensa da Santa Casa é considerado estável. Não há previsão de quando Yago poderá ir para casa, mas nos próximos dias ele deve sair da UTI, avaliam os médicos.
Yago cresceu e ganhou peso neste um mês. Ele está com 36,1 cm – 2,1 cm a mais – e 1.090 kg – engordou 40 gramas, depois de perder 80 nos primeiros 12 dias de vida.
Luta pela vida – O caso de Yago é inédito em Mato Grosso do Sul e foi marcado por troca de informações com médicos do Espírito Santo e Portugal, onde aconteceram situações similares. Com a morte encefálica da mãe, Renata Souza Sodré, 22 anos, o nascimento do bebê era uma aposta de alto risco.
“É muito difícil um caso como esse porque além do risco de morte, tem o risco de infecção. Tudo compromete a viabilidade do nascimento dessa criança”, explicou a médica Patrícia Berg Leal, responsável pela UTI (Unidade de Terapia de Intensiva) Neonatal, em entrevista ao Campo Grande News no dia 2 deste mês.
Após sofrer um AVC (Acidente Vascular Cerebral) em 27 de janeiro, Renata teve a morte cerebral constatada por dois testes clínicos e mais exame de imagem. Os médicos descobriram que apesar da mãe ter partido, o feto vivia e entrava na 17ª semana.
Com o caso explicado à família e acompanhado pela Comissão de Ética do hospital, começou a administração diária de medicamentos, pois, com a morte cerebral, o corpo para de produzir hormônios.
Contra o risco de infeção, o trabalho envolvia todos os setores da UTI, da limpeza ao corpo clínico.