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Capital

Número de igrejas cresceu quase dobro que o de indústrias em 9 anos

Os dados fazem parte do perfil sócio econômico de Campo Grande, divulgado pela prefeitura

Silvia Frias | 01/11/2019 08:24
Cadastramento imobiliário de imóveis para uso religioso é crescente desde 2009, conforme dados do anuário (Foto: Kisie Ainoá)
Cadastramento imobiliário de imóveis para uso religioso é crescente desde 2009, conforme dados do anuário (Foto: Kisie Ainoá)

A fé tem avançado bem mais do que a economia em Campo Grande. Em nove anos, o número de imóveis cadastrados como de uso religioso aumentou 41,33% na cidade. Essa expansão é quase o dobro se comparado ao cadastramento para os setores comercial (27,61%) e industrial (22,96%).

Os dados fazem parte do perfil sócio econômico de Campo Grande, divulgado pela prefeitura. O levantamento mostra a evolução da cidade de 2009 a 2018, com informações sobre loteamentos, crescimento e perfil populacional, além de radiografia da infraestrutura, saneamento e atividades econômicas.

Nesses nove anos, o cadastramento imobiliário cresceu 20,91%, passando de 367.781 imóveis para 442.043. Na média, somando todos os segmentos classificados, o aumento de inscrições aumentou 20%.

O setor de imóveis públicos foi o de maior crescimento, 80,36%, passando de 163 para 294. Em seguida, o cadastramento de imóveis residenciais, alta de 52% de 2009 a 2018, passando de 212.029 para 322.386.

Mas é a evolução do cadastramento de imóveis para uso religioso que chama a atenção: em 2009, foram 1.229 inscrições, chegando a 1.737 em 2018, o que representa alta de 41,33%. O número aumentou no decorrer dos anos: 2010 (1.258), 2011 (1.295), 2012 (1.349), 2013 (1.438), 2014 (1.503), 2015 (1.572), 2016 (1.672), 2017 (1.678), 2018 (1.737).

O presidente da ACICG (Associação Comercial e Industrial de Campo Grande), João Carlos Polidoro, explica que o número menor de imóveis comerciais é reflexo de diversos aspectos que impactam a atividade empresarial. “Estamos em crise há mais de cinco anos e temos uma carga tributária que tira a competitividade das empresas de MS”.

Polidoro também cita a expansão do comércio eletrônico, por conta de preços menores, logística eficiente e impostos mais baixos nos estados de origem. Nesse setor, há também o uso de espaços de forma coletiva, os “coworking”, modernizando setores do comércio e otimizando espaços.

No setor industrial, a crise também foi responsável pelo crescimento mais tímido. Um exemplo é a evolução de 2009 para 2010, em que consta apenas um novo cadastramento, enquanto que foram 29 novos registros para igrejas; de 2010 para 2011, mais três para indústria e 37 destinado ao uso religioso.

“Quando você atravessa a crise financeira, é natural a retração de mercado é a dinâmica“, disse o titular da Sedesc (Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico e da Ciência e Tecnologia), Herbert Assunção. Por isso, mesmo os incentivos fiscais podem não ser suficientes para garantir a instalação industrial.

Em 2018, ano que fecha o anuário da prefeitura, a secretaria fez levantamento das empresas que haviam sido beneficiadas pelo Prodes (Programa de Desenvolvimento Empresarial e Social de Campo Grande) e verificou subutilização do Polo Oeste: dos 150 lotes do local, 40 estavam ocupados 40 livres e 70 em processo de retomada da área ou projetos. Naquele ano, o número de cadastramento imobiliário foi de 407, três a menos que no ano anterior.

Religião e comércio - O presidente do Sindimóveis-MS (Sindicato dos Corretores de Imóveis de Mato Grosso do Sul), João Araújo Filho, disse que o crescimento foi exponencial e pode ser representação do crescimento dos bairros e das demandas da população, que também envolvem espiritualidade.

Mesmo distante da forma convencional de aquecimento econômicos, ele acha que os templos tem lá seu impacto. “Acaba movimentando a economia local”, disse João Araújo, citando como exemplo a abertura de mercados ou casa de lanches nos arredores, além de lojas de material para construção ou reforma dos imóveis.

Retomada – No período pesquisado no perfil econômico de Campo Grande, o número de cadastros imobiliários para fins residenciais teve aumento de 52% e, segundo João Araújo, abrange a fase do “boom imobiliário”, iniciada em 2009. Naquele ano, foram 212.029 cadastramento.

De 2016 a 2017, o índice passou de 301.505 para 319.256, aumento de 17.751 cadastramentos, porém, em 2018, essa alta foi de apenas 3.130 inscrições.

O presidente do sindicato acredita que ainda este ano, nos últimos dois meses, haverá retomada do crescimento, estimativa baseada no destravamento de financiamentos já contratados, além de outros lançamentos imobiliários em Campo Grande.

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