O match é difícil, mas doadores cadastram medula otimistas pelo 1% compatível
"Dia D" de cadastro começou às 7h e segue até as 18h desta quarta-feira (31), no Hospital Regional de MS
Começou às 7h e termina as 18h desta quarta-feira (31), no Hospital Regional de Mato Grosso do Sul, o "Dia D" para cadastramento de pessoas que desejam dar match com alguém que dependa da doação de medula óssea para continuar vivendo.
Termo popular nos aplicativos de relacionamento, o match funciona de forma parecida no caso da doação. Porém... as chances podem ser até maiores no amor do que as de uma pessoa doente encontrar um doador compatível.
Apenas 1% da população mundial é compatível com quem precisa da doação, segundo estimam os dados oficiais citados pela coordenadora do setor da captação do Hemosul de Campo Grande, Luceia Fernandes.
A baixíssima probabilidade só aumenta dentro da família do receptor. Irmãos e outros familiares têm de 25% a 30% de chance de compatibilidade, também segundo Luceia.
Novos cadastrados - A reportagem esteve no ponto de coleta do hospital nesta manhã e encontrou Regeane Oliveira, 35, e Adriane Souza, 22. As duas são estagiárias da instituição e cursam Medicina na UEMS (Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul).
A primeira já é doadora cadastrada e acompanhou o cadastro da segunda. Foi rapidinho: ela informou alguns dados pessoais e teve 15 ml de sangue coletados como amostra.
Regeane é uma incentivadora do cadastro porque entende que, quanto mais pessoas se habilitarem, mais perto o paciente fica de encontrar alguém compatível.
"Estou ainda na expectativa de ser compatível com alguém. Acho muito importante porque é uma chance única de ajudar uma pessoa. Sempre falo para os meus familiares e amigos sobre a importância de se cadastrar. A taxa de compatibilidade é baixa, então o cadastramento tem que ser bem grande", afirma a estudante.
Pró-reitor de assistência estudantil da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), Albert Schiaveco de Souza puxou 11 servidores da instituição para serem solidários e se cadastrarem. "Como os acadêmicos estão de férias, não os trouxemos", acrescenta.
Albert tem 55 anos e é cadastrado há bastante tempo. Os dados dele continuarão armazenados no cadastro nacional e ele poderá encontrar um receptor, no máximo, até completar os 60 anos, segundo as regras explicadas por Luceia. "Espero que até o fim dessa minha 'janela' eu possa achar alguém compatível para ajudar", diz otimista o pró-reitor.
Funcionários do hospital e moradores do bairro onde ele fica, o Aero Rancho, foram os que mais compareceram nesta manhã.
Veja os critérios - Para se cadastrar, é necessário ter entre 18 e 35 anos de idade. Isso porque, quanto mais jovem, maiores são as possibilidades da medula ser aproveitada para doação.
Reforçando o que a coordenadora da coleta explicou, a possibilidade de doar segue até os 60 anos. Mas o possível doador precisa sempre manter os dados atualizados para garantir que possa ser chamado.
Luceia lembra que o cadastrado não pode ter contraído hepatite nem qualquer doença infecciosa.
Não precisa estar em jejum. Tanto é que o hospital está oferecendo lanche para os doadores se alimentarem antes da coleta, se quiserem.
100 já selecionados - Ainda segundo Luceia, Mato Grosso do Sul tem 200 mil cadastrados no sistema nacional. Desses, 100 já fizeram a doação.
Como o cadastro pode ser consultado por redes de saúde de todo o mundo, os doadores sul-mato-grossense já viajaram, por exemplo, até a Turquia e os Estados Unidos para terem medula coletada. A viagem e todos os gastos desse processo são custeadas pelos governos, tanto o brasileiro quanto o de outros países.
O que é - A medula óssea é um tecido líquido que ocupa o interior dos ossos, conhecido por tutano. É ela que produz os componentes do sangue: as hemácias (glóbulos vermelhos), os leucócitos (glóbulos brancos) e as plaquetas. Essas células são responsáveis por transportar o oxigênio, defender o organismo e participam da coagulação do sangue.
Os principais beneficiados com a doação da medula são pessoas com câncer.
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