ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no X Campo Grande News no Instagram
NOVEMBRO, TERÇA  05    CAMPO GRANDE 23º

Capital

Obra sem fim, até remover pichação em titânio vira problemão no Aquário

Nos desdobramentos do episódio, Seinfra abriu processo administrativo para verificar se houve negligência de empresa e delegado vai ouvir vigilante

Aline dos Santos | 15/01/2019 13:26
Proteção metálica não resiste ao tempo no entorno do Aquário do Pantanal. (Foto: Henrique Kawaminami)
Proteção metálica não resiste ao tempo no entorno do Aquário do Pantanal. (Foto: Henrique Kawaminami)
Pichação no topo do Aquário do Pantanal. (Foto: Gabriel Marchese)
Pichação no topo do Aquário do Pantanal. (Foto: Gabriel Marchese)

O Aquário do Pantanal passa por faxina externa nesta terça-feira (dia 15), com equipe de limpeza no entorno da obra, mas a remoção da pichação na cúpula metálica ainda não tem data para acontecer.

Conforme a Seinfra (Secretaria Estadual de Infraestrutura), os técnicos estão avaliando como fazer, porque a cúpula é de titânio e não pode ser removida de qualquer jeito.

Conforme divulgado em 2014, o zinco de titânio que dá forma externa ao aquário de uma gigante elipse veio direto da Holanda. Na obra que já chama atenção pela alta soma investida e por nunca ter fim, a pichação também leva a questionamento sobre a eficácia da segurança no local, nos altos da avenida Afonso Pena, em Campo Grande.

No ano passado, a Agesul (Agência Estadual de Gestão de Empreendimentos) pagou R$ 4,5 milhões para a empresa SJT – Segurança e Vigilância Patrimonial Ltda. O valor é para todas as instalações da agência, nas 17 regionais espalhadas pelo Estado e inclui o Aquário do Pantanal. Por isso não há um valor específico do que é gasto no Aquário. Com a pichação, a Seinfra abriu processo administrativo para verificar se houve desídia (negligência).

A empresa foi notificada e já apresentou defesa. “Com relação ao valor pago, importante ficar claro que este valor não é destinado apenas para a vigilância do Aquário, mas para todas as instalações da Agesul presentes nas 17 regionais espalhadas por todo o estado”, informa a secretaria.

O Campo Grande News também questionou a Seinfra sobre quantidade de vigilantes e se houve defasagem na escala, mas não obteve resposta.

Proteção metálica é reforçada em pontos ao redor do Aquário. (Foto: Henrique Kawaminami)
Proteção metálica é reforçada em pontos ao redor do Aquário. (Foto: Henrique Kawaminami)
Fresta na proteção metálica dentro do Parque das Nações. (Foto: Henrique Kawaminami)
Fresta na proteção metálica dentro do Parque das Nações. (Foto: Henrique Kawaminami)

Hoje, a reportagem foi ao local e constatou a presença de seguranças, além da equipe que fazia roçada. Não foi permitido acesso à obra. O Aquário é cercado por proteções metálicas, muitas com pichações, mas nenhuma semelhante à exibida no topo.

Em alguns pontos, devido ao tempo, a proteção foi reforçada com novas placas de metais. Dentro do Parque das Nações, um ponto teve a placa alargada e tem uma abertura.

Contudo, em tese, o portão numa lateral também é trecho propício à invasões. Apesar de fechado com cadeado, ele não oferece grande dificuldade para ser transposto. 

Na próxima quinta-feira (dia 17), o delegado Marco Antônio Balsanini, da Decat (Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes Ambientais e de Atendimento ao Turista), vai ouvir o segurança que relatou a pichação e um encarregado.

A busca é pelo autor do andalismo considerado crime ambiental, com pena de detenção de 3 meses a 1 ano além de multa. A obra que envolve gastos de R$ 230 milhões não tem sistema de monitoramento por câmeras.

Tempo e dinheiro - A saga da gigante elipse começou em fevereiro de 2011, na gestão de André Puccinelli (MDB), quando a Egelte Engenharia venceu licitação para construir o Centro de Pesquisa e de Reabilitação da Ictiofauna Pantaneira, nome oficial do aquário, por R$ 84 milhões. Em 2014, a construção foi repassada em subempreita para a Proteco Construções.

No ano de 2016, o empreendimento voltou para a Egelte. Entretanto, apesar da reativação de contrato, a obra não caminhou de fato. Em 22 de novembro de 2017, o governo estadual confirmou o rompimento do contrato com a Egelte, alegando que a empresa não tinha condições de concluir a obra.

Segunda colocada na licitação, a Travassos e Azevedo havia cotado, em 2011, seus serviços em R$ 88 milhões. Chamada para assumir o serviço em novembro de 2017, ela recusou o contrato. Neste cenário, surgiu um grande acordo entre o atual governo, MP/MS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) e TCE/MS (Tribunal de Contas do Estado).

Foi apresentada à Justiça a proposta de dispensar a licitação e concluir o Aquário do Pantanal por meio de contratação direta com duas empresas, ao custo de R$ 38,7 milhões. Apesar das tentativas de fazer a obra com dispensa de licitação, a decisão do governo de lançar processo licitatório foi anunciada neste mês.

Terça-feira foi de limpeza na área externa do Aquário. (Foto: Henrique Kawaminami)
Terça-feira foi de limpeza na área externa do Aquário. (Foto: Henrique Kawaminami)

Confira a galeria de imagens:

  • Portão tem cadeado, mas é baixo. (Foto: Henrique Kawaminami)
  • Área externa é mural para pichações. (Foto: Henrique Kawaminami)
  • Aquário do Pantanal acumula gasto público e tempo. (Foto: Henrique Kawaminami)
  • Mais pichações em  volta de obra milionária. (Foto: Henrique Kawaminami)
Nos siga no Google Notícias