Odilon, juiz que virou filme, anuncia aposentadoria após 30 anos na carreira
‘Saturado pela hipocrisia da justica penal brasileira, pedi ao Tribunal a contagem de meu tempo de serviço’, postou o magistrado no Facebook
Conhecido por sentenciar traficantes internacionais e atuar em ações contra o crime organizado, aos 68 anos e prestes a fazer aniversário, o juiz federal Odilon de Oliveira anunciou nesta quinta-feira (23) que vai se aposentar. Ele completou hoje 30 anos na carreira e pediu à Justiça Federal a contagem do seu tempo de serviço para requerer a aposentaria, conforme publicou no Facebook.
Ainda conforme o desabafo na rede social, em 18 dos 30 anos como magistrado, ele teve de viver sob escolta policial. Oliveira já recebeu várias ameaças de morte dos “chefões do tráfico” condenados por ele– Fernandinho Beira-Mar é um deles – e por conta desta condição, foi até tema de filme.
Na postagem, o juiz federal se diz “saturado pela hipocrisia da justiça penal brasileira” e completa: “embora tenha causado enorme constrangimento para nossa família, ainda não me arrependi de nada. Na terra, cada vida tem um propósito divino”.
A reportagem tentou contato com o magistrado, que estava em audiências nesta tarde.
Funcionários confirmam que ele pediu a contagem do tempo de serviço, mas não sabem dizer em quanto tempo o titular da 3ª Vara Federal Criminal de Campo Grande deve deixar o trabalho.
História – Odilon de Oliveira nasceu em 26 de fevereiro de 1949, na Serra do Araripe, município de Exu, Pernambuco. Filho de lavradores, trabalhou na roça até os 17 anos de idade.
Foi alfabetizado em sua própria casa e se formou em Direito aos 29 anos. Antes de ser juiz, foi promotor de justiça e procurador federal.
Filme – O longa “Em Nome da Lei” inspirado na história do juiz foi gravado em Dourados – a 228 km de Campo Grande – e tem no elenco os atores globais Mateus Solano (que interpreta o magistrado), Paolla Oliveira, Chico Díaz e Eduardo Galvão. O filme foi lançado em abril do ano passado.