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Capital

Operação Sangue Frio acabou com superfaturamento, diz promotora

Lidiane Kober e Aline dos Santos | 19/03/2014 08:58
Casa de Siufi foi alvo de operação da PF. O médico nega denúncias. (Foto: Marcos Ermínio)
Casa de Siufi foi alvo de operação da PF. O médico nega denúncias. (Foto: Marcos Ermínio)

Há exatamente um ano, Campo Grande despertou com a PF (Polícia Federal) batendo na casa de diretores de dois dos principais hospitais do Estado e trazendo à tona escândalo de corrupção no tratamento contra o câncer por meio da Operação Sangue Frio.

Passados 12 meses, a investigação segue em segredo de Justiça e, de concreto, a população viu contratos superfaturados serem cancelados e assistiu suspeitos de desvio de verba pública cair um por um dos cargos de destaque.

Tudo começou com o pedido à Justiça da promotora Paula Volpe para afastar os três diretores do Hospital do Câncer, sendo Adalberto Siufi o diretor-geral e dono da clínica NeoRad, que prestava serviços à instituição de saúde e cobrava 70% acima da tabela do SUS (Sistema Único de Saúde).

Uma semana depois, a PF estourou a Operação Sangue Frio e, nas primeiras horas da manhã do dia 19 de março, munida de 19 mandados de busca e apreensão e de quatro ordens judiciais de afastamento de funções, foi ao Hospital do Câncer Alfredo Abrão, ao HU (Hospital Universitário), à residência de Adalberto Siufi e à clinica NeoRad.

Desde a data, o ano foi um desdobramento do escândalo, potencializado, principalmente, pela divulgação de escutas telefônicas revelando conchavos em que a saúde era a última das preocupações.

Descobriu-se, por exemplo, que o Hospital do Câncer cobrou por atendimento a paciente morto e remunerou parentes do diretor com altos salários. De forma geral, a suspeita é de que a rede pública de atendimento ao câncer foi desmontada em privilégio do setor privado.

Um ano depois, segundo Paula Volpe, o caso segue em segredo de Justiça. “Só posso revelar que a investigação evoluiu, mais provas foram coletadas e até hoje a Polícia Federal vem indiciando suspeitos”, contou. Um inquérito tramita na PF e a Justiça Federal aprecia pedido do MPE (Ministério Público Estadual) de indisponibilização dos bens dos suspeitos.

Superintendente da PF, Edgar Paulo Marcon disse que polícia está “trabalhando”. “Agora, é mais trabalho de perícia, estamos com várias em andamento. Foi apreendido muito material, tudo analisado com muita calma. Estamos esperando a conclusão dos trabalhos periciais. Precisamos fazer o mais rápido possível”, disse.

Nova realidade – Apesar de os suspeitos seguirem impunes, a promotora vê com bons olhos o resultado da operação. “Vivemos uma nova realidade”, avaliou. A opinião leva em conta, principalmente, o fim de contratos superfaturados e a transparência adotada nos hospitais.

“Os contratos, com preço 70% acima da tabela do SUS não existem mais e, agora, não são mais fechados pela direção do Hospital do Câncer, mas pela Secretaria Estadual de Saúde, que é obrigada a dar transparência e acesso a todos os valores pagos”, destacou Paula Volpe.

Ela ainda comemorou a queda dos diretores das instituições de saúde. “O proprietário na Neorad, que até mudou de nome e de donos, não é mais o diretor do Hospital do Câncer”, frisou. A empresa continua prestando serviço à instituição de saúde.

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