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Capital

Por vaga no Dia de Finados, Lurdes montou acampamento no cemitério 4 dias antes

Ambulante chegou na tarde de terça-feira no Cemitério Santo Antônio, onde está vendendo flores artificiais

Por Jéssica Fernandes e Clara Farias | 30/10/2024 09:35
Há 29 anos, Lurdes produz flores para vender no Cemitério Santo Antônio. (Foto: Marcos Maluf)
Há 29 anos, Lurdes produz flores para vender no Cemitério Santo Antônio. (Foto: Marcos Maluf)

Faltando três dias para o Dia de Finados, os cemitérios de Campo Grande começam a receber os primeiros ambulantes e pessoas contratadas por famílias para fazer a manutenção dos túmulos. Com a expectativa de lucrar na data, vendedores já garantiram estoque extra para confeccionar os produtos.

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Com o Dia de Finados se aproximando, ambulantes e pessoas contratadas por famílias já se preparam para a data nos cemitérios de Campo Grande. Vendedores como Lurdes, que há 29 anos vende flores artificiais no Cemitério Santo Antônio, garantem estoque extra e se preparam para o aumento do movimento. A tradição de cuidar dos túmulos se mantém, com famílias contratando serviços de manutenção, como o de Emetério e Tereza, que relatam uma queda no movimento desde a pandemia. No entanto, outros, como Altino, preferem manter a tradição de visitas mensais para cuidar dos túmulos de seus entes queridos. No Cemitério Santo Amaro, Maria Elisabeth, que vende flores e velas há 40 anos, espera um aumento nas vendas nos dias que antecedem o Dia de Finados, buscando complementar a renda.

No Cemitério Santo Antônio, na Vila Santa Dorotheia, Lurdes de Oliveira, de 63 anos, chegou na terça-feira (29) com o caminhão carregado com eletrodomésticos e a estrutura para montar a barraca de flores. Ela passou a noite no local, pois mora em um bairro distante.

Há 29 anos, a ambulante marca presença na entrada do cemitério e, neste, foi a primeira a chegar. Feitas de EVA e tecido, as flores artificiais são vendidas por preços que variam de R$ 5 a R$ 50. Para baratear o custo de produção, a vendedora optou por fazer os moldes de vasos em gesso.

Ambulante levou cama e eletrodomésticos para dormir em frente ao cemitério. (Foto: Marcos Maluf)
Ambulante levou cama e eletrodomésticos para dormir em frente ao cemitério. (Foto: Marcos Maluf)
Barraca da Lurdes montada na Avenida Consolação, em frente ao cemitério. (Foto: Marcos Maluf)
Barraca da Lurdes montada na Avenida Consolação, em frente ao cemitério. (Foto: Marcos Maluf)

Nos últimos anos, a autônoma relata que caiu o movimento do público no Dia de Finados e ela acredita que isso significa uma mudança de comportamento entre as gerações. Mesmo assim, Lurdes espera vender bem. “Tá complicado, mas a minha expectativa é vender o máximo possível. Eu trouxe algumas já prontas e material para produzir o que for vendendo. Com o dinheiro que vou arrecadando, vou comprando mais coisas”, diz.

No lado de dentro, pelo menos três famílias estavam limpando os túmulos. Nenhuma delas quis dar entrevista, porém a reportagem encontrou duas pessoas que há anos realizam o serviço de manutenção particular.

Emetério de Jesus Xerém, de 67 anos, trabalha na construção civil, porém com a chegada do feriado concentra esforços para cuidar do túmulo. Hoje, ele estava realizando a pintura de um túmulo que recentemente foi vandalizado.

Emetério realiza pintura em túmulo na manhã desta quarta-feira. (Foto: Marcos Maluf)
Emetério realiza pintura em túmulo na manhã desta quarta-feira. (Foto: Marcos Maluf)

Na visão dele, o serviço contribuiu para deixar o túmulo mais bonito no Dia de Finados e fazer com que a família encontre um espaço limpo e bem cuidado.

Outra pessoa que desempenha o trabalho particular é Tereza Matias da Silva, de 87 anos. Ela atende 40 famílias dando continuidade à profissão iniciada pelos pais. Tereza conta que o movimento caiu desde a pandemia e que antigamente o negócio era mais rentável.  “Aqui foi muito bom para trabalhar, ganhar dinheiro. A gente achava até pessoas para trabalhar para a gente”, completa.

No Cemitério Cruzeiro, localizado na Avenida Coronel Antonino, Altino Pereira, de 75 anos, era a única pessoa que estava fazendo a visita, que é mensal. Todo mês, ele vai ao cemitério para fazer isso e em outubro preferiu vir antes do sábado (2).

Altino Pereira segura quadro do cunhado, que está enterrado no Cemitério Cruzeiro. (Foto: Marcos Maluf)
Altino Pereira segura quadro do cunhado, que está enterrado no Cemitério Cruzeiro. (Foto: Marcos Maluf)

Além disso, ele e a irmã também realizam a manutenção dos túmulos da família. “É mais tranquilo para gente fazer uma manutenção. Meus pais são falecidos desde 2012. Aí a gente vem uma vez por mês, é bom,  para não esquecer dos nossos entes queridos”, relata.

O cuidado, segundo o aposentado, é algo que falta por parte de outras pessoas. “Vai chegando o Dia de Finados e tem que vir dar uma manutenção. A gente vê tantos túmulos que o pessoal gastou bastante e foram abandonados”, afirma.

No Cemitério Santo Amaro, apenas uma ambulante está garantindo as primeiras vendas. Sem concorrência, Maria Elisabeth Barros, de 67 anos, está no endereço, na Vila Santo Amaro, desde o início desta semana.

Três vezes por ano, Maria Elisabeth vende flores no Cemitério Santo Amaro. (Foto: Henrique Kawaminami)
Três vezes por ano, Maria Elisabeth vende flores no Cemitério Santo Amaro. (Foto: Henrique Kawaminami)

Ela trabalha no Dia de Finados há 40 anos vendendo flores artificiais e velas. O primeiro item custa entre R$ 20 a R$ 30, enquanto o pacote com oito velas sai a R$ 10. A aposentada diz que o movimento melhora um dia antes do Dia de Finados. A data, conforme Maria, é boa para complementar a renda.

“Eu também trabalho no Dia das Mães e no Dia dos Pais vendendo flores. A gente sempre guarda essa época para fazer uma renda extra”, relata.

Hoje, no período da manhã, nenhuma família estava no local. Apenas as equipes da Sisep (Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos) estavam fazendo a limpeza do cemitério.

*Colaborou Antonio Bispo

Pacote de velas são vendidos por R$ 10 e flores artificiais a partir de R$ 20. (Foto: Henrique Kawaminami)
Pacote de velas são vendidos por R$ 10 e flores artificiais a partir de R$ 20. (Foto: Henrique Kawaminami)

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