Parque Cônsul Assaf Trad é “eterna promessa” e insegurança há quase 15 anos
Espaço de 250 mil m² deveria ser opção de lazer para moradores de pelo menos 12 bairros da região norte
Entra ano e sai ano e a imagem do Parque Cônsul Assaf Trad segue a mesma: portões trancados e situação de total abandono. A área verde de 250 mil m², que chegou a ser inaugurada em 13 de dezembro de 2008, com pompa de ser o quarto maior parque de Campo Grande, segue fechada para o público.
O espaço, localizado entre o Residencial Alphaville e o Shopping Bosque dos Ipês, saída para Cuiabá, deveria servir como opção de lazer para moradores de pelo menos 12 bairros da região norte. As promessas de reabertura feitas nunca se concretizaram.
O marceneiro Fernando Antunes, de 78 anos, mora na região há quatro anos. Ele reclama da falta de lugares para lazer, enquanto o abandono toma conta de um espaço que deveria estar "vivo" e cheio de gente. "Não tem praça aqui perto. A obra agora é só um monte de areia".
O operador de máquinas Ielton Suares, de 27 anos, passeava com dois cachorros em frente ao 'elefante branco' na tarde desta quinta-feira, também sem muita esperança de que um dia o projeto vingue. O jeito é ficar do lado de fora. "Tem várias pessoas que ficam aqui na calçada, tomando tereré", conta.
Para ele, além de não ajudar, a obra paralisada atrapalha e deixa a região insegura. "Tinha uma barreira ali atrás e agora está arrebentada. Eu ando por aqui durante o dia, porque de noite é perigoso".
A tentativa mais recente de revitalização e abertura do parque foi da prefeita Adriane Lopes. Em 1º de junho de 2021, a Prefeitura de Campo Grande assinou a ordem de serviço autorizando a Orkan Construtora Eireli, da cidade de Sidrolândia, a iniciar os trabalhos.
Pelo contrato, a empreiteira deveria, no prazo de 16 meses, ou seja, até o dia 1º de outubro de 2022, executar a pintura de pergolados, revitalização do estacionamento, instalação de lixeiras, construção de calçadas e instalação de gradil em toda a área de intervenção, instalação de playground emborrachado com passarela, escorregador, tobogã e balanço. Além disso, a empreiteira deveria construir um espaço administrativo e ampliar a pista de caminhada.
No entanto, o contrato com a empresa que tem “ficha suja” com a prefeitura, pelo não cumprimento de prazo na obra do Centro de Belas Artes, foi paralisado no dia 5 de maio de 2022 e publicado no Diogrande (Diário Oficial de Campo Grande) no dia 27 de julho de 2022, sem apresentar justificativa.
Conforme consta no Portal da Transparência + Obras da prefeitura, apesar de o contrato estar paralisado, o local está com 70% dos trabalhos entregues e a construtora recebeu R$ 533.899,31 do valor total da revitalização, estabelecido em R$ 752.780,30.
Procurado, o titular da Sisep (Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos), Domingos Sahib Neto, pasta responsável pelo acompanhamento e fiscalização do contrato, reforçou que está apenas há 28 dias no comando da secretaria, mas se comprometeu a levantar os problemas que envolvem a obra. O proprietário da Orkan Construtora também foi procurado pela reportagem, mas até a publicação não houve retorno. O espaço segue aberto.
A novela envolvendo o abandono do complexo já foi noticiada diversas vezes pelo Campo Grande News. Em nova visita ao local, a reportagem verificou o descaso. Não há qualquer movimentação de funcionários que indiquem o andamento das obras. Do lado de fora do parque, é possível notar a construção inacabada da sede administrativa, muito mato e restos de construção.
Enquanto os portões estão trancados, moradores que deveriam estar usufruindo o parque, utilizam a parte do entorno para fazer caminhadas, exercícios físicos, conversar com amigos e tomar tereré.
A reportagem esteve no local que está com mato alto e com algumas lâmpadas queimadas. Além disso, tem uma obra em construção e areia na área. Alguns bancos presentes na calçada foram cobertos pela vegetação.
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