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Capital

Parque das Nações patina, enquanto MT e GO sabem usar espaço público

Aline dos Santos | 17/01/2019 15:15
Linda, avarandada e pichada: Casa do Homem Pantaneiro está sem destino em parque. (Foto: Henrique Kawaminami)
Linda, avarandada e pichada: Casa do Homem Pantaneiro está sem destino em parque. (Foto: Henrique Kawaminami)

O maior de Campo Grande, o Parque das Nações Indígenas, que se espalha por 119 hectares de área verde, é bem menor no quesito acolher os visitantes do que espaços semelhantes Brasil afora. Com edificações sem uso há décadas, como a avarandada Casa do Homem Pantaneiro, projeto orçado em R$ 684 mil há 12 anos e que até hoje só faz acumular pichações, surge o questionamento de por que o parque estadual não muda as regras de exploração e segue exemplos de outras capitais que conseguiram repassar áreas para a iniciativa privada.

Bar no Parque das Águas, em Cuiabá. (Foto: Tchélo Figueiredo)
Bar no Parque das Águas, em Cuiabá. (Foto: Tchélo Figueiredo)
Quiosques no Parque Flamboyant, em Goiânia. (Foto: Paulo José)
Quiosques no Parque Flamboyant, em Goiânia. (Foto: Paulo José)

A justificativa para construções abandonadas no parque sempre foi a falta de interesse de empresários pelo lugar. Mas o Campo Grande News encontrou nos vizinhos Mato Grosso e Goiás bons exemplos em que parques conseguem aliar verde e estrutura para recepcionar os visitantes. Em Cuiabá, capital do Mato Grosso, o Parque das Águas, com 270 mil metros quadrados, tem bar, restaurante e área destinada para construção de food park.

Conforme a assessoria de imprensa da prefeitura de Cuiabá, a exploração comercial das áreas é feita por meio de concessão. “Dentro desse processo, a iniciativa privada ganha o direito de construir e administrar estabelecimentos comerciais dentro dos parques, pagando um valor mensal que é direcionado para o fundo de manutenção dos espaços de lazer”, informa a prefeitura. A concessão para ocupar o espaço é válida por 30 anos.

Em Goiânia, parte dos 40 parques conta com quiosques. Para comercializar produtos, os concessionários precisam abrir processo na Amma (Agência Municipal de Meio Ambiente de Goiânia), órgão responsável por administrar as unidades de conservação da cidade.

Depois de abrir o processo, a agência faz sorteio entre os possíveis interessados. O município não cobra taxa dos comerciantes sorteados, mas eles se comprometem a realizar a manutenção dos quiosques e a custear despesas como água e energia.

Vistante assíduo do Parque dos Nações, Moisés, ao lado da filha Helena, faz comparativo com outras capitais. (Foto: Henrique Kawaminami)
Vistante assíduo do Parque dos Nações, Moisés, ao lado da filha Helena, faz comparativo com outras capitais. (Foto: Henrique Kawaminami)
Ana Lúcia, que passeia com neta Mariana, é entusiasta dos piqueniques no parque. (Foto: Henrique Kawaminami)
Ana Lúcia, que passeia com neta Mariana, é entusiasta dos piqueniques no parque. (Foto: Henrique Kawaminami)

Para quem frequenta o Parque das Nações Indígenas, seria bem-vindo ter lanchonete com oferta de comida, sem precisar sair do local para conseguir uma simples garrafa de água mineral. Também renderia outra vida ao lugar um bom restaurante em meio à mata.

O professor Moisés Barros, 41 anos, que vai em média duas vezes ao parque, conta que a dificuldade é maior para quem está com crianças. Caso pretenda passar o dia, o visitante terá que levar uma boa provisão de alimentos.

“Poderiam resolver isso. Curitiba é um bom exemplo. O Parque Tanguá, que se parece muito com esse em termos de arborização, tem estrutura incomparável, vende até souvenir do próprio parque”, afirma Moisés, que passeava com a filha Helena, 7 anos.

Ele também lembra que parques em Goiânia e o Ibirapuera, em São Paulo, conciliam área verde, visitantes e infraestrutura. Segundo Moisés, a arrecadação poderia financiar melhorias no local, que não está 100%, mas se destaca por congregar todas as tribos. “Domingo mesmo, estava uma coisa maravilhosa. Tinha evangélico, umbandista. Todas as tribos se encontram”, festeja o professor.

A doceira Ana Lúcia Monteiro de Souza Gomes, 62 anos, afirma que a lanchonete deveria seguir o modelo de parque da Bahia. “Seria legal como na Bahia. Ter uma lanchonete”, afirma. Por enquanto, é entusiasta dos piqueniques, que, segundo ela, une a cidade grande a um hábito de cidade pequena.

No parque, os banheiros passaram por reforma. A exceção foi o sanitário da Concha Acústica, que não teve melhorias, apesar de ser o mais perto do parquinho infantil pela entrada da rua Antônio Maria Coelho. Lá, as paredes ainda exibem pichações e portas têm lacres.

E até a ornamentação indica dificuldades com a manutenção no lugar. A estátua do guerreiro guaicuru, no lago, está interditada, fechada de maneira improvisada por um velho portão quebrado.

O Campo Grande News questionou a Semagro (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar) sobre a pichação e destino da Casa do Homem do Pantaneiro e o uso dos quiosques para lanchonetes no Parque das Nações, mas não recebeu resposta até a publicação da matéria.

Confira a galeria de imagens:

  • Quiosques pensados para ter lanchonetes. (Foto: Henrique Kawaminami)
  • Banheiro com interdições na Concha Acústica. (Foto: Henrique Kawaminami)
  • No restante do parque, banheiros foram reformados. (Foto: Henrique Kawaminami)
  • Parque das Nações é o maior de Campo Grande. (Foto: Henrique Kawaminami)
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