Pedreiro que matava a pauladas chocou amigo na infância ao estraçalhar galo
“Na época, eu fiquei assustado. Eu gritava já morreu cara, já morreu", diz amigo sobre lembrança que guarda há 33 anos
A cena, vista aos 12 anos, do amigo matando um galo com incessantes marteladas, seguida de muitos risos ao ver a cabeça da ave afundar na areia ainda impressiona um empresário de 45 anos.
Ele conta que o menino que empunhava o martelo violentamente contra o galo era Filé, apelido de infância de Cleber Souza de Carvalho, 43 anos, agora mais conhecido como o “pedreiro assassino”, que confessou ter matado sete pessoas com pauladas na cabeça.
“Na época, eu fiquei assustado. Eu gritava já morreu cara, já morreu. O martelo afundando a cabeça na terra e ele começou a rir. Isso ficou na minha cabeça”, afirma o empresário ao Campo Grande News, que pediu para não ter o nome divulgado.
O episódio no fim da década de 80 foi quando os amigos moravam em área de invasão, que viria a ser a Rua Júpiter, no bairro Alto Sumaré, região da Vila Planalto, em Campo Grande.
Na entrevista, o homem de 45 anos conta que a mãe do amigo pediu para que eles pegassem (leia-se furtar) uma galinha no quintal do vizinho. Ele logo se animou diante da perspectiva de jantar na casa do colega e assistir televisão, eletrônico que ainda não tinha em seu lar.
“Joguei a bacia em cima do galo e o Filé puxou o pescoço para fora. Começou a bater o martelo, eu gritava que ele já tinha morrido, mas ele bateu na cabeça do galo até sumir na terra”, relata.
O empresário afirma que também matava galos, mas se surpreendeu com a agressividade do amigo. Segundo ele, o normal era torcer o pescoço da ave. O episódio ficou na memória e a vida seguiu para os amigos, que estudavam na escola Nelson Pinheiro e compartilhavam de uma infância sem muros ou cercas na área de invasão.
Na adolescência, o empresário conta que os amigos participaram de gangues e Cleber gostava de mostrar armas, com fama de “resolve tudo” na brigas entre adolescentes. A amizade terminou quando o homem descobriu fraude no telefone da mãe, que sempre estava com sinal de ocupado e com contas em valores incompatíveis. Ele encontrou uma extensão irregular, uma fraude, e denunciou o amigo à polícia.
“Ele me ameaçou de morte. Mas era magro, pesava uns 50 quilos, e eu era mais forte. Mandei ele entrar na fila”, diz. O agora empresário foi trabalhar em uma firma de manutenção de ar-condicionado, começou a viajar constantemente e a amizade e a ameaça cessaram.
Agora, descobriu que o amigo de infância mata pessoas em série, não poupando nem mesmo o primo Flávio Pereira Cece, 39 anos. Os três moravam perto. “O Flávio era um garoto especial, sem maldade, perdeu o pai cedo”, diz. Ele conta que Flávio tinha um irmão, que teria saído de casa adolescente para trabalhar em fazenda e nunca mais foi visto.
O empresário também conta que conheceu Roberto Clariano, 48 anos, conhecido no bairro como Cenoura, e que, inclusive, depois do crime, o pedreiro procurava vizinhos da vítima para saber se tinham notícia do homem desaparecido.
Matou, enterrou e ficou com a casa – A trajetória de crimes do pedreiro Cleber Souza de Carvalho começou a ser desvendada neste mês de maio, após o assassinato do comerciante José Leonel Santos, 61 anos.
A vítima foi morta e enterrada em sua própria casa, na Vila Nasser. Após o crime Cleber e a família se mudaram para o imóvel, inclusive convidando os parentes para conhecerem o novo endereço.
O sumiço do comerciante chamou a atenção dos vizinhos. A esposa e a filha foram presas pela DEH (Delegacia Especializada em Repressão aos Crimes de Homicídios).
Cleber foi preso no dia 15 e logo pela manhã começou a escavar os locais onde tinha enterrados as outras vítimas. A defesa do pedreiro vai alegar insanidade mental.