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Capital

Pesquisa mostra que 50% dos adolescentes em Uneis têm depressão

Dos 28 ouvidos pela Defensoria, 18 já tiveram pensamentos suicidas

Por Kamila Alcântara | 21/03/2024 13:35
Placa na entrada da Unidade Educacional de Internação Dom Bosco. (Foto: Divulgação)
Placa na entrada da Unidade Educacional de Internação Dom Bosco. (Foto: Divulgação)

Pesquisa aplicada pela Defensoria Pública de Mato Grosso do Sul mostra que a maioria dos adolescentes que cumprem medida socioeducativa nas Uneis (Unidades Educacionais de Internação) Dom Bosco e Estrela do Amanhã, em Campo Grande, já sofreu violências e tem sintomas de depressão. A pesquisa ouviu 24 internos no ano passado e foi divulgada nesta quinta-feira (21).

O projeto foi desenvolvido pelo defensor público Rodrigo Zoccal, da Coordenadoria de Pesquisa e Estudos e Departamento de Atendimento Psicossocial da Defensoria Pública-Geral, que enviou formulários com dez perguntas para 28 adolescentes, no grupo estão 4 meninas. O objetivo principal é identificar qual o perfil atual dos internos.

Dos adolescentes, 14 são reincidentes e 16 estão na Unei pela primeira vez. Nove deles sofreram violência física e psicológica, três já foram agredidos fisicamente e outros quatro responderam ter passado por situações de violência psicológica.

Sobre os sentimentos, 89% assumem viver em constante irritabilidade e 71% têm incapacidade de sentir alegria. Outros sentimentos relatados são desinteresse, inutilidade, cansaço, pessimismo, medo, dificuldade de concentração, dores físicas e até variações de apetite.

Por fim, os sintomas de depressão foram sentidos por 50% dos entrevistados e 18 deles revelaram ter pensado em suicídio, enquanto os outros dez passaram a ter os mesmos pensamentos quando entraram na Unidade.

No Brasil, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), instituído pela Lei n.º 8.069 de 13 de julho de 1990, define como adolescentes aqueles entre mais de 12 e 18 anos incompletos. O próprio ECA prevê a aplicação de medidas socioeducativas em caso de ato infracional, entre elas a internação em estabelecimento educacional.

De acordo o defensor Rodrigo, os adolescentes estão sob a responsabilidade do Estado e a saúde mental deve ser levada em consideração.

"Muitos desses jovens enfrentam uma série de desafios emocionais e psicológicos decorrentes de suas experiências e do ambiente em que se encontram. Ao compreender melhor suas necessidades e desafios, podemos oferecer um suporte mais eficaz e criar oportunidades para que esses adolescentes possam se recuperar e se reintegrar positivamente à sociedade”, destaca o defensor.

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