"Pipoco", falta de luz e árvores caídas: população fala do que ficou do temporal
Moradores da Capital acordaram sem luz em casa e relatam susto durante temporal
A aposentada Sandra Mara Reis, 61 anos, foi surpreendida pela força dos ventos, ontem, em Campo Grande. Depois do susto, ficaram o prejuízo e a preocupação: sem luz desde as 21h, perdeu os fracos de insulina que são usados todos os dias pela neta de 12 anos e precisam ser mantidos em refrigeração.
“A insulina a gente pega pelo SUS, eu não pago, mas eu perco, a do restante do mês já perdi”, lamentou Sandra. A falta de luz na casa do Monte Castelo é cena que se repete em outros 35 bairros de Campo Grande, por conta dos temporais que caíram na cidade a partir do período da tarde.
Pela cidade, o resultado de dois temporais era visível no asfalto. As ruas estavam cobertas pela folhagem e galhos que não resistiram aos ventos que chegaram a 76,2 km/h. Na Avenida Ricardo Brandão, um semáforo ainda funcionava, mas foi entortado e é visto de lado pelos condutores que passam no sentido centro. Outros pararam de funcionar.
De forma emergencial, Sandra pediu para o filho comprar gelo, como forma de salvar o estoque restante de insulina. “Mas não vou conseguir manter por muito tempo”, diz. O medicamento deve ser tomado diariamente pela menina, que tem diabete tipo 1.
Na Avenida Eng. Amélio Carvalho Baís, no Santo Amaro, não faltou luz, mas uma das árvores que caiu no temporal levou a fiação de telefonia para o chão. O empresário Edivaldo Vieira Santos, 53 anos, diz que os fios estão enroscados, baixos, impossibilitando o trânsito de veículos maiores. Um exemplo foi caminhão, que teve de dar ré. Para alertar os condutores, moradores amarram sacos plásticos, sinalizando o risco.
"Aqui nessa rua tem muita árvore grande, que assusta a gente", disse, explicando que o temporal derrubou vários galhos ao longo do canteiro.
Na Rua Euclides da Cunha, contador de 48 anos chegou na empresa e foi surpreendido pela grande árvore caída na esquina da Rua Espírito Santo. “Estou sem luz, meu vizinho falou que acabou desde ontem”, contou. Ele vai abrir o escritório mesmo assim, mas está de olho na bateria do celular. “Espero que a Energisa venha logo”.
Quem não ficou sem luz se assustou com a situação. A aposentada Maria da Cunha, 67 anos, ficou apreensiva com os trovões. Somente hoje descobriu a queda da árvore, perto de casa, na Rua Domingos Marques, no Vilas Boas. “Não fiquei sem luz, mas oscilou bastante”.
Na Avenida das Primaveras, no Jockey Clube, o susto foi do aposentado João Carreiro, 89 anos. Nascido e criado no bairro, já presenciou várias tempestades, alagamentos e queda de árvores. Nem por isso deixou de se surpreender com a força do vento. “Aqui, sempre que chove forte, cai galho ou árvore”.
Em Campo Grande, segundo serviço de meteorologia, foram registrados ventos de 75 km/h e 2.450 descargas elétricas.
Segundo a Energisa, concessionária de luz da Capital, 36 bairros foram afetados, mesmo que parcialmente, ficando sem luz. Em todo o Estado, foram 14.685 descargas elétricas.
Os bairros afetados são: Universitário, Jardim São Lourenço, Vila Taquaruçu, Monte Castelo, Vila Nasser, Nova Lima, Vila Piratininga, Vila Jacy, Cruzeiro, Parque Residencial Uniao, São Francisco, Vila Nova Campo Grande, Itanhangá Park, Jardim Jockey Club, Caiçara, Portal Caiobá, Jardim Autonomista, Guanandi, Tiradentes, Coophavila II, Conjunto José Abrão, Parque Dos Novos Estados, Alves Pereira, Vila Santo Antonio, Vila Planalto, Jardim Centro-Oeste, Coronel Antonino, Moreninha, Vilas Boas, Jardim Dos Estados, Vila Sobrinho, Jardim Bela Vista, Santo Amaro, Chácara Dos Poderes, Vila Carlota e Jardim Seminário.
A Energisa informou que está com equipes pela cidade para fazer os reparos.
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