Planos para resgatar rodoviária são muitos, mas não saem do papel
Apesar de não atender aos interesses dos comerciantes que ainda trabalham no Centro Comercial Condomínio Terminal do Oeste, em Campo Grande, o prefeito Gilmar Olarte (PP) já tem propostas sobre o que vai fazer com os 9% do prédio da antiga rodoviária. Duas delas é transformar o local em uma praça de alimentação, semelhante a Feira Central, ou construir um terminal de ônibus.
A declaração foi feita na segunda-feira (23) durante visita aos lojistas do Centro da Capital para falar sobre o projeto de revitalização da Rua 14 de julho. Para fazer as mudanças, a prefeitura busca um financiamento de R$ 60 milhões junto ao BID ( Banco Interamericano de Desenvolvimento).
Segundo o prefeito, deste montante, R$ 30 milhões vão servir para fazer a revitalização da antiga rodoviária, readequações na Orla Ferroviária, entre outras obras. “Temos que dar atenção à antigo terminal rodoviário, que foi muito importante para a população durante muito tempo e por onde passou muita gente. O que temos de concreto é o desejo de transformá-la em uma praça de alimentação ou em um terminal de ônibus”, explicou.
Mas, a ideia da associação de comerciantes do local é outra. No mês passado eles procuraram os vereadores na Câmara Municipal para intermediar uma nova proposta: levar secretarias da prefeitura para a localidade. De acordo com Eloysa Cury, representante da associação, o Centro Comercial poderia receber a Funsat (Fundação Social do Trabalho), a Emha (Agência Municipal de Habitação), a Fundac (Fundação Municipal de Cultura) e o setor de turismo da Sedesc (Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia, Turismo e Agronegócio). “Só queremos voltar a existir, voltarmos a gerar empregos”, comentou Eloysa.
A ideia apresentada agradou o presidente da Casa de Leis Mario Cesar (PMDB), que se comprometeu em ser um interlocutor entre o Centro Comercial e a Prefeitura. “A ideia é ótima e com certeza vou ser um defensor dela. A Câmara fez um compromisso em 2013 de lutar pela requalificação deste lugar e podem ter certeza que vamos cumprir”, mencionou.
Envolvida na causa, a vereadora Luiza Ribeira (PPS) disse que muito já foi feito até agora pela antiga rodoviária. “A antiga administração retirou o pavimento que revestia a parte de transporte rodoviário e deixou o local na poeira, depois o pavimento foi reconstruído. Depois foi retirado o canteiro da Rua Joaquim Nabuco para dar mais fluidez ao trânsito. Agora estamos pedindo a retirada das guaritas, ou seja, estamos lutando para que a prefeitura retome as áreas que são suas por direito”, destacou.
A vereadora disse que uma reunião foi realizado há 15 dias entre os parlamentares e o governador Reinaldo Azambuja (PSDB) para apresentar o problema da indefinição da prefeitura quanto ao destino da antiga rodoviária, que para ela prejudica os comerciantes. “Ele disse que tem o desejo de levar algumas secretarias do seu governo para lá, como o Detran, para dar mais conforto ao público.
Sobre a proposta do prefeito em transformar o local em uma praça de alimentação, a vereadora afirmou que para isso acontecer a gestão municipal precisa primeiro fazer uma reforma ou ceder o espaço para os 11 lancheiros que trabalham no local. “Se isso for definido, é preciso construir banheiros e deixar de usar os banheiros químicos, por que a Vigilância Sanitária não vai permitir ficar do que jeito que está lá”, informou.
“Outra proposta nossa para o prefeito é a de ceder o espaço para os lancheiros por um período de 10 anos e eles mesmo fazerem a reforma, até por que possuem condições para isso. Já tivemos junto com o Banco do Brasil e o Sebrae e ambos sinalizaram de forma positiva para ajudar estes comerciantes”, finalizou Luiza Ribeiro.
Desde a retirada dos ônibus do transporte de passageiros, a Prefeitura Municipal de Campo Grande apresenta projetos para transformar a antiga estação rodoviária, mas esbarra na falta de recursos.
Desde 2010, o município cogitou implantar no local uma central de fábricas de roupas, um novo camelódromo, uma estação para receber as vans e a transferência de órgãos públicos. As propostas foram estudadas pelos prefeitos da época, Nelsinho Trad (PMDB), Alcides Bernal (PP) e, agora, desafiam Olarte.
O principal empecilho é o custo da desapropriação do antigo terminal, já que particulares são donos da maior parte do prédio. Enquanto comerciantes lutam para continuar, movimentos tentam revitalizar o prédio com eventos culturais e manifestações.
A manutenção da situação de abandono compromete toda a região, que fica a 100 metros da Avenida Afonso Pena, a principal de Campo Grande, e a menos de 300 metros do Centro.
Por enquanto, o único projeto que deu certo foi a transferência dos vendedores de lanche do canteiro da Afonso Pena para a área ocupada pelo transporte coletivo urbano.
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