Polícia registra um caso de estupro de vulnerável por dia em Campo Grande
Somente do início deste ano até agora, a Polícia Civil registrou 44 casos de estupro a vulnerável em Campo Grande, ou seja, pelo menos um por dia. As vítimas são adolescentes, crianças e até bebês que, na maioria das vezes, são violentados pelos pais ou padrastos.
Em um caso recente, a polícia investiga o estupro uma criança de 1 ano. “São denúncias que chegam e serão investigadas, mas infelizmente a maioria se confirma e o suspeito é indiciado”, afirma o delegado Paulo Sergio Lauretto, titular da DPCA (Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente).
Conforme o Lauretto, meninos não ficam fora das estatísticas, mas meninas são a maioria das vítimas, com idades entre cinco e 13 anos. “A maior parte das denúncias vem por parte das mães, mas em alguns casos, nem elas acreditam na possibilidade de o suspeito ter abusado da filha, já que eles têm um perfil de homem trabalhador, que frequenta a igreja, só realiza atividades lícitas, um ser acima de qualquer suspeita”, revela.
Crianças menores de cinco anos também estão entre as vítimas. Um dos casos que mais chama a atenção entre os registrados recentemente é o estupro a uma bebê de um ano de idade. O registro foi feito na semana passada, dia 7.
A mãe percebeu uma alteração no comportamento e na genitália da menina, a levou à UPA (Unidade de Pronto Atendimento) da Vila Almeida, e a médica constatou o abuso.
Até agora, o pai da bebê, de 26 anos, é o principal suspeito de ter cometido o crime. A polícia ainda aguarda laudos que comprovem o estupro, e informações que indiquem o pai como autor, já que não houve flagrante.
Por conta da falta de provas, o homem não foi preso, o que ocorre em muitos dos casos. “Quando é flagrante, a prisão é imediata. E também quando conseguimos ao menos pedir a prisão preventiva. Mas em casos em que não há provas e neste, por exemplo, em que a criança não fala, a comprovação e prisão se tornam praticamente impossíveis”, explica o delegado.
Voz ao silêncio – “É um crime silencioso, que acontece dentro de um ambiente fechado, quase nunca tem testemunha e a criança não tem noção do que está se passando”, é assim que o delegado descreve o estupro a vulneráveis. Para dar voz a esse silêncio criminoso, a Dpca agora vai inaugurar uma ‘Ludoteca’.
O ambiente lúdico, com livros e brinquedos, servirá para que por meio da orientação de uma psicóloga e assistente social, as crianças encontrem outras de dizer que foram abusadas e de que forma o estupro ocorreu. “Será uma maneira dessas crianças que ainda não falam, ou tem dificuldade de se expressar, contarem como tudo aconteceu e para que possamos identificar o criminoso”, explica Lauretto.
Ainda não há data certa para a inauguração da ‘Ludoteca’, mas a previsão é de que seja nas próximas semanas.