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Capital

Polícia registra um caso de estupro de vulnerável por dia em Campo Grande

Luana Rodrigues | 15/02/2016 15:11
Delegado Paulo Sergio Lauretto, da DPCA. (Foto: Marcos Ermínio)
Delegado Paulo Sergio Lauretto, da DPCA. (Foto: Marcos Ermínio)

Somente do início deste ano até agora, a Polícia Civil registrou 44 casos de estupro a vulnerável em Campo Grande, ou seja, pelo menos um por dia. As vítimas são adolescentes, crianças e até bebês que, na maioria das vezes, são violentados pelos pais ou padrastos.

Em um caso recente, a polícia investiga o estupro uma criança de 1 ano. “São denúncias que chegam e serão investigadas, mas infelizmente a maioria se confirma e o suspeito é indiciado”, afirma o delegado Paulo Sergio Lauretto, titular da DPCA (Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente).

Conforme o Lauretto, meninos não ficam fora das estatísticas, mas meninas são a maioria das vítimas, com idades entre cinco e 13 anos. “A maior parte das denúncias vem por parte das mães, mas em alguns casos, nem elas acreditam na possibilidade de o suspeito ter abusado da filha, já que eles têm um perfil de homem trabalhador, que frequenta a igreja, só realiza atividades lícitas, um ser acima de qualquer suspeita”, revela.

Crianças menores de cinco anos também estão entre as vítimas. Um dos casos que mais chama a atenção entre os registrados recentemente é o estupro a uma bebê de um ano de idade. O registro foi feito na semana passada, dia 7.

A mãe percebeu uma alteração no comportamento e na genitália da menina, a levou à UPA (Unidade de Pronto Atendimento) da Vila Almeida, e a médica constatou o abuso.

Até agora, o pai da bebê, de 26 anos, é o principal suspeito de ter cometido o crime. A polícia ainda aguarda laudos que comprovem o estupro, e informações que indiquem o pai como autor, já que não houve flagrante.

Por conta da falta de provas, o homem não foi preso, o que ocorre em muitos dos casos. “Quando é flagrante, a prisão é imediata. E também quando conseguimos ao menos pedir a prisão preventiva. Mas em casos em que não há provas e neste, por exemplo, em que a criança não fala, a comprovação e prisão se tornam praticamente impossíveis”, explica o delegado.

Voz ao silêncio – “É um crime silencioso, que acontece dentro de um ambiente fechado, quase nunca tem testemunha e a criança não tem noção do que está se passando”, é assim que o delegado descreve o estupro a vulneráveis. Para dar voz a esse silêncio criminoso, a Dpca agora vai inaugurar uma ‘Ludoteca’.

O ambiente lúdico, com livros e brinquedos, servirá para que por meio da orientação de uma psicóloga e assistente social, as crianças encontrem outras de dizer que foram abusadas e de que forma o estupro ocorreu. “Será uma maneira dessas crianças que ainda não falam, ou tem dificuldade de se expressar, contarem como tudo aconteceu e para que possamos identificar o criminoso”, explica Lauretto.

Ainda não há data certa para a inauguração da ‘Ludoteca’, mas a previsão é de que seja nas próximas semanas.

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